Antes de começar a falar na novíssima Canon EOS R5 Mark II, convém falar de um contexto histórico importante. A designação “Mark II” leva-me para a histórica EOS 5D Mark II, uma câmara reflex digital que veio revolucionar o mercado, ao permitir captar vídeo de topo (1080p na altura) sem descurar as capacidades fotográficas.

Em 2020 a Canon achou que estaria a repetir a façanha, com o lançamento da EOS R5, a primeira câmara mirrorless (sem espelhos) a conseguir captar vídeo em resolução 8K. A câmara era extraordinária, mas existiam limitações tecnológicas que, na altura, não eram (ainda) possíveis de ultrapassar.

EOS R5 Mark II

Felizmente, com a evolução tecnológica, e com todo o conhecimento adquirido desde então, já foi possível ultrapassar todas essas limitações. E é aqui a novíssima EOS R5 Mark II.

EOS R5 Mark II – Uma nova geração

Observando ao aspecto físico, disposição dos controlos e os números das características técnicas, tudo indica que estamos perante uma mera actualização, e é compreensível que, para utilizadores da EOS R5 original, acabem por ficar com essa sensação.

Mas isto não é um mau presságio, até porque a EOS R5 original tinha um excelente corpo, com uma ergonomia excepcional. O design é tão idêntico que o punho original (BG-R20) é compatível com a nova câmara.

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Se por fora a nova EOS R5 Mark II é idêntica à sua antecessora, é por dentro que encontramos as principais diferenças. A principal é, como seria de prever, o novo sensor de imagem, que embora mantenha a resolução, de 45 MP, recorre a diversas melhorias significativas.

Novo sensor CMOS empilhavel

A principal é o facto de se tratar de um sensor CMOS Stacked, ou seja, “empilhado”. Isto significa que o sensor de imagem passa a ter integrado, tudo no mesmo chip, as microlentes, os fotodíodos e a memória DRAM.

Esta solução é, na realidade, uma evolução dos sensores retroiluminados, e garante, não só, maior capacidade de captação de imagens em fracas condições luminosas, como permite melhorar significativamente o tempo de captura de imagens, razão pelo qual esta solução é utilizada só em modelos de topo, como a EOS R1, ou as rivais Sony A1 e A9.

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Neste mesmo sensor de imagem, a Canon integrou a tecnologia Dual Pixel AF de focagem automática, que permite que dois fotodíodos em cada píxel assumam essa função, recorrendo a um sistema por detecção de fases.

Isto garante uma excelente velocidade e precisão, tornando esta câmara ideal também para fotografar desportos ou objectos em movimento rápidos, como desportos motorizados.

Um detalhe peculiar é o facto de a Canon ter dotado esta EOS R5 Mark II da mesma tecnologia que dotou a EOS R3, o sistema de controlo ocular para a focagem automática (AF Eye Control).

Esta tecnologia recorre a um conjunto de sensores de infravermelhos de determinam a posição do olho do utilizador, quando este utiliza o visor electrónico (EVF), aplicando assim um ponto de focagem de acordo com a orientação do seu olho.

O conceito é extraordinário, mas nem sempre funciona na perfeição. Porém, quando funciona, a sensação é extraordinária. Parece ficção científica.

Desempenho de excepção

Como seria de prever, fotografar com esta câmara é uma experiência extremamente agradável. A já referida ergonomia, associada à elevada rapidez, precisão e alta resolução do sensor, fizeram-me, durante uns dias, deixar o smartphone de lado para tirar fotografias quotidianas.

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Em condições de fraca luminosidade, mesmo sem precisar de abusar da sensibilidade ISO, foi possível captar imagens com uma elevada qualidade sem ruído. Neste campo, só a partir de ISO 6400 é que começa a surgir algum ruído, mas mesmo assim, até ISO 12800 conseguirá tirar fotografias com um nível de ruído perfeitamente aceitável.

Mas é em alta velocidade que esta EOS R5 Mark II brilha, não só a captar atletas numa corrida, jogadores num treino de futebol, carros a passarem, ou aviões a levantarem voo. A combinação deste rápido sensor com o sistema AF eficaz torna esta câmara numa ferramenta extraordinária.  

Video de topo

Em termos de vídeo, esta EOS R5 Mark II revela ser a evolução esperada do modelo original. Para além de manter a resolução máxima nos 8K, é agora possível captar vídeo a essa resolução, em modo RAW com 12-bit até 60 fps, utilizando toda a superfície do sensor.

Precisa de velocidade? 4K a 120 fps servem? Precisa de vários modos de captação? Cinema EOS Movie com Canon Log 2 e Log 3 servem? Perfeito. Com a EOS R5 original, existiam fortes limitações quando captávamos vídeo em resolução 8K ou 4K a 60 fps. Com a nova EOS R5 Mark II? Nem por isso.

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Ainda assim, a Canon garante até 20 minutos sem problemas de aquecimento, mas verdade seja dita, colocando a câmara num tripé, com a bateria carregada e um cartão de 128 GB formatado, consegui chegar à totalidade da capacidade do cartão sem a máquina se queixar de sobreaquecimento (em resolução 8K a 60 fps nas definições máximas).

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Isto revela o bom trabalho efectuado no sistema de arrefecimento integrado desta câmara, embora seja necessário termos em consideração que este teste na rua, em pleno Verão, que os resultados serão, certamente, distintos. Agora em estúdio, no escritório ou num local com climatização controlada, o cartão poderá tornar-se no factor limitador.

Conclusão

Voltar a “brincar” com uma máquina como esta EOS R5 Mark II permitiu-me ir buscar boas memórias, da altura em que a Canon Portugal me convidou para a apresentação internacional, em Londres, da EOS R original.

A sensação de manuseamento deste novo modelo transmitiu-me a mesma sensação dessa experiência, que a Canon soube investir a sério neste formato de mirrorless, e que a arquitectura EOS RF é solução certa para quem se quer manter no universo Canon.

Adoro usar estas câmaras novas, e com esta EOS R5 Mark II voltei a sentir o desejo de voltar a usar câmaras digitais em vez do smartphone para fotografias mais cuidadas, algo para o qual anteriormente recorria à minha velhinha Sony Alpha A99.

A câmara é perfeita? Não, mas está lá perto. Excelente ergonomia, imagens de excepcional qualidade, rápida, precisa, com inovações peculiares, e excelentes capacidades de vídeo, o maior “pecado” desta câmara é, como seria de prever, o seu elevado preço.

Não acho, no entanto, que possa ser um novo capítulo no universo da imagem como foi a EOS 5D Mark II na sua altura, por duas razões simples: A Canon já tem câmaras muito boas com as mesmas capacidades; Há modelos de marcas rivais com capacidades similares.

Nota:

Por razões alheias à nossa vontade, as fotografias tiradas à câmara não podem ser utilizadas. Como tal, tivemos que recorrer às imagens de imprensa disponibilizadas pela Canon Portugal.

Preço

4859€ (corpo) | 6189€ (kit c/24-105mm)

OBS: Esta câmara, e objectiva, foram gentilmente cedidas pela Canon Portugal

selo Xá das 5

Gustavo Dias

Para quem, aos 10 anos já dava assistência aos computadores da escola que frequentava, não é difícil perceber que as tecnologias são uma das suas grandes paixões. Os mais de 22 anos de experiência no mercado de publicações tecnológicas permitiram assistir a uma evolução extraordinária, que não se vai ficar por aqui.

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