Quando a Sony lançou a ZV-1, em plena pandemia, rapidamente fiquei fascinado pelo conceito, a de uma máquina adaptada para quem está a entrar no mundo da criação de conteúdos, através de vlogs.
É certo que existiam limitações, como o curto alcance focal, razão pelo qual a Sony ZV-E10 se tornou na evolução natural da compacta ZV-1. Esta, no entanto, continuava a contar com algumas limitações, limitações essas que, pelo que pude comprovar, estão devidamente eliminadas com esta nova ZV-E10 II.
Sony ZV-E10 II
Se estava à espera de uma revolução, desengane-se, é (mais) uma evolução daquilo que já conhecíamos. Mas isso não é inteiramente mau, até porque os pontos fulcrais de qualquer câmara foram devidamente melhorados.
A nível do corpo, este mantém-se praticamente inalterado, tirando o facto de agora permitir a utilização da bateria NP-FZ100, bem maior que a FW50 usada na sua antecessora, o que por sua vez garante um aumento significativo de autonomia (de 125 para 195 minutos).
A sapata digital continua presente, para tirar partido do universo de acessórios existente no mercado, bem como a localização central do microfone de três cápsulas com direccionalidade selecionável, e corta vento (dead cat) incluído separadamente.
Sensor para vídeo
Nas suas entradas, a grande novidade é o novo sensor BSI (retroiluminado) CMOS Exmor R com 26 milhões de pixéis, sensor esse que está presente igualmente na já referida Alpha 6700, bem como na extraordinária FX-30.
Em termos de vídeo, este sensor destaca-se por permitir a captação de vídeo de 10-bit, resolução máxima de 6K a 30 fps e 5.6K a 60 fps, o que por sua vez permite, por sobreamostragem, garantir maior detalhe quando o vídeo é gravado em resolução 4K.
Infelizmente não existe estabilização óptica de imagem, pelo que o sistema SteadyShot da Sony aplica um recorte de 1.33x da imagem para criar essa estabilização. Isso faz com que a distância focal diminua, pelo que deverá ter esse cálculo em conta na escolha da objectiva a usar (usar uma objectiva a 16 mm equivale a gravar 32 mm).
Processamento de vídeo
Para lidar com as reais capacidades deste sensor, a Sony dotou esta ZV-E10 II do mais avançado processador de imagem BIONZ XR. Tudo isto garante a esta nova máquina a captação de vídeo com a definição Cinematic Vlog para a captação de vídeo com um formato cinematográfico.
Claro que estão disponíveis outras definições e modos, como os Creative Looks para um estilo mais arrojado, ou os mais tradicionais modos de cinema, como o S-Cinetone, que realça os tons de pele, ou os quatro modos “Moods”, que realçam as cores.
Este processador BIONZ XR permite igualmente reforçar o alcance dinâmico do sensor e a sua sensibilidade, ao garantir um baixo ruído dentro de uma gama de sensibilidade ISO entre os 100 e 32.000.
A focagem automática (AF) foi outro ponto fortemente melhorado, estando agora disponível um sistema de AF com detecção de fases com 759 pontos de plano focal, capazes de identificar olhos de pessoas, animais e aves, com seguimento em tempo real.
Controlo e interface
Uma vez que os botões disponíveis e a sua colocação são idênticos aos existentes na ZV-E10, quem pensar em migrar deste modelo para a nova ZV-E10 II poderá ficar descansado que o seu manuseamento será idêntico.
O que mudou, no entanto, foi a interface do sistema, sendo o ecrã LCD oscilante, que mantém a dimensão, mas viu a sua resolução subir ligeiramente, permite agora uma navegação mais intuitiva usando o toque.
Curiosamente a ZV-E10 II é a primeira câmara da Sony que, quando rodar o ecrã LCD, a interface roda também, permitindo desta forma que a mesma se adapte facilmente caso pretenda captar vídeo em formato vertical.
Conectividade
Com todas as portas físicas localizadas no mesmo lado da ZV-E10 II, encontrará por detrás de pequenas portas estanques, uma ligação combinada (jack de 3.5 mm) para auscultadores e microfone externo, uma ligação USB-C de 5 Gbps, um leitor de cartões SD UHS II e uma saída Micro HDMI.
A ligação USB-C é fundamental para carregar a bateria da câmara, sendo essencial tirar partido de um carregador de smartphone que já disponha com esta ligação, já que a Sony não incluiu nenhum carregador. Esta ligação pode inclusive ser utilizada para ligar um Powerbank, garantindo assim um funcionamento contínuo da câmara.
Conclusão
Criada quase que exclusivamente para o vídeo, a ZV-E10 II revelou ser uma câmara fotográfica muito competente, sendo capaz de captar excelentes fotografias, quase que uma Alpha 6700 em promoção. Mas é, efectivamente, no vídeo em que esta Sony mais se destaca, sendo a mesma uma excelente, e significativa, evolução da sua antecessora.
Para além da excelente qualidade, há-que dar destaque às funcionalidades e capacidades acrescidas. É uma solução relativamente acessível para quem procura uma câmara de estúdio, mas existem limitações caso a queira usar para vlogs no exterior, situações onde a ZV-1 II revelou estar mais preparada.
Destaque para o brilhante sistema de focagem automático, extremamente rápido e eficaz, bem como a nova interface que facilita, imenso, o controlo total das capacidades desta câmara.
Não posso deixar escapar dois detalhes importantes, o primeiro a nova objectiva kit, a PZ 16-50mm f/3.5-5.6 OSS II, que embora tenha, em teoria, as mesmas características técnicas que a sua antecessora, revelou ser mais robusta, melhor imagem e por permitir, finalmente, manter o foco estabilizado enquanto faz zoom.
O segundo detalhe é o receio do sobreaquecimento desta máquina. O facto de permitir captar vídeo em 4K a 60 fps poderia levantar algumas dúvidas quanto a este ponto, mas essas dúvidas foram eliminadas após experimentação.
Utilizando as definições no máximo, e a câmara ligada a um carregador externo, para garantir que esse não era o factor limitador, a ZV-E10 II gravou vídeo, com as definições no máximo (4K 60 fps a 200M 4:2:2 10-bit) até esgotar os dois cartões de 128 GB utilizados, de forma seguida.
Este teste foi realizado num ambiente com temperatura controlada (em casa, com 24ºC), e embora a mesma tenha aquecido ligeiramente, nunca revelou uma mensagem de erro, nem falhas na gravação efectuada.
Naturalmente que esta situação poderá ser diferente no exterior, com luz solar directa, mas em situações indoor, com iluminação e temperatura ambiente controlada, não terá que se preocupar com esta questão.
Preço
1100€ (corpo) | 1200€ (kit c/16-50mm)
OBS: Esta câmara, e objectiva, foram gentilmente cedidas pela Sony Portugal
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