A Bang & Olufsen Balance com Google assistente só não é perfeita porque tive de devolvê-la à origem. Se não fosse isso… bom… ainda há a questão do preço
A nova Bang & Olufsen Balance pode ser catalogada como parte da família Beosound 1 e 2.
A primeira vez que ouvi umas colunas B&O foi na casa de um primo que tinha umas colunas BeoVox que faziam soar a música de uma forma tão cristalina, e alta, que até hoje relembro essa memória. E talvez tenha sido por isso, estaria no alto dos meus 10 anos, que andei sempre descontente com as opções que a minha disponibilidade monetária permitiu ao longo das próximas décadas.
Passados estes anos, e longe dos showrooms, eis que me foi dada a possibilidade de ouvir, estar e entender a nova coluna sem fios que se designa Balance e cujo design relembra o cilindro Mac Pro que tanta polémica suscitou. E relembro esse caso porque considero que este desenho não é consensual para o cliente tipo da marca que está habituado – e espera – uma ousadia e modernismo incomuns.

A BeoSound Balance pode ser comprada com ou sem assistente Google e em duas opções: ou madeira de carvalho natural ou preta. O corpo junta alumínio à madeira e ao tecido com malha muito ajustada e de excelente fabrico que deixa passar todas as frequências ao mesmo tempo que protege o interior de pó e outras sujidades.

Muita tecnologia numa coluna omnidireccional
Depois de admirarmos as linhas e os materiais, ligamos a Balance à corrente eléctrica. A primeira acção que acontece, de forma automática, é a adaptação activa do espaço, ou seja, a coluna emite uma frequência para medir o espaço onde está inserida e receber as vibrações de retorno que a vão ajudar a perceber os obstáculos que existem em seu redor. É desta forma que melhor calibra o som.
A Balance pesa 7,5 kg, portanto, convém deixá-la bem quieta no local mais apropriado. Mas não se preocupem com isso, pois ela faz um teste de enquadramento cada vez que precisamos ou a mudemos de local, estudando sonicamente o espaço e deixando os seus algoritmos escolherem a melhor dinâmica e equalização possível.
A Aplicação
A App que a B&O desenvolveu é de fácil utilização, mas requer um processo intuitivo para o primeiro emparelhamento. Cuidado se tiverem mais equipamentos ligados ao assistente Google, pois um pode sobrepor-se ao outro, o que aconteceu no meu caso. Mas foi só desligar as outras colunas para que o processo se completasse rapidamente.

É através da App que podemos escolher o tipo de som e a sua equalização, num processo visual directo e com uma facilidade espantosa que dá mesmo para percebermos a diferença tonal dos extremos sonoros, uma situação pouco comum nas colunas deste género e que enriquece sobremaneira a experiência de utilização.
Mas podemos também escolher um dos cinco modos de audição pré-definidos (Ideal, Powerbass, Lounge, Speech e Party), todos eles muito diferentes entre si e cujos títulos são auto-explicativos.

Temos ainda um equalizador de duas bandas (graves e agudos) e a intensidade do som com três graus de sensibilidade de entrada de linha (elevado, média e reduzido).
Aliás, existem quatro botões programáveis no topo da coluna exactamente para memorizarmos este tipo de preferências, pois cada pessoa gosta do seu tipo de equalização.

É através desta App que podemos emparelhar mais equipamentos da marca, no meu caso, os auscultadores BeoPlay H9 que foram entregues para análise no mesmo dia e que serão tratados num artigo à parte.
Há que perceber a nova realidade sem fios que a B&O também adoptou, pois os tempos das ligações exclusivas já lá vão. E sim, clientes B&O, isto significa que o Beolink vai ser descontinuado perante a nova realidade “inteligente” e conectável.
- Total de sete colunas com amplificação individual
- 880W de potência total
- Bluetooth 5.0, Chromecast, conectividade Apple AirPlay 2, DLNA
- BeoLink multiroom
- 2x portas Ethernet


A construção
A base em madeira e alberga um driver (woofer) de 113 mm de baixa frequência que trabalha em oposição com um segundo driver idêntico e virado para baixo já dentro do cilindro.
Dentro deste mesmo cilindro ainda há espaço frontal para dois drivers de 51 mm agrupados a um tweeter com 19mm e, finalmente, dois drivers de 76 mm que estão virados para trás para o seu som ser reflectido por uma parede. E é, quanto a mim, desta forma que se obtém a melhor qualidade acústica, ou seja, modo de audição frontal com a coluna encostada a uma parede.
Podemos escolher som em 360º ou direccional para um dos lados ou, como já afirmei, frontal.

Conectividade
A Balance responde a todas as necessidades, pois tem entrada híbrida (analógica/digital) por minijack 3,5mm, duas conexões ethernet (para ligar um NAS e outra fonte) e um botão para desligar o assistente Google (na verdade, desliga os microfones incorporados no topo da coluna).
É fácil emparelhar qualquer equipamento com bluetooth (a norma da Balance é o 5.0) ou, através do Chromecast incorporado, pedirmos ao assistente que se ligue a um dos muitos serviços streaming para nos dar as playlists preferidas.

Sensor de proximidade
Para além do painel táctil com algumas das funções, incluindo quatro botões que memorizam preferências e um rotativo que vai ligando ou desligando leds conforme o nível de som, o sensor de proximidade funciona muito bem e acende os controlos principais assim que nos aproximamos. Mas, por outro lado, esta acção pode ser algo intrusiva num ambiente que se pretende totalmente escuro, por exemplo, à noite num quarto (sim, porque esta coluna também pode ser instalada no quarto) mas, e felizmente, existe a opção para desligar este sensor através da App.

Qualidade de som
A compensação activa de espaço (active room compensation) é extraordinária pois altera mesmo o som dependendo do ponto onde a coluna é estacionada.
Os algoritmos ajudam ao equilíbrio tonal, decerto, pois o som é realmente muito, mas mesmo muito bom, tanto para atmosferas mais relaxadas quanto para músicas pop ou rock com baixos e bateria bem puxados. O palco sonoro é tão pormenorizado que nos surpreende, pois estamos a falar de apenas uma coluna e é rico, cheio, encorpado.
Mas temos de puxar por ela, pois só nos apercebemos da qualidade e da pureza do resultado quando estamos mais ou menos a 70% do volume total o que é realmente muito alto e que vai chatear toda a vizinhança.

A função BEAM faz milagres. Podemos escolher, até através da App no smartphone, a direccionalidade do som: 360º, esquerda, direita, frontal, sendo essa diferença é imediatamente perceptível tanto visual como auditiva. Mas é colocada à frente de uma parede e no modo de audição frontal que a Balance brilha. Mas para conseguir este brilho, rico em pormenor e muito transparente, há que saber escolher o modo de equalização ideal para cada tipo de música.
Por falar em tipo de música, é melhor mencionar a qualidade do ficheiro a ser reproduzido. É espantosa a diferença entre o que ouvimos através do Chromecast (som compactado a uns míseros 16 bits/44,1kHz) e de uma playlist no Spotify à de uma ligação física a um walkman com Hi-Res Audio. Tanto que dei por mim a ligar o cabo 3,5mm ao Sony NWZ A15 que me guarda e transporta a colecção de discos preferidos com resolução máxima. Portanto, tenham isso em conta.

Concluindo
Tudo nesta coluna é espantoso, para além da qualidade de construção e design, à conectividade e qualidade de reprodução. É um equipamento elegante que fica bem em qualquer lado e com qualquer decoração, o que para a marca é, finalmente, um passo para a sua própria democratização. Desde, logicamente, que se possa gastar os euros que custa. E são muitos, principalmente se optarmos por emparelhá-la com outra para conseguirmos uma estereofonia que, teoricamente, será perfeita. E até, atenção, sem latência, pois podemos conectá-las através de cabo.
Por falar em cabos, a B&O desenvolveu um específico para tornar esta nova Balance compatível com quase todos os sistemas anteriores e, até posso dizer, antigos.
E que interessante, para quem já tem um sistema B&O, será juntar esta Balance à família.
PVP: 2000€