Este motor a gasolina de nova geração garante um comportamento divertido num Kia Rio que responde bem às ambições do consumidor lusitano
Num vermelho quase Ferrari, com um logotipo quase a chegar lá e exibindo uma lateral traseira que é quase o Classe A da Mercedes, este novo Rio tem um tamanho quase familiar para cinco e o cão. O novo Kia tem quase tudo para ser a escolha racional. Mas porquê tanto ênfase no “quase”?
Comprar um carro que oferece uma garantia de sete anos é, moralmente, quase uma obrigação. Sabemos que, infelizmente, a maior parte dos portugueses que compram veículo próprio (com o seu dinheiro e não com as benesses empresariais) não consegue amealhar o suficiente para a troca que ocorre, tradicionalmente, ao fim de três ou quatro anos. Portanto, a escolha é sempre racional e quase exclusivamente a pensar na família e na carga. Ora existem inúmeras propostas, o que torna a escolha um processo bastante complexo. E o Kia Rio vem engrossar essa lista.
Em primeiro lugar, o desenho não foge à regra. Já tem os ares europeus necessários para que o nativo do sul goste dele e a imagem já ultrapassou a barreira da origem. Depois, nota-se que está bem construído, que é um carro honesto, equilibrado, e que pagamos aquilo que temos. Ao olhar para os interiores, percebemos que os materiais estão na média, que o design é moderno, que o espaço é simpático em que até cabem quatro adultos, uma criança e alguma bagagem.
Então, resumidamente, temos tudo para que seja um best-seller, certo? E é aqui que entra o “quase”. É que o desenho podia ser um pouco mais arrojado, as linhas interiores mais de acordo com as últimas tendências em que os botões estão a desaparecer, os materiais um pouquinho melhores, e o preço ligeiramente mais atraente. Com estes pequenos quases, o Rio iria ser impossível de bater. Sendo assim, a concorrência ainda respira e agradece.
Mas… e se olharmos por outro prisma, sem querer saber dos adversários, o que obtemos com este Kia Rio? Em primeiro lugar, um motor que faz sorrir. Trata-se de um 1.0 litros com três cilindros reforçados por um Turbocompressor que arranca 100 CV. Dizemos para o amigo, “então, quantos cc tem o teu carro?” ao que responde “Ah, uns 1600”. Continuamos “E quantos cavalos?”, “Ah, uns 110”. Ao que brandimos a espada e fazemos um touché: “Pois o meu Kia tem 1 litro e 100 cavalos! Não sei se Rio ou chore com a tua opção.” E viramos as costas, sorrindo.
Mas como definir o Rio que fica ali entre o citadino e o familiar compacto? É grande como citadino mas pequeno para familiar, e para dificultar a conclusão, serve-se bem da cidade como gosta de andar depressa em circuito extra-urbano. Será que a Kia conseguiu unir o melhor dos dois mundos?
Assim, ao analisarmos bem a “coisa”, aquele “quase” que escrevi que faltava começa a deixar de ter razão para existir.
O Rio é confortável, embora um pouco duro nos amortecedores, fácil de guiar (a direcção é demasiado leve, bom para quem vive na cidade), divertido porque nervoso, mas pacífico em toada pára-arranca. Não adorna em curva, queixa-se um bocado quando passa buracos e lombas que crescem como cogumelos por toda a Lisboa, é desenvolto e pequeno quanto baste para se arrumar no único lugar que está livre, como servil para esconder um par de malas na bagageira para nos levar a dar uma volta ao fim de semana sem ter a preocupação em escondê-las.
Em suma, temos carro para “toda a obra” que vai agradar aos mais crescidos mas também aos jovens conectados, porque esta versão analisada está recheadinha de equipamento! O sistema infotainment tem tudo e mais alguma coisa, desde GPS e mapas, ao Apple CarPlay e Android Auto (quando chegar ao nosso país tão moderno), passando pelo sistema de mãos livres e conexão por WiFi (e não por bluetooth), ou seja, temos de criar um hotspot no próprio smartphone, solução que tem prós e contras. Mas não se assustem, claro que podemos ligar o equipamento por USB. Nesta versão não falta mesmo nada e o ecrã táctil de 7” está muito bem colocado no tablier, em plano alto, para nos distrairmos o mínimo possível quando seguimos um mapa. Garanto-vos que isto é muito importante e é um factor abonatório que ajuda à crítica.
Por tudo isto, chego à conclusão que este Kia Rio foi bem pensado e melhor apresentado. O motor é muito interessante para o nosso mercado (que sobretaxa a cilindrada), é espevitado e o comportamento garante alguma diversão em cidade. Gasta pouco? Bem, gasta o peso do nosso pé direito e está mais indicado para a cidade do que para a auto-estrada sendo que os consumos se situam na casa dos 6 litros.
Esta versão, que quase toca nos psicológicos 20 mil euros, tem tudo o que um automóvel deste segmento pode oferecer e é uma excelente opção para a próxima década. Sim, porque sete anos de garantia são mesmo para se aproveitar.
PVP: 19.300€ (versão ensaiada)
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