Depois do sucesso que fez o mundo andar aos pinotes, o novo Crash passou pela Playstation 4 e aterra na Switch. Serão novas as sensações?
“Espera, mas este jogo não saiu já o ano passado para a Playstation 4?”.
Sim, caro leitor. Não está errado. Esta é a versão da Nintendo Switch do mesmíssimo jogo, agora com o nível extra que na consola da Sony era DLC.
Porquê testá-lo? Porque a tecnologia da Switch e a sua portabilidade dá-nos a possibilidade de revisitar Crash Bandicoot sob uma nova perspectiva.
E as boas notícias são estas: é tão bom jogar Crash na Switch como na PS4.
Crash, Play and Switch
Se calhar tratamos já da parte óbvia: os gráficos.
Apesar de estarem extremamente semelhantes ao nível de qualidade, não é a mesma coisa.
No modo portátil não notam diferenças algumas.
O tamanho do ecrã da Switch também não permitiria grande detalhe.
No modo TV, nota-se algum blurring em determinadas texturas, mas nada que estrague a experiência.
Este Crash Bandicoot não é para quem procura fidelidade de gráficos, mas para quem deseja um desafio.
Mas há desafio para os fãs?
Sim – o desafio mantém-se!
E aqui entra um gosto pessoal: o comando da Switch, tanto o Pro como o normal, permite-nos jogar melhor Crash Bandicoot que o da PS4.
Não se trata só do analógico ou do posicionamento das setas.
É o conjunto ergonómico das partes que nos dá maior precisão e controlo num jogo de plataformas como este.
Ao contrário do comando da PS4, provavelmente mais adaptado a outro tipo de experiências – FPS, aventuras em 3D com movimentos 360º -, o da Switch remete-nos para um mundo mais simples, onde aventuras como esta eram a norma.
Falava-vos do desafio.
Se não jogaram o remaster quando saiu há um ano e esta é a primeira vez que pegam em Crash Bandicoot depois das edições na PS1, preparem-se.
A dificuldade aumentou de forma exponencial.
E não – os níveis não foram alterados. Os obstáculos são os mesmos, os segredos também e a forma como os contornar.
A tecnologia sim, é diferente.
Graças à melhoria gráfica e da mecânica física de detecção de colisões, a diferença entre o sucesso e o falhanço de um salto é maior.
Este factor sente-se mais no primeiro Crash do que nos outros dois, fruto também da dificuldade muito maior do primeiro jogo de todos.
Porém, em momento algum se torna injusto.
Quer dizer, se jogaram os originais, vai saber a batotice dos programadores para tornar o jogo mais difícil.
Mas isso é apenas a nossa memória a atraiçoar-nos.
É tudo uma questão de adaptação e, não tarda, estarão a conseguir ultrapassar aquela maldita ponte de madeira com nevoeiro.
Em termos de longevidade, depende do vosso gosto.
Passo a explicar: se jogarem esta trilogia com o único intuito de passar os níveis do primeiro ao último, com o mínimo indispensável, em 15, 20 horas têm o jogo terminado e arrumado.
Agora, se o vosso objectivo for completar a 100% cada um deles, preparem-se para meter mais 20 horas.
Isto porque Crash Bandicoot não era só a personalidade e carisma. Era também os segredos.
E acreditem, numa era onde a Internet em Portugal era quase inexistente, era um desafio quase dantesco descobrir algumas das passagens secretas para desbloquear gemas coloridas.
Mas qualquer um dos Crash Bandicoot mantêm-se com excelentes jogos de plataformas.
O primeiro Crash estabeleceu a relação entre ele e o Dr. Cortex, o seu criador, numa corrida entre ilhas para destruir os seus planos.
A dificuldade aqui é bastante superior à restante trilogia.
Nota-se, aliás, que o foco foi passando do desafio do jogo para a diversão e experimentação com diversos tipos de jogabilidade.
Do primeiro para o segundo e para o terceiro e assim por diante
Já no segundo título são introduzidos os cristais e a formatação de 5 níveis por fase, escolhidos ao nosso gosto, culminando num combate com um boss.
O terceiro e o mais polido mantém a lógica dos cristais e dos níveis, mas aumenta a variedade na jogabilidade, permite jogar com Coco Bandicoot, acrescenta-lhe upgrades e é claramente o epítome do trabalho da Naughty Dog nesta franquia.
Correr em cima de um tigre, andar de mota, navegar numa mota de água, fugir de um qualquer obstáculo de costas para a câmara continuam a funcionar tão bem como na década de 90.
E, mais do que um throwback, provou que existe um mercado muito activo em busca de aventuras com qualidade deste marsupial.
Conclusão
Qual é a versão definitiva? Depende. Se passar muito tempo em transportes e jogar de forma portátil, a versão da Switch é a melhor.
Se não tiver a consola, a da PS4 deverá ser a escolha. Até porque será mais fácil não encontrar alternativas boas no ecossistema da Sony, versus o da Nintendo.
8/10
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