https://www.youtube.com/watch?v=1hw9skL-IXc
Demasiados “ses” e muitos compromissos para um lançamento que deveria ser isento de críticas. É que a Apple não se pode permitir a mais um flop.
Debrucei-me um pouco mais sobre o HomePod, o novo equipamento da Apple que deseja ter um papel tão importante para o futuro da música “em casa” como o primeiro iPod “revolucionou” a forma como ouviamos música até então.
E talvez seja logo aqui que me espanto com, mais uma vez, a veneração da maior parte dos analistas tech em relação a qualquer novidade lançada pela marca de Cupertino. Sim, o iPod veio ajudar à transformação da forma como as pessoas ouviam música, mas não revolucionou o formato nem o conceito.
Não foi o primeiro leitor MP3 no mercado e, atenção, estava muito longe de oferecer a qualidade sonora de um Creative Zen ou de um Sony HD1 (tive ambos). E esta questão, para quem como eu adora realmente música e deseja obter a melhor reprodução possível, era e é francamente um problema.
Antes de mais, um enquadramento muito simples e evitando formatos digitais como a DCC ou o MiniDisc.
Qual foi o primeiro leitor de música MP3?
O MPMan da Saehan é, de acordo com a Wikipedia, o primeiro a ver a luz em 1998, mas nem eu ouvi falar disto, assim como também não vi nos escaparates os primeiros modelos da LG ou Samsung, pelos vistos, já a espreitarem um nicho à altura totalmente desconhecido. Na verdade, do que sempre andei à procura foi de um Fraunhofer-Gesellschaft anterior a 1998, uma invenção de um engenheiro germânico de nome Harlheinz Bradenburg, apontado como o verdadeiro inventor do MP3 (ou seja, do seu código) que desenvolveu desde 1977.
A coisa não correu bem e foi a Advanced Multimedia Products Company, através da inteligência do senhor Tomislav Uzelac, que patenteou várias ideias que culminaram no que hoje conhecemos por MP3.
Uma coisa é ouvir, outra é utilizar. E é aqui que entram os nomes de Kane Kramer (que, como visionário, percebeu que as músicas podiam ser baixadas pela linha telefónica) e do seu associado na maluqueira, James Campbell, que até construiu veradeiras máquinas que tocavam música. Ambos inventaram uma coisa denominada IXI em 1991, mas isso fica para outras núpcias.
Mas voltemos ao cerne da questão, os primeiros MP3. Foi a Rio com o seu PMP300 que mostrou ao mundo como a coisa funcionava, descodificando os ficheiros e montando-os para que pudessemos ouvir, afinal, a música que tanto adoramos. Sim, a Rio.
Pois, para não vos maçar com os inúmeros leitores que sucederam ao Rio, foi apenas em Outubro de 2001, mais precisamente no dia 23, que foi apresentado o primeiro iPod. Também o tive, porque e afinal, foi um hype tremendo e até eu pensei que eles tinham inventado a coca-cola. Pensei mal. Habituado que estava ao drag & drop do disco rígido do computador para um leitor MP3, sendo ele da marca que fosse, era agora obrigado a abrir contas numa coisa estranhíssima (e que continua a ser inenarrável) denominada iTunes. Mas o que era isto?
Pior, o formato do iPod era .aac, muito pior (qualitativamente falando) que o atrac3 proprietário da Sony. Ou seja, de uma penada, perdi a liberdade e também a qualidade. O que levou o resto do mundo a comprar uma solução inferior só pode ser respondida com o extraordinário marketing de guerrilha levado a cabo pela Apple. Era fascinante e vendeu gato por lebre.
Já me estou a alongar muito em relação a todo este tema, porque o que quero mesmo apontar são os erros que encontro na génese do HomePod… quase um espelho do que aconteceu com o iPod back in the day.
Mas para concluir, basta apontar o que foi acontecendo. Para combater a quarta geração do iPod, que nasceu em 2004, a Sony lançava o mítico NW-HD1 com 20GB de capacidade interna e carga para 30 horas de reprodução.
Para combater, em 2007, a sexta geração do iPod, escolhi um fabuloso Creative Zen. Quem teve um sabe do que falo. Todos os leitores não Apple permitiam o drag & drop, sem lojas ou assinaturas. Sim, drag & drop, arrastar e largar!
E é aqui que reside o cerne deste meu post e opinião: afinal, qual é o problema do HomePod?
Para uma coluna que quer “rock the house”, promete uma tecnologia áudio extraordinária e som circundante. Pois, Apple, a Grundig apresentou o conceito do som 360º lá nos 90s do milénio passado. E, muito recentemente, para não apontar tudo o que existe, a Samsung lançou as colunas R7 / R6 (ler análise) wireless e 360º e com um belo som há um par de anos. Ah, e são multiroom… algo que não ficámos a saber com o HomePod.
Mas o grande problema, quanto a mim, é a obrigação de se ter uma conta na Apple Music. Sim, o HomePod não é democrático e recusa comprar noutras lojas ou até subscrever serviços como o Spotify. Pois é, a mesmíssima política que encheu os cofres com o iPod mas que dividiu o mundo em utilizadores aprisionados e todos os todos os outros que não querem amarras.
E o preço? 350 U$D??? Por este valor podemos comprar soluções de marcas audiófilas.
E será que, tal como as Samsung acima mencionadas (ou qualquer das novas e potentes Sony e demais marcas) será que se podem emparelhar? Nada foi dito…
Por outro lado, existe um grave problema quando se compara a Siri ao, por exemplo, Google Home. Pura e simplesmente, e por todas as críticas que já li, é pior. E isso, quando temos de falar para ela no meio do “Back in Black” é capaz de ser complicado. Assim como também não será fácil perceber visualmente que a Siri (ou o HomePod) está a ouvir-nos. É que o olho que se ilumina está virado para cima o que torna impossível a sua visualização se estivermos afastados.
Por último, o olho.
Opá… não vos lembra nada?
fontes:
https://www.engineersgarage.com/invention-stories/mp3-player-history
http://voicebox.pt/samsung-r7-r6-o-ensaio-as-colunas-360o/
