Após quatro versões, a Samsung conseguiu diminuir a folga tanto no Flip5 como no Fold5. É um bom motivo para perguntar “porquê só agora”, mas na verdade, o maior ecrã exterior com mais apps e todo o refinamento deste novo dobrável quase toca a perfeição. Só é pena que a perfeição custe mais de mil euros e que tenha concorrência à altura.

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O “novo-velho” Galaxy Z Flip5

O Galaxy Z Flip5 não esconde a origem e continua a já longa tradição do formato e dimensões do clamshell (concha) surgido em, pasme-se, verão de 2020. Aliás, podem ler a análise a essa grande revolução aqui.

Passado um ano sobre esse grande feito, e quase sem surpresa, surgia a segunda versão que pouco ou nada alterava na forma e função. Em Agosto de 2021, o Flip3 surgiu com melhor software e, acima de tudo, um ecrã maior já com 1,9” que vinha reforçar a qualidade geral do equipamento.

2022 recebeu a quarta versão do Flip com um ecrã exterior um pouco maior e uma dobradiça mais estreita, mas que ainda continuava a não fechar totalmente o Samsung.

Tivemos de esperar mais um ano para recebermos um novo e refinado, muito mais apelativo e extraordinariamente competente, Samsung Galaxy Z Flip5. E posso muito bem exclamar: custou mas foi!

Este Flip5 é leve (187 g), muito “quiduxo” (71.9 x 85.1 x 15.1mm) e, mesmo assim, tem um ecrã principal de qualidade assinalável com 6.7” FHD+ Dynamic AMOLED, taxa adaptativa de refrescamento (1 a 120Hz) e uns fulgurantes 2640 x 1080 pixels em formato 22:9.

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Ombrear com a concorrência

Ser o primeiro tem, bastas vezes, a difícil tarefa de criar um segmento novo num mercado saturado, convencer clientes, mostrar porque têm eles que gastar mil euros num smartphone e, acima de tudo, perceber que a concorrência vai aprendendo com os erros e críticas apontados às versões iniciais, e que passam de fininho por entre os problemas para apresentar grandes propostas de forma quase imaculada.

A Samsung fez todo esse trabalho e à quarta versão, foi esmagada pela generosidade de ecrã que surgia no Oppo Find N2 Flip (ler análise aqui). Como tal, não podia perder tempo e era apenas lógico que a versão de 2023 teria que mostrar mais e melhor. E aconteceu isso mesmo, com um ecrã exterior muito maior, apelidado de Flex Window, com 3.4” Super AMOLED 60Hz a 720 x 748 pixels e 306 PPI. Hurrah!

Por seu turno, a nova dobradiça Flex Hinge possibilita, finalmente, o fecho deste dobrável quase a 100% o que lhe garante o selo IPX8 (resistência a gotas de água mas não resistente ao pó) o que é pouco para um smartphone tão caro, mas que se aceita sabendo o esforço que a marca fez para não deixar espaço na dobra. Ainda falta um niquinho para estar completamente fechado, mas fico confortável com a situação.

Juntamente com o suporte IPX8, as molduras Armor Aluminum e o Corning Gorilla Glass Victus 2 aplicado tanto na Flex Window como na secção traseira, permitem com que o Galaxy Z Flip5 ofereça a protecção que os consumidores esperam (e pagam).

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A Flex Window (ou o ecrã exterior)

A nova Flex Window é agora 3,78 vezes maior do que a geração anterior, o que permite aumentar uma gama de novas às já existentes funcionalidades.

Inclui ainda mais opções de personalização, incluindo relógios informativos e grafismos que podem condizer com o design do mostrador da série Galaxy Watch6, bem como molduras para todos os gostos.

Basta um toque neste ecrã para ver todos os Widgets e alternar entre eles de forma instantânea através do Multi Widget View. E, atenção, podemos escolher até 11 Widgets (ou ser mais aventurosos e experimentar mais dinâmicas mas não de forma oficial).

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A partir da Flex Window é possível aceder rapidamente e sem esforço às informações que consideramos mais úteis e é através dos Widgets que podemos verificar a meteorologia, controlar a reprodução de música com o Media Controller, ficar a par das últimas actualizações das bolsas mundiais com o widget Google Finance, ver o histórico de chamadas, agenda, eventos, alarmes, responder a mensagens através do teclado que surge neste pequeno ecrã, enfim, tudo e mais um par de botas.

Esta é a grande novidade do novel Flip e que chegou a tempo para confrontar os adversários da Oppo N3 Flip e da Motorola (fora de Portugal).

O poder do Snapdragon 8 Gen2 “for Galaxy”

Felizmente que a Samsung não se poupou no que realmente interessa e mimou o o Flip5 com o melhor chip da actualidade no que respeita à oferta Android, o mesmo que equipa a gama S23.

É muito competente, rápido, poderoso, o que aliado aos 8 GB de RAM, convence em todos os sectores e consegue, através de software, poupar bateria (dupla e que não é famosa com os seus 3.700 mAh) para termos o Flip5 sempre funcional durante um dia. Um factor negativo é o facto do ecrã exterior ser LPO e não baixar dos 60Hz, o que consome bateria.

Mas tendo tudo isto em conta, este dobrável consegue ser bom em tudo: jogos, filmes, net, multitasking, enfim, passa com distinção todos os tipos de utilização de forma fluida e consistente.

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Fotografia em modo duplo

Vamos às características técnicas? A câmara frontal (selfie) tem 10MP F2.2, 1.22μm, FOV: 85˚. A dupla câmara traseira (principal) tem uma 12MP Ultra Wide Camera F2.2, 1.12μm, FOV: 123˚ e uma 12MP Wide-angle Dual Pixel AF, OIS, F1.8, 1.8μm, FOV: 83˚.

Graças à flexibilidade do smartphone, ou FlexCam como a marca lhe chama, somos convidados a usá-lo dobrado para tirar fotografias e filmar através das suas objectivas principais, se bem que continuamos a contar com a Selfie para as conversas mais visuais entre outras opções clássicas.

O modo Flex, que já vem desde o primeiro Flip, é realmente bem pensado e é bastante competente e conveniente.

Podemos rever e editar imagens de forma rápida através do modo Flex, temos acesso ao Dual Preview, modo Super Steady com estabilização digital que, aliada ao Auto framing, consegue filmagens realmente muito interessantes e qualitativas, resultados a que não é alheia a agora tão em voga Inteligência Artificial que acompanha e melhora os vários modos criativos, principalmente numa melhor capacidade de tirar fotografias ou filmar cenas em ambientes pouco iluminados com o Nightography. O algoritmo de processamento de imagem (ISP) alimentado por IA corrige o ruído visual, enquanto melhora os detalhes e o tom de cor. Mesmo à distância, as fotografias são mais nítidas com o zoom digital de 10X.

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Concluindo

O Samsung Galaxy Z Flip5 é um dobrável em formato concha apenas espectacular. Corrige o que ainda faltava melhorar, apresenta-se vestido a rigor, tem dois belos ecrãs que possibilitam muita funcionalidade, um processador rápido e competente em todas as áreas e muitos acessórios para complementar o look.

Se a bateria poderia ser maior? Deveria! Se as câmaras, por este valor, deveriam ser melhores? Poderiam! São os únicos degraus que faltam subir para se ter um verdadeiro topo de gama num formato muito apetecível.

Mas cuidado com as capas e acessórios, pois tornam este elegante Flip num trambolho bastante grosso. O material da capa é bom para um azarado choque ou pequena queda, mas não o deixa escorregar facilmente pelo bolso das calças ou casaco e aumenta bastante o volume.

A Samsung também garante cinco anos de upgrades de segurança, o que é um factor a ter muito em conta, pois o dinheiro custa cada vez mais a ganhar para andar a mudar de smartphone de dois em dois anos.

O maior problema, quanto a mim, é que o Flip pisca o olho ao lado rosa da vida, à juventude dos anúncios coloridos, aos fashion victims que tudo fazem para estar na moda, enquanto deveria apontar para um mercado muito maior, aquele que procura flexibilidade, tecnologia e modernismo num tamanho ultra compacto, independentemente de idade, sexo ou crença. É esse o principal alvo de um clamshell topo de gama. E todos sabemos que as modas passam depressa, certo?

Preço

Procurem bem que já o encontram a partir de 980€.

João Gata

Começou em vídeo e cinema, singrou em jornalismo, fez da publicidade a maior parte da vida, ainda editou discos e o primeiro dos livros e, porque o bicho fica sempre, juntou todas estas experiências num blogue.

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