Pois que me apressei a fazer esta análise ao Google Pixel 7a. Se no ano passado estive por um fio para comprar um Pixel 6a, desta vez não houve hipótese e decidi-me por um bem recente. E estas são as impressões após um mês de utilização.
Google Pixel 7a, o smartphone que melhora a cada dia
Quem está a ler já sabe de cor as especificações, pois tem interesse neste gama média que está bem cotado no mercado e cujo preço não provoca ataques cardíacos. O Google Pixel 7a é um smartphone de gama média, pensado para quem só pretende gastar meia centena de euros e que procura um equipamento honesto, fiável e que dure alguns anos.

Uma das grandes vantagens em comprar um Pixel é que sabemos que a Google não nos vai deixar “pendurados”, ou seja, oferece três anos de actualizações (até ao Android 16) e quatro anos para Segurança, abaixo do que a Samsung oferece para os seus topo de gama, o que até nem fica bem na fotografia. Mas é o que temos e já não é mau.
Outra é estar sempre a par das novidades do S.O. Android e obter as novas versões mais cedo que todos os demais (de forma oficial). Contudo, os Pixel não estão isentos de erros e bugs, mas a marca tem demonstrado que ouve os seus clientes e continua sempre a trabalhar para ultrapassar travagens de aplicativos, drenagem extra da bateria ou sobreaquecimento, por exemplo. E consegue!

Mas quando escrevo que é um smartphone que melhora a cada dia, quero apontar as qualidades engenhosas do sistema, assim como a capacidade de ajuda da inteligência artificial que tem um papel importante neste contexto. Quando o tirei da caixa e inseri o SIM, percebi alguma lentidão de processos. Havia sobreaquecimento quando o usava para jogos e instalação de novas Apps, assim como os 90Hz de refrescamento do ecrã, mesmo que adaptativo, não era lesto aquando o scrolling.
Pois que tenho a dizer que parte destes enguiços foram totalmente ultrapassados, aparte ainda a duração da bateria que, mesmo estando um pouquito melhor, chega “aflita” ao final de um dia de muito trabalho. Se é um problema? Não, na verdade tenho experimentado outros smartphones que denotam exactamente os mesmos “defeitos”, só que não são meus e esqueço-os quando os devolvo à proveniência. Mas se são gamers, esqueçam esta proposta da Google pois não vos servirá.

O que é bom e o que deveria ser melhor
Hoje estou mais ciente que fiz uma óptima escolha para o dinheiro que tinha para gastar, principalmente porque andava atrás de um compacto. Sim, sei que este ecrã FHD+ OLED de 6,1″ poderia ser muito mais brilhante, sei também que uma bateria de 4300 mAh não faz milagres e que o chipset Tensor G2 ainda não é equiparável aos grandes players do mercado.
Mas, por outro lado, os 8/128GB estão a par com a maioria da concorrência, o som é estéreo e as câmaras melhoraram (em papel).
Então, e ao fim de um mês, o que acho que deveria ser melhorado? O brilho do ecrã, pois por vezes é difícil ler sob a luz forte do sol, e o nível do áudio, pois tenho que colocar quase no máximo para ouvir as músicas e os vídeos. Se são “coisinhas que chateiam”? Se as estou a mencionar é porque sim.

As fotos
Mas agora vamos ao resto: tirar fotografias com este Pixel tem sido um gozo criativo tremendo. Não falo da “borracha mágica” e outras competências únicas da marca, mas sim dos controlos manuais onde devem estar, muito simples, muito objectivos, que permitem melhorar imediatamente um retrato ou uma paisagem.
Por exemplo, experimentem a “longa exposição”, uma novidade no menu ou escolher facilmente a qualidade 4K vídeo também na câmara frontal. Tudo é rápido.
A qualidade das fotografias é muito interessante para esta gama de preço (câmara principal com um novo sensor de 64 MP), mas falta-lhe um Zoom para quem vem habituado às capacidades dos Ultra da Samsung. Mas depois há ali qualquer coisa, um feeling diferente, que nos faz gostar mesmo deste software e dos seus resultados. A segunda câmara ultra grande angular está bem equilibrada e podemos usá-la à vontade.
Resultados que deslumbram quem gosta de cores vibrantes, mas quanto a mim, um tratamento menos agressivo é mais apelativo. Trata-se de uma questão de gosto pessoal, eu sei. Contudo, os bonecos sugerem ter sido captados por um telefone de gama superior.
Onde a Google tem que melhorar é na gravação vídeo, pois por vezes fica difícil aguentar o “foco” no elemento que queremos filmar quando em movimento. Mas gostei do estabilizador de imagem mesmo que às vezes se deixe perceber que lá está a cumprir o papel.


Demais elementos
A traseira é de plástico, coisa que nunca me afectou (por vezes bem pelo contrário), o chassis de alumínio, e muita atenção, se bem que lento, existe neste Pixel 7a o carregamento por indução, algo que falhava no anterior “pequerrucho” e que é muito bem vinda.
Os bezels no ecrã podem parecer demasiado largos, e são, mas na verdade, passam muito bem se optarmos por escolher uma capa de protecção decente e colocar um vidro de protecção. As medidas ficam perfeitas neste caso.
Ao contrário do 6a vendido pela Amazon Espanha, o 5G do 7a funciona em Portugal. Coisas… E quem quiser andar à chuva, não se iluda: o IP67 até pode dar um mergulho desde que não longo ou profundo.
Curiosidades
Estou apaixonado pelos “mapas imersivos”, um truque no Google Maps que, depois de escolher um destino, basta clicar na legenda “Immersive View” para termos todo um mapa do local e proximidades a 3D, exacto, 3D. É como se estivéssemos lá. Obtemos ainda mais informações, como a temperatura no local ao longo do dia, e é apenas viciante.




Existe um número significativo de truques “escondidos”, mas os mais interessantes e úteis é poder fazer download directo de uma imagem que esteja num qualquer site (desde que surja um ícone tipo câmara fotográfica), fazer share automático dessa imagem ou de um qualquer texto que tenhamos copiado. E que tal uma pasta secreta com código de acesso definido por nós e que se encontra o menu do Google Fotos?
Também há um modo de intensificador automático de vibração, em que o Pixel percebe onde está e faz-se sentir mais ou menos dependendo da proximidade ao nosso corpo, o que é muito mais útil do que parece, assim como também é possível mandá-lo escolher de forma automática qual a adaptabilidade à intensidade do sinal da antena, se 4 ou 5G, o que poupa bateria.
A Google mimou este Pixel com algumas funções exclusivas, e há algumas que merecem atenção: por exemplo, o Auto-Rotate Face Detection, uma vez On, faz com que o ecrã só rode dependendo da posição da nossa cara, o que é perfeito para quem vê um filme deitado na cama.
E o gravador que percebe quando há mais que uma voz e faz automaticamente a transcrição dessa conversa mostrando quem disse o quê? Genial!
Segurança e privacidade
Convém gastar algum tempo em todos os menus da Google, mas este tem uma curiosidade que pode vir a ser muito útil: dentro do menu Segurança e Privacidade, escolher Privacidade, depois Painel de Privacidade, e de repente ficamos a saber que aplicativos mostraram ao mundo quem somos e o que fazemos (e dizemos). Assustador!

Muito mais importante, que tal uma VPN gratuita para acedermos ao nosso Banco e outros segredos? Basta ir ao Google One que está lá à nossa espera. E o melhor? Podemos optar por ter um atalho rápido para ser… bem, mais rápido.
Por último, carregando mais longamente no botão volume, entramos no Modo Lockdown, o que trava o Pixel 7a até a nossa cara o destravar.
Por falar nisso, a velocidade do reconhecimento facial é absurdamente rápida e eficaz. Quase que deixei de usar a impressão digital.

Concluindo
Ainda estou a perceber todo o encanto e vantagens de ter um Pixel, mesmo que se consiga comprar um smartphone mais poderoso com o mesmo dinheiro. Mas são todas as características que apontei acima que fazem com que seja um telefone especial. E, muito sinceramente, estou a adorar cada minuto com ele o que, confesso, não esperava.
O preço anda pelos 500€ mas espera-se que desça um pouco. A Amazon está sempre a fazer promoções e há que ter atenção o momento certo para se conseguir uma verdadeira pechincha.
