No passado dia 10 de Outubro, a Intel revelou a nova família de processadores Core, que receberam agora uma nova designação, Intel Core Ultra 200.
Chegou a altura de lhe darmos a conhecer o modelo topo de gama, numa análise exclusiva para o mercado português, algo só possível graças ao apoio da Asus Portugal, e da disponibilização de um Press Kit único.
Intel Core Ultra 200K
Numa fase inicial, destinada a apenas os computadores de secretária (Desktop), os modelos lançados são cinco, os Intel Core Ultra 200K, em que todos eles partilham o facto de serem desbloqueados, ou seja, cada um deles ocupa a posição de topo dentro de cada gama.
Core Ultra 9 285K | Core Ultra 7 265K / KF | Core Ultra 5 245K / KF | |
Núcleos / Threads | 8 + 16 / 24 | 8 + 12 / 24 | 6 + 8 / 14 |
L3 Cache / L2 Cache | 36MB / 40MB | 30MB / 36MB | 24MB / 26MB |
Thermal Velocity Boost | 5.7 GHz | 5.5 GHz | 5.2 GHz |
Frequência máxima Núcleos P | 5.6 GHz | 5.4 GHz | 5.2 GHz |
Frequência base Núcleos P | 3.7 GHz | 3.9 GHz | 4.2 GHz |
Frequência máxima Núcleos E | 4.6 GHz | 4.6 GHz | 4.6 GHz |
Frequência base Núcleos E | 3.2 GHz | 3.3 GHz | 3.6 GHz |
Gráfica Integrada | Sim | Sim / Não | Sim / Não |
Energia padrão (TDP) | 125W | 125W | 125W |
Energia máxima | 250W | 250W | 159W |
Porém, ao contrário das anteriores gerações, estes novos processadores, com nome de código Arrow Lake, não são uma mera evolução dos modelos já existentes, mas sim algo criado quase de raiz, embora existam semelhanças na sua arquitectura com as anteriores.
Arrow Lake
Para este CPU (processador), a Intel recorreu a uma estrutura modular, o que acaba por o tornar numa espécie de SoC (System-on-Chip), já que reúne vários módulos num só chip. Apesar dessa estrutura, é o CPU o elemento chave deste novo chip da Intel, e aquele que maiores novidades apresenta.
Logo para começar temos o elemento surpreesa, o facto de ser um processador que foi somente desenhado pela Intel, tendo o seu fabrico sido da responsabilidade da TSMC, que utilizou o avançado processo de fabrico de 3 nanómetros, um processo mais evoluído até que o N4X de 5 nanómetros utilizado para o fabrico dos rivais AMD Ryzen 9000 de arquitectura Zen 5.
Cada CPU Arrow Lake volta a usar dois tipos de núcleos específicos, um total de 8 núcleos de alto desempenho (núcleos P), designados de Lion Cove, e até 16 núcleos de elevada eficiência energética (núcleos E), designados de Skymont.
Uma alteração significativa é o facto de a Intel ter abandonou a tecnologia Hyper Threading (SMT), ou seja, deixa de haver a tecnologia que foi estreada nos velhinhos Pentium 4 de 2002 (Northwood) que permitia a realização de processar duas instruções por ciclo.
Curiosamente, a remoção desta tecnologia, bem como as optimizações no desenho, e o processo de fabrico mais evoluído, permitiram, segundo a Intel garantir o mesmo desempenho que os anteriores núcleos Raptor Cove (dos Intel Core de 14ª geração Raptor Lake) mas reduzindo o consumo energético para metade.
Segundo a Intel, os novos núcleos Lion Cove oferecem uma melhoria de IPC (Instruções por Ciclo) de 9% face ao seu antecessor, mas são os núcleos Skymont (núcleos E) que oferecem a melhoria mais significativa, com um aumento do IPC em 32% face aos antigos núcleos Gracemont.
Vida além do CPU
Tal como já foi dito, estes novos processadores utilizam uma estrutura mais similar a um SoC, por recorrerem a uma estrutura modular. Assim sendo, os novos Intel Core Ultra 200 integram módulos como um NPU (Unidade de Processamento Neural) e a controladora gráfica integrada (iGPU), entre outros.
Esta solução recorre à tecnologia de encapsulamento Forevor Advanced 3D Packaging, que reúne todos estes módulos num só chip, daí à primeira vista parecer tratar-se de um processador tradicional. Este processo de encapsulamento já foi realizado na própria Intel, ou seja, o processo final no fabrico destes chips realiza-se na própria Intel.
Relativamente aos módulos referidos, a iGPU destaca-se por usar a nova arquitectura Xe-LPG, com motores vectoriais Xe em quatro núcleos Xe com um total de 4 MB de memória cache L2, quatro unidades de Ray Tracing e aceleradores DP4a de instruções de IA. Tudo isto garante um poder de processamento de 8 TOPs (Triliões de operações por segundo).
Já o módulo NPU, este utiliza uma arquitectura de terceira geração, sendo o primeiro da Intel a ser disponibilizado para um processador desktop destinado a entusiastas. Capaz de processar até 13 TOPs, este, quando associado ao CPU e ao iGPU, garantem um poder de processamento total de 36 TOPs.
Plataforma Intel Chipset 800
No que toca à plataforma, que neste caso utilizará motherboards equipadas com chipset Intel Z890, estas utilizam uma estrutura muito similar a aquela já utilizada pela rival AMD na sua plataforma AM5.
Basicamente é o CPU o responsável pela gestão das principais ligações, nomeadamente na gestão das memórias (DDR5 até 6400 MHz), ligação PCI-Express (PCIe) 5.0 x16 para a placa gráfica, ligação PCIe 5.0 x4 e PCIe 4.0 x4 para módulos SSD M.2 NVMe, saídas de vídeo DisplayPort 2.1, HDMI 2.1 e duas Thunderbolt 4, ligação esta que é fisicamente idêntica ao USB 4.
Já o resto das ligações ficam a cargo do chipset, que comunica com o CPU através de uma DMI (Direct Media Interface) equivalente a oito pistas PCIe 4.0, permite assim lidar com uma controladora WiFi 7 e Bluetooth 5.4, áudio de alta resolução, controladora Ethernet Lan 2.5 GbE, ligações USB 3.2 de 20 Gbps, 10 Gbps e 5 Gbps, bem como de até 8 portas SATA 3.0 de 6 Gbps.
Para este teste, utilizámos a novíssima (e cara: 878.90€) Asus ROG Maximus Z890 Hero, uma motherboard de topo da Asus, que oferece tudo aquilo (e muito mais) pode desejar numa motherboard.
Conta com um circuito de alimentação de 22 (110A) +1 (90A) + 2 (90A) + 2 (80A) fases, componentes electrónicos de topo, grandes dissipadores com heatpipes, aceita até 192 GB de memória DDR5 até 9200 MHz (com overclock), seis encaixes M.2 (2x PCIe 5.0 e 4x PCIe 4.0), 4 portas SATA 6 Gbps, Ethernet Lan 5 Gb e 2.5 Gb, WiFi 7 e Bluetooth 5.4.
Sistema de testes
Graças ao apoio da Asus Portugal, obtivemos acesso a um Press Kit composto por uma motherboard Asus ROG Maximus Z890 Hero, um processador Intel Core Ultra 9 285K e um sistema de watercooling ROG Ryujin III 360 ARGB Extreme, para um arrefecimento mais eficaz deste processador.
Para finalizar esta configuração, utilizámos dois módulos de 16 GB de memória DDR5 a 6000 MHz (Corsair Dominator Platinum RGB DDR5), tendo as mesmas sido colocadas a 6400 MHz CL32, a frequência recomendada pela Intel, um módulo SSD Kioxia Exceria Pro de 2 TB e uma placa gráfica Nvidia GeForce RTX 4070 Ti de 16 GB.
Em termos de software, actualizámos a BIOS desta motherboard para a mais recente 0805, criámos uma instalação nova do Windows 11 com a actualização 24H2, e aplicámos os drivers mais recentes da Nvidia, os GeForce Game Ready Drivers 566.03 para a placa gráfica.
Os testes efectuados foram o CineBench R23, AIDA64, Corona 1.3, GeekBench 6.3, 3DMark Time Spy, e os jogos FarCry 6 a 1080p em modo Ultra, Shadow of the Tomb Raider a 1080p Highest e F1 22 a 1080p em modo High na pista de Barcelona.
Benchmarks
O teste mais aguardado era mesmo o CineBench R23, o teste perfeito para determinar os avanços em termos de melhorias de IPC, tanto com um só núcleo como com todos os núcleos, e verificar se existe impacto na remoção da tecnologia Hyper Threading.
O resultado foi esclarecedor: 2366 pontos para um só núcleo representa um valor impressionante, superior a qualquer resultado obtido até hoje, seja com um Intel Core i9-14900K, como com um AMD Ryzen 9 9950X. O mesmo pode ser dito do resultado com todos os núcleos, com 42802 pontos registados. É, de longe, o processador mais rápido que testámos neste teste.
O mesmo pode ser dito no GeekBench 6.3, com os 3299 pontos no teste de um só núcleo, e 21751 pontos no teste com todos os núcleos a baterem qualquer resultado obtido até hoje.
No caso da renderização no Corona 1.3, os 39 segundos não são um resultado assim tão impressionante. É, indiscutívelmente o melhor resultado que obtivemos num processador Intel, mas ainda assim aquém dos valores obtidos pelos processadores AMD de topo, como os Ryzen 9 7950X e Ryzen 9 9950X.
No que toca à memória, aplicar estas Corsair DDR5 a 6400 MHz, algo que foi extremamente fácil de fazer, sem precisarmos de elevar a voltagem de alimentação. A partir daí, obtivemos no teste de largura de banda de memórias no AIDA64 quase 100.000 MB/s de velocidade de leitura, 87821 MB/s de escrita, 92087 MB/s de cópia e 88 nanosegundos de latência.
Aqui no 3DMark, os valores registados não são extraordinários pelo simples facto de uma GeForce RTX 4070 Ti, embora seja a nossa melhor placa gráfica, não permitir explorar todo o potencial deste processador. São, ainda assim, excelentes resultados para o curriculo deste Intel Core Ultra 9 285K.
No que toca aos jogos, no FarCry 6, um jogo tradicionalmente dominado pelos processadores AMD devido a optimizações no motor gráfico da Ubisoft, este processador Intel obteve 163 fps de taxa de fotogramas por segundo médio, tendo sido registado um máximo de 222 fps, e um mínimo de 126 fps.
No F1 22, utilizando a pista do GP de Barcelona, obtivemos 346 fps de média, tendo sido ainda registados uns impressionantes 393 fps de taxa máxima, e 257 fps de taxa mínima.
Já neste clássico jogo de Tomb Raider, que continua a ser uma montra tecnológica perfeita para testar hardware, registámos uma média de 252 fps.
Temperaturas e conclusão
Apesar de a Intel afirmar que estes novos processadores, graças ao novo processo de fabrico, prometem ser tão poderosos quanto os seus antecessores, mas consumirem apenas metade da energia eléctrica, na realidade o caso não é bem assim. Efectivamente o consumo energético baixou, mas não estamos a falar de processadores “poupadinhos”.
Utilizando o CineBench R23 para correr o teste com todos os núcleos durante meia hora, registámos um pico de consumo energético de 244W, bastante acima dos 125W anunciados como TDP pela Intel. Em termos de temperatura, o valor máximo registado foi de 92ºC, um valor, embora seguro, mas mais alto que esperariamos, especialmente tendo em conta a eficiência do sistema de watercooling utilizado.
Curiosamente, em termos de frequências máximas, durante este teste verificámos que dois núcleos P atingiram os 5.7 GHz, cinco a 5.5 GHz e um deles (núcleo #10) nunca excedeu os 5.4 GHz. No que toca aos núcleos E, todos eles atingiram os 4.6 GHz, que é o valor que a Intel referiu originalmente.
Com tudo isto, o que podemos concluir sobre esta nova geração de processadores da Intel? É no global um excelente processador, bem melhor do que esperariamos na generalidade, com uma melhoria significativa em termos de IPC, mas esperávamos melhor em termos de jogos.
Neste campo a própria Intel reconhece existirem limitações, limitações essas que serão ainda mais evidentes assim que a AMD lançar os novos Ryzen 9000X3D, como o Ryzen 7 9800X3D, que deverá ser apresentado amanhã, a 25 de Outubro. A seu favor a Intel tem o factor preço, sendo este Core Ultra 9 285K bem mais acessível que o actual topo de gama da AMD, o Ryzen 9 9950X.
Agora, tudo dependerá daquilo que a AMD irá apresentar amanhã. Se o Ryzen 7 9800X3D conseguirá, efectivamente, obter o título de melhor processador de gaming do mercado, então a Intel terá dificuldades em vender estes novos Arrow Lake ao preço anunciado.
Teremos que esperar até amanhã mas, para já, a Intel fez um excelente trabalho, e esperemos que seja o início de uma nova fase para a Intel voltar a ser competitiva. O mercado precisa disso.
Preço
689,90€ (IVA incluído)
OBS: Todo este Press Kit, composto pelo Processador, Motherboard e sistema de Watercooling, foi gentilmente cedido pela Asus Portugal
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