Hoje pela manhã estive com Pedro J. Moreno, o Senior Staff Research Scientist @ Google. Poderoso, não é? Mas a simplicidade como conseguiu explicar o que é o presente e o futuro da Google demonstra bem o seu conhecimento profundo sobre a tecnologia e o papel que representa e representará no nosso dia a dia.
Reconhecimento de Voz
Esta é uma das grandes apostas da empresa e onde sabe que pode ter um papel ainda mais determinante para a nossa vida. Um dos passos é transportar o conceito da própria Google que, de uma empresa mutifacetada que domina este mundo e o outro e faz aplicações extraordinárias, para além de combater todos os gigantes informáticos nos seus próprios campos de actuação, para uma Gateway com muito mais informação e serviços, quase omnipotente e presente. A Google passará a ser, num futuro muito próximo, o nosso assistente pessoal através de uma real interacção que passa, entre outros princípios, pela análise semântica. Exactamente! Este assistente vai interpretar a nossa conversa (dados) de uma forma construtiva e analítica; Por exemplo, podemos começar com a questão “Quem é o Presidente de Portugal?” e poderemos continuar com “Quantos filhos tem?” que o Google sabe que estamos a “falar” da mesma pessoa.
Esta nova capacidade de pesquisa, acompanhamento e processamento, é também a grande porta de entrada para os mercados emergentes, África e Ásia, por exemplo, chegando a uma imensa fatia de populações que nunca tiveram acesso ou mesmo noção do que é a internet. Imaginem então o potencial de uma ferramenta que utiliza a voz, nos mais diversos idiomas, para apresentar respostas ou soluções… mesmo para pessoas iletradas ou, por outro lado, invisuais.
Controlo fácil
Controlar o equipamento (ou tablet) através de comandos de voz é já uma realidade. Basta aceder ao microfone do smartphone e fazer a pergunta. Mas inserir dados na agenda, ditar textos, procurar direcções daqui para ali, pesquisar os locais de interesse ao nosso redor e tudo o mais apenas por voz é aquilo a que vamos ter de nos habituar em muito pouco tempo. Mas não é só nos equipamentos que transportamos que esta evolução se verifica. Imagine-se sentado no carro e poder mudar a estação de rádio, controlar a temperatura do ar condicionado, ligar os médios… tudo comandado pela Palavra…
Mais tarde, que é como quem diz daqui a meia década, esta forma de utilização estará disponível nos wearable, roupa e acessórios conectados entre si e à rede.
Como
A Google faz uso da inteligência artificial para a modelação do léxico, uma tarefa árdua que está a ser levada a cabo por uma equipa com cerca de 100 cientistas.
Uma das noções que este trabalho tem apresentado é a, atenção, desimportância do inglês como língua universal. Com o aumento de tráfego de dados por voz e o consequente Speech Search em vários idiomas, o inglês (quase omnipresente até 2011) vai começar a ser substituído por cerca de 50 idiomas já trabalhados pela Google, de um total de 300 num próximo futuro. Inclusive, estão a fazer-se esforços para incluir línguas mortas como o latim e, até, idiomas imaginários :).
Tudo isto está em Open APIs, um passo muito importante para a Google colectar ainda mais data, ao mesmo tempo que força os developers e utilizadores a terem um papel ainda mais activo em todo o processo.
Voice Search
Conversação
– co-referências (resolução)
– refinamento (contexto)
Para Moreno, que nos confidenciou que não viu o filme “Her” exactamente para continuar a pensar como tem feito até agora, o futuro passa por uma conversa normal com esta nossa assistente com inteligência artificial. Infelizmente, irão apostar mais no português brasileiro que no original, visto que o potencial é maior. Mas a Google está muito ciente das diferenças abismais entre estes dois idiomas e que a tarefa será bem mais árdua do que mudar de inglês britânico para inglês australiano.
Aguardamos para ver resultados. Por mim, recuso-me a cumprimentar o smartphone com um “oi, tudo legáu?”
Para uma próxima conversa fica a questão levantada por um colega sobre monetização/publicidade que o serviço irá ter. Será que vamos ouvir o reclame de viva voz?
Amanhã veremos.
O Google é a tecnologia em si, ele traz ela para nós, o comando de voz já se faz presente a algum tempo, a chegada nele em outros dispositivos é normal, isso vai acontecer, o controle apenas por voz, vai facilitar o comando com certeza.
De Abril de 2014 (quando esta conversa teve lugar) até aos dias de hoje, muita coisa evoluiu e mudou. Até alguns conceitos .)