O Logitech G Yeti GX é vistoso, iluminado e cheio de software mágico. E sim, é um microfone USB.
Desculpem a brincadeira no título, mas desde que a Logitech comprou a Blue, marca de microfones USB que foi um enorme sucesso para streamers e podcasters, pois os seus equipamentos inovaram com todo um conjunto de soluções originais e úteis “back in the day”, que se esperava uma nova vida agora sob o selo da Logitech G (G de gaming).
O Logitech G Yeti GX é uma dessas novidades que me veio parar às mãos por cortesia da marca em Portugal. Esta análise não lhe é facilitada, pois ao lado, aqui no home studio, tem alguns adversários dignos de nota e respeito. Mas durante a apreciação e utilização, fui-me apercebendo que o Yeti GX não deve ser equiparado a nenhum outro, pois tem um conjunto de particularidades que o colocam num espaço um pouco à parte. Vamos saber porquê?

Características Logitech G Yeti GX
Podem ler tudo e mais alguma coisa no site específico, mas resumo aqui as características principais do Logitech G Yeti GX: é um microfone USB-C, dinâmico, super-cardioide com a curiosidade de ter, no seu corpo, iluminação RGB. Sim, é verdade, luzinhas. Em termos técnicos é 24 bit/48Khz.
Na caixa vem o microfone, uma base circular bem sólida de plástico, um braço pequeno e ondulado de plástico, assim como a rosca que trava na posição que desejarmos, uma rosca de metal dupla, uma esponja popup filter já montada e um cabo USB-C (para USB-A) com 2 metros.
O próprio corpo do Yeti GX é de plástico, portanto, não é nenhum microfone que vá durar uma eternidade, mas no caso destes microfones USB, e com a constante melhoria das tecnologias empregues, também não é esse o seu papel.

Debaixo da esponja, a cápsula está muito bem protegida por uma grelha metálica, e se num dos lados do corpo temos a letra G (em RGB), no oposto encontramos uma roldana tipo rato (para controlar a entrada de volume) com um filete também RBG (branco, verde ou vermelho, dependendo se está on, verde para uma gravação, vermelho intermitente quando “pica” ou sólido quando mutado) e o botão Mute. Na traseira apenas encontramos o conector USB-C. E é aqui que encontramos um dos problemas do Yeti GX… é que falta mais um buraquinho.
A iluminação RGB tem duas zonas e é LIGHTSYNC: a do logótipo G que mencionei, e um filete mais grosso a 360 graus na base que muda de cor e de comportamento conforme queiramos. Tudo isto é, como já estão à espera, controlado via software no PC.

Captação
O design é engraçado, original, quase orgânico devido às curvas e ondulações de todo o conjunto, e podemos usá-lo no stand que o acompanha, ou colocá-lo num braço oscilatório. Tudo depende do nosso espaço e forma de gravação.
Estando o microfone virado para a nossa boca, convém que a esponja faça o seu trabalho anti-ruído e, com algum cuidado, posso garantir que o resultado é francamente bom. Só mesmo quando coloco a boca em cima e falo mais alto, vejo a luz vermelha a picar (com o resultado bem audível). Mas é neste campo que o software faz milagres. Já lá vamos.
Como a base circular é pequena, podemos colocar o Yeti à nossa frente depois do teclado mas, sabemos que o que dedilhamos vai ser audível, mesmo que as teclas não sejam mecânicas. Não há milagres e devemos então colocá-lo noutra posição se forem daqueles que escrevem ou jogam e falam ao mesmo tempo. Tenham também cuidado ao tocar na base e no braço para evitar barulho. Neste campo, ele é mesmo muito sensível, mesmo ao tocar levemente no corpo. Tão sensível que até o botão MUTE se faz ouvir (plástico no plástico). Ou seja, demasiado barulho obriga a colocá-lo num braço extensível para, inclusive, ficar mais perto da nossa boca. E com esta solução, os resultados são muito superiores, garanto.
Software, a magia do algoritmo
Podemos ligar o microfone por USB-C e começar a gravar, não há nenhum obstáculo em relação a essa utilização básica. Mas este Yeti tem um preço de cerca de 160€ o que é mais alto que muitos concorrentes. Então, o que oferece ele em troco desse punhado de euros a mais? Toda uma suíte de equalização, truques mágicos, até samples que podemos usar. Podem perguntar se faz a diferença? Sim, faz, e quase do dia para a noite.

BlueVoice!
Antes de mais nada, temos que clicar no “enable BlueVoice” para toda uma secção de melhoramento digital ficar disponível. Há, inclusive, um pequeno gravador e reprodutor para irmos ouvindo todas as alterações que fazemos, desde o Smart Audio Lock, ao Equalizador, ao Filtro High-Pass, etc.

Podemos escolher um dos Presets que já estão equilibrados ou testar a nossa preferência através dos knobs digitais, como o High Pass variável dos 20 aos 400Hz, ou o HQ de banda tripla (50 / 3100 / 6500 – low, mid, high range). Neste espaço ainda podemos abrir um sub-menu para maior afinação das três bandas de equalização. Muito bom!
Mas é o Smart Audio Lock que faz “a festa”! Quando ligado, podemos gritar para o microfone que o som não clipa! É bem verdade! Daí ter falado de “magia” um pouco mais acima.

A opção Signal Cleanup abre um menu deveras importante: Noise Reduction, NOISE Gate, Compressor (com muita personalização), De-Esser, De-Popper e um Limitador. “Muito fixe, pá!”
Os presets da BlueVoice! funcionam muito bem, colocando “virtualmente” o Yeti em cima de um braço oscilante, na secretária, etc. E, mesmo dentro de cada um, podemos alterar os campos mencionados acima no campo Signal Cleanup.

Ainda temos, para compor o ramalhete, o Custom Effects que nos permite modificar a nossa voz através de Pitch ou ambiência. Não aconselho, claro está, pois os efeitos são… enfim, manhosos. Mas podemos alterá-los, claro está, para ficar com uma voz tipo robot ou para imitar uma criança… ou velhinha (pouca diferença de pitch é necessária).
Ou seja, é exactamente neste capítulo que se percebe onde estão os euros a mais. E, bem vistas as coisas, compreende-se e aceita-se.

O som
Na verdade, sem toda a parafernália digital ligada, o som pode ficar um pouco anasalado com uma frequência média mais notória, o que por um lado torna o discurso mais clássico, por outro resulta com pouco brilho. Falta-me um agudo mais presente que torne a minha voz mais, enfim, parecida com a original. E, claro está, se há predominância dos médios, sentimos a falta do corpo que os graves asseguram.
Mas tudo se altera com o software, os menos passam a mais, tudo dependendo da nossa capacidade auditiva, técnica e, porque não, da preferência pessoal.
O Yeti GX cresce, amplia o corpo da nossa voz, mostrando que tem capacidades muito interessantes e que pode ser um bom parceiro de captação e gravação.

Concluindo
Este Logitech G Yeti GX RGB é um Dr. Jeckyll e Mr. Hide, ou seja, tem duas caras. Se por um lado, sem tratamento pelo software, surge com pouco brilho e mais apetência pela gama média, com a suíte ligada todo um novo mundo se abre para nosso prazer.
O Smart Audio Lock é fantástico e está bem implementado, o que promove qualquer voz a ser equilibrada e, como por magia, nunca picar (ou entrar em distorção), o que é apenas fantástico.
É pena que não tenha uma saída 3,5mm para auscultadores. Nem percebo muito bem, pois é a conexão que uso quando escolho um microfone USB para ouvir sem latência tudo o que digo com todo o pormenor.
O pior é mesmo a fraca rejeição dos barulhos que o envolvem, desde um teclado a qualquer toque inadvertido no corpo ou tripé.

Mas este Yeti aponta para um utilizador que dá mais atenção ao visual e às possibilidades que o software lhe oferece. A iluminação RGB é realmente algo único neste tipo de equipamentos e que o coloca num campo muito próprio. E o design é muito apelativo para uma secretária gaming que é, realmente, o meio ambiente perfeito para o novo Yeti, agora não Blue, mas ainda com a magia BlueVoice! bem presente.
Preço
160€
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