Depois de um hiato de três anos, a gama de topo da OPPO está de regresso a Portugal, com a chegada do tão aguardado Find X8 Pro. Este, no entanto, poderá nem ser o modelo de topo da marca, mas já lá vamos. Por agora vamos conhecer este brilhante dispositivo, o que tem para oferecer e se o preço é adequado face a tudo o que oferece.

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Gama Find X

Recordo-me perfeitamente de, em pleno Mobile World Congress, em Barcelona, de visitar o stand de uma marca, na altura, praticamente desconhecida na Europa, e conhecer aquele que seria o primeiro terminal de topo da OPPO, o novíssimo Find X em 2018.

Este dispositivo era extremamente elegante, e tinha a particularidade de ter um mecanismo que escondia o módulo de câmaras, tanto o sensor frontal como os traseiros, permitindo assim oferecer uma área útil de ecrã imbatível, sem a habitual interrupção com a câmara frontal, tal como acontecia com todos os modelos rivais, que na altura usavam entalhes ou soluções similares.

Mais tarde experimentei o Find X2 com o famoso acabamento em pele vegan. Deslumbrante, rapidíssimo, e com um ecrã extraordinário. Porém, continua a estar indisponível em Portugal, situação que só mudaria com a chegada da geração seguinte, com o OPPO Find X3 Pro. Sim, vou-me repetir, era deslumbrante. Aliás, foi, para mim, o smartphone mais bonito do ano. Só é pena a facilidade com que acumulava dedadas.

Entretanto não houve Find X4 porque o quatro é considerado um número de azar para a cultura chinesa, tendo o modelo seguinte sido o Find X5 Pro, o primeiro smartphone a incluir um co-processador de imagem dedicado (o MariSilicon X) e a estrear a parceria com a histórica Hasselblad, parceria que perdura até hoje.

Find X6

Poderia falar da gama Find X6, gama essa que me é muito particular, pois é o meu smartphone pessoal, tendo este sido adquirido na China, visto nunca ter sido disponibilizado globalmente, tal como na geração seguinte, a gama Find X7.

Find X8 Pro

Com a chegada da actual geração, a OPPO decidiu, e bem, lançar uma versão global do Find X8 Pro. Infelizmente é o único modelo desta família que será disponibilizado fora da China, já que para o mercado interno, a OPPO disponibiliza do Find X8, ligeiramente mais compacto (e bastante mais acessível), assim como se prepara para lançar o Find X8 Ultra.

Bom, chega desta pequena aula de história, que serviu para dar a entender que, por estranho que pareça, a OPPO não me é uma marca desconhecida, bem pelo contrário, e sempre defendi, junto dos responsáveis da marca, a comercializarem esta gama em Portugal. Felizmente com o Find X8 Pro, não foi preciso exercer essa pressão.

Quanto ao terminal em si, o que posso dizer? Visualmente mantém a linha de imagem que a OPPO utiliza há duas gerações (desde o Find X6), com um acabamento de linhas elegantes, e um módulo de câmaras traseiras de dimensão considerável, com uma estrutura em formato arredondado.

Disponível em dois acabamentos distintos, em preto e em branco, a versão branca destaca-se pelo acabamento único, que tenta simular a textura de uma pedra mármore, algo que já é apanágio da marca, que sempre exerceu um esforço adicional para diferenciar os seus dispositivos. O mesmo cuidado pode ser visto também na gama Reno.

Quase quase quase topo

Perdoem-me o paralelismo, mas se em 2024 a OPPO teve no seu Find X7 Ultra um equipamento verdadeiramente de topo, solução similar à da Xiaomi com os seus modelos Ultra, este Find X8 Pro acaba por não ser um sucessor directo.

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Não estou com isto a dizer que as características técnicas sejam más, até porque estamos a falar num equipamento com uma qualidade de construção irrepreensível com certificação IP69, um enorme ecrã de 6.78 polegadas LTPO AMOLED de 120 Hz, Dolby Vision capaz de um brilho de pico de 4500 nits.

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Mas… não temos o SoC (System-on-Chip) mais rápido do momento, o Qualcomm Snapdragon 8 Elite, muito embora a competência, desempenho e eficácia do MediaTek Dimensity 9400 não seja aqui colocada em causa, e a opção escolhida para as câmaras traseiras é praticamente a mesma utilizada no anterior Find X7 Pro, e não a solução aplicada no Find X7 Ultra.

Ou seja, o sensor principal é um “mero” Sony LYIA LYT-808, em vez do superior LYT-900 de uma polegada, embora ambos mantenham a resolução de 50 milhões de pixéis. Situação similar encontra-se no sensor da ultra grande angular, com o sensor Sony LYT-600 a ser substituído por um banal Samsung ISOCELL JN5, embora também com 50 MP.

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Curiosamente esse sensor da Sony LYT-600 foi aplicado no primeiro sensor de telefoto, que corresponde a um zoom óptico de 3x, sendo o quarto sensor, correspondente a um zoom óptico de 6x, composto por outro sensor Sony, o IMX858, este sim idêntico ao aplicado no Find X7 Ultra.

De resto falta referir o excelente trabalho que a OPPO tem efectuado no desenvolvimento da interface do sistema operativo, o ColorOS, que está agora na sua versão 15, à semelhança da base Android, também ela na 15ª versão, e no trabalho efectuado na bateria.

Estamos perante uma bateria equipada com o novíssimo ânodo de silício-carbono, que além do incremento da capacidade para uns impressionates 5910 mAh, tem também como vantagem a maior resistência a baixas temperaturas. A autonomia da bateria tem tudo para ser uma referência do mercado, ao qual se junta o rapidíssimo sistema de carregamento rápido SUPERVOOC de 80W.

Desempenho de excelência

Apesar da OPPO não ter dotado este terminal de um SoC de topo da Qualcomm, não nos podemos queixar das capacidades deste Dimensity 9400. Estamos a falar num SoC com processador composto por um núcleo Cortex-X925 de 3.63 GHz, três números Cortex-X4 de 3.3 GHz e quatro núcleos Cortex-A720 de 2.4 GHz.

Este SoC incluí ainda um GPU Immortalis-G925, que embora seja muito competente, é significativamente inferior ao GPU Adreno 830 que a Qualcomm utiliza no seu SoC de última geração. Ainda assim, o desempenho registado em benchmark foi extraordinário, e significativamente superior ao último smartphone de topo que testei, um Xiaomi 14 Ultra, que mesmo estando equipado com um Snapdragon 8 Gen3, já era impressionante.

Para os mais interessados, estamos a falar em números como 2 717 037 pontos no Antutu 10, 2848 e 8789 pontos para os testes de Single Core e Multi Core do GeekBench 6, 17182 pontos no PCMark Work 3.0, 23517 pontos no 3DMark Wild Life Unlimited, 6527 pontos no 3DMark Wild Life Extreme e 11400 pontos no 3DMark Solar Ray.

Onde este OPPO Find X8 Pro também surpreendeu foi no teste de autonomia, com o PCMark Work 3.0 Battery Life a registar 19 horas e 8 minutos.

BenchmarksOPPO Find X8 Pro
GeekBench 6 (Single / Multi)2848 / 8789
Antutu 102.717.037
3DMark Wild Life (Unlimited / Extreme)23517 / 6527
3DMark Solar Ray11.400
PCMark Work 3.017182
PCMark Work 3.0 Battery Life19h 03m

Esperava mais…

Espero que os adeptos da marca, assim como os responsáveis da mesma, mas esperava mais. Já expliquei que, efectivamente, a OPPO optou por não usar uma configuração verdadeiramente de topo, como a que podiamos encontrar no Find X7 Ultra, optando antes por uma solução mais conservadora.

Não quero com isto dizer que os resultados sejam maus, simplesmente esperava mais, e isto é algo importante para quem tem um OPPO Find X6 para uso quotidiano, e estava a considerar adquirir um Find X8 Pro para mim mesmo, e essa ideia, depois deste teste, dissipou-se.

Em circunstâncias normais, o sensor principal do Find X8 Pro é excelente, com imensos detalhes, sem sinal de ruído, uma exposição perfeita, um alcance dinâmico óptimo e um equilíbrio de cores muito natural, sem precisar de abusar na saturação.

O mesmo pode ser dito da ultra grande angular, assim como dos dois sensores da telefoto, em particular o que corresponde a um zoom óptico de 3x, com o já referido sensor Sony LYT-600. O verdadeiro problema foi quando as condições luminosas se deterioraram.

Nesse caso, o sensor principal e o sensor da ultra grande angular revelaram ser bastante competentes, mas perderam parte do brilhantismo que tinham demonstrado anteriormente em condições de luminosidade ideal. Estranhamente o sensor que mais me surpreendeu, pela positiva, foi o da telefoto de zoom óptico de 3x, sendo este tão competente que a própria OPPO lhe atribuiu dupla funcionalidade.

O que quero com isto dizer é que, em certas ocasiões mais exigentes, onde o sensor telefoto de zoom 6x demonstra maiores dificuldades, é o Sony LYT-600 quem, aplicando zoom digital, acaba por desempenhar esse papel, garantindo resultados superiores que o sensor “nativo” conseguiria obter.

Conclusão

 Resumindo e concluindo, é o novo Find X8 Pro um digno sucessor de todos os modelos que referi anteriormente, para criar um contexto histórico sobre esta família de smartphones da OPPO? Sim e não.

O sim é porque ele é, efectivamente, um smartphone que tem um design e qualidade de construção de topo, porque tem um desempenho de topo e uma bateria que está a estabelecer novos recordes.

O não é porque esperava mais dele. Visualmente podia ser mais distinto, o carregamento poderia ser de 100 Watts (80W já faz o meu Find X6 com dois anos), e esperava mais das câmaras como um todo. Acho que a não inclusão do sensor Sony LYT-900 para sensor principal um erro de casting, em especial se tivermos em conta o preço deste OPPO Find X8 Pro.

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Não quero com isto dizer que os 1299 euros pedidos sejam um valor inadequado, especialmente se tivermos em conta que está ao nível do Honor Magic7 Pro, o seu rival mais directo (em conjunto com o VIVO X200 Pro), assim como outros pesos pesados do mercado, como o Samsung Galaxy S25 Plus e Xiaomi 15 5G.

Mas a OPPO optou por atalhos que deveriam repercutir-se no preço final, como o SoC da MediaTek em vez do da Qualcomm e os sensores escolhidos. 1099 euros seria um valor mais justo, no meu entender. E, por tudo isto, lamento, mas não vou trocar o meu OPPO Find X6, uma vez que as novidades encontradas não são suficientemente significativas para o avultado investimento.

Preço

1299,99€ (IVA Incluído)

OBS: Este smartphone foi gentilmente cedida pela OPPO Portugal

Gustavo Dias

Para quem, aos 10 anos já dava assistência aos computadores da escola que frequentava, não é difícil perceber que as tecnologias são uma das suas grandes paixões. Os mais de 22 anos de experiência no mercado de publicações tecnológicas permitiram assistir a uma evolução extraordinária, que não se vai ficar por aqui.

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