Análise Bose QuietComfort Ultra 2

Os Bose QuietComfort Ultra 2 chegaram ao mercado português como a segunda geração dos já aclamados auriculares com cancelamento de ruído da marca norte-americana.

À primeira vista parecem iguais, mas, como só poderia, escondem melhorias subtis que fazem a diferença: carregamento sem fios, personalização sonora mais afinada, áudio imersivo melhorado e cancelamento de ruído ainda mais eficaz. E o que percebi? Que continuam a ser o “alvo a abater”.

Os equipamentos Bose são quase sinónimos de cancelamento de ruído, pois desde que a marca inventou esta tecnologia, há mais de duas décadas, nenhuma outra conseguiu tantas vitórias e saber acumuladas. A Sony e a Apple, entre outras como os Huawei e, acima de tudo, a Bowers and Wilkins, têm dado luta com produtos extraordinários, mas geração após geração a Bose mantém a coroa. E estes novos QC Ultra 2 são a prova de que a evolução pode ser subtil sem deixar de ser relevante.

Bose QuietComfort Ultra 2: evolução sem revolução

A primeira versão destes auriculares já era praticamente irrepreensível: ajuste ergonómico exemplar, graves profundos, médios bem definidos, microfones direccionados para a boca (um piscar de olho à Apple com os AirPods Pro) e cancelamento de ruído que deixava os concorrentes a alguma distância. Mas todos eles souberam encarar esta diferença como uma batalha para vencer e temos visto, aqui e ali, produtos exemplares de cada vez mais marcas.

Portanto, estava na hora para a rainha responder a todas as novidades. Mas em vez de brindar o mercado com um produto totalmente disruptivo, achou por bem que a nova geração não mexesse na fórmula de sucesso mas que lhe acrescentasse camadas de conveniência e inteligência.

Com estes novos QC Ultra 2, há finalmente carregamento sem fios no estojo tipo concha, que continua compacto mas robusto. Há também uma protecção discreta contra a inevitável acumulação de cera o que é bem mais importante do que parece.

Por outro lado, a aplicação Bose dá mais liberdade sendo agora possível desactivar os controlos tácteis, algo útil em actividades como corrida ou ginásio, quando um simples toque acidental pode estragar a experiência.

O design mantém-se conservador, sem aventuras estilísticas. E ainda bem. São auriculares pensados para o dia-a-dia, não para passarem por jóias ou acessórios futuristas. São discretos, confortáveis e sólidos, mesmo que a versão que a marca nos deu para análise seja mais irreverente e que dê mais nas vistas, principalmente ao segmento brilhante que tem a marca escrita.

Tecnologia invisível mas poderosa

A Bose tem um talento especial: esconder tecnologia de ponta atrás de uma simplicidade quase zen. O utilizador não tem de perceber o que acontece nos bastidores, mas sente o resultado.

O peso aumentou ligeiramente, cerca de um grama, mas continua irrelevante no conforto. A autonomia mantém-se: seis horas de reprodução com cancelamento activo e até vinte e quatro horas com o estojo. Os drivers são os mesmos da geração anterior, mas a afinação foi ajustada e o processamento de sinal está mais refinado.

Logo ao colocarmos os auriculares, ouvimos o som de boas-vindas característico. Só que não é apenas uma saudação: é também um processo de calibração. Os microfones analisam o canal auditivo do utilizador e ajustam automaticamente o perfil sonoro e o cancelamento de ruído à forma única de cada ouvido. É “engenharia invisível”, mas decisiva, uma tecnologia extraordinária implementada sem que os utilizadores reparem.

O sistema ActiveSense de cancelamento adaptativo não só elimina ruídos de baixa frequência (ventoinhas, motores, trânsito) como agora lida melhor com sons mais difíceis, como teclados ou aspiradores (principalmente os de folhas na rua, pois é um problema que me acontece semanalmente e me tira mesmo do sério). Posso apenas dizer que, em termos de auriculares, poucos modelos chegam a este nível.

Controlos

Para quem é novo no mundo dos auriculares sem fios ou vem de um par mais básico, a quantidade de personalização disponível nos mais recentes auriculares Bose pode parecer intimidante. De entre os vários ajustes “modernos tradicionais” como equalização e modos de cancelamento / transparência, os QC Ultra II também permitem afinar dois tipos de upscaling 3D imersivo (um para quando está parado, outro para movimento), entre outras definições fantásticas que aproveitam processadores modernos e tecnologia de machine learning.

De resto, os normais toques para as várias funções que são já comuns neste segmento de equipamentos.

Qualidade sonora com assinatura Bose

O som continua a ser tipicamente Bose: envolvente, com graves poderosos mas sem esmagar as outras frequências. O novo processamento garante uma clareza maior, refinando detalhes em gravações complexas sem artificialismos.

Há modos de áudio imersivo em 3D, diferenciados para quando estamos parados (“Still”) ou em movimento (“Motion”). São truques tecnológicos que usam machine learning e algoritmos modernos para recriar uma sensação de espaço e palco sonoro realista. Não é gimmick, resulta mesmo.

Por exemplo, ao ouvir a voz grave e profunda de Thomas Feiner consigo apreciar até a própria respiração entre notas, algoi não muito comum nas suas gravações, geralmente muito expressivas e cheias de silhuetas e layers.

Já quando passo para uma musiquinha Pop, como uma que não se sai da cabeça de Minova “I Miss you so”, tudo é directo, firme, redondo, com guitarras e teclados a encherem o espaço de forma natural.

Já em gravações mais antigas e menos polidas, como “Hot Sun” de Cleveland Francis, há uma nova riqueza tonal: a crueza da produção “caseira” ganha corpo e dignidade.

Não comprimem excessivamente o conteúdo como alguns auriculares modernos – não tornam sons baixos demasiado altos, são suficientemente bons para os revelar no volume correcto.

Experiência diária imbatível

Na vida real, os Bose QC Ultra 2 provam-se mais úteis que quase todos os rivais. São ideais para viagens longas, mas também para tarefas quotidianas. Trabalhar em casa com os miados do gato (está velhote e muito mouco), ouvir os cães dos vizinhos ou enfrentar o terrível barulho de um supermercado.

A transparência funciona mesmo muito bem, permitindo ouvir quando alguém nos chama ou quando precisamos de interagir com alguém. Em chamadas, os oito microfones e a inteligência artificial fazem magia: a voz chega clara ao interlocutor, enquanto o ruído de fundo é quase apagado. Este é um dos trunfos destes QC Ultra 2 porque, finalmente, consigo ser ouvido com qualidade do outro lado. E, sim, tenho tido bastantes más experiências com modelos que até dizem ser bons neste enquadramento. Só que não o são.

Concorrentes existem, claro. Os Sony WF-1000XM5 soam ligeiramente melhores em certos géneros musicais e têm um estojo mais pequeno. Os AirPods Pro 2 continuam a integrar-se melhor no ecossistema Apple. Mas quando falamos de cancelamento de ruído puro e duro, os Bose QuietComfort Ultra 2 ainda estão um degrau acima.

Resumindo

Os Bose QuietComfort Ultra 2 não reinventam a roda, mas também não precisam. Trazem melhorias práticas como o carregamento sem fios, afinam a já excelente qualidade sonora e oferecem um cancelamento de ruído que continua a ser referência absoluta no mercado.

É um produto premium, com preço a condizer, mas cumpre o que promete: silêncio quase absoluto, som rico e chamadas cristalinas. Para quem valoriza tranquilidade em qualquer ambiente, são os auriculares perfeitos.

Preço Bose QuietComfort Ultra 2

329€