Se o primeiro artigo desta série te deixou curioso sobre o que realmente acontece dentro de um televisor QLED genuíno, vamos agora mergulhar na física, mas prometo não te entediar com equações.
Há uma ironia bem-disposta no facto de a tecnologia de visualização mais avançada disponível para consumidores depender de partículas tão pequenas que precisarias de um microscópio electrónico para as ver. Os Quantum Dots são isso mesmo, nanométricos! Estamos a falar de estruturas com dimensões na ordem dos 2 a 10 nanómetros e, para se ter um, contexto, basta apontar que um fio de cabelo humano tem cerca de 80.000 nanómetros de espessura.
Mas o tamanho não é tudo, como se costuma dizer, e o que realmente torna os Quantum Dots especiais é aquilo que fazem.
A mecânica quântica no teu televisor

Quando iluminas um Quantum Dot com luz azul de alta energia (tipicamente vinda de LEDs azuis, os mais eficientes), acontece algo extraordinário: os electrões na estrutura cristalina absorvem essa energia, saltam para um nível energético superior e, quando voltam ao estado base, emitem luz. A cor dessa luz depende exclusivamente do tamanho do cristal.
Os Quantum Dots pequenos (2-3 nanómetros) emitem azul. Os Médios (4-5 nanómetros) emitem verde. E os Grandes (6-7 nanómetros) emitem vermelho. É um fenómeno chamado “confinamento quântico”, e é previsível ao nanómetro.
Isto significa que, ao contrário dos filtros de cor tradicionais que bloqueiam comprimentos de onda indesejados (desperdiçando energia no processo), os Quantum Dots convertem activamente luz azul em exactamente a cor necessária. É eficiente, é preciso e é elegante.
O que falta aos Fake QLED
Vê este vídeo que mostra exactamente o que um Real QLED tem e um Fake QLED não tem
Um televisor “Fake QLED” – termo que não é ofensivo, é apenas descritivo – usa filtros de cor convencionais sobre LEDs brancos ou azuis. Estes filtros são películas ou camadas de fósforo que absorvem certas frequências de luz e deixam passar outras.
O problema? Os filtros não são perfeitos. Deixam passar luz de frequências adjacentes, resultando em cores menos puras. Vermelho com um toque de laranja. Verde com um vislumbre de amarelo. Azul ligeiramente esverdeado. Aos olhos menos treinados pode parecer aceitável, mas está longe da precisão de um Quantum Dot genuíno.
Pior: com o tempo, estes filtros degradam-se. A exposição contínua a luz intensa e calor faz com que as suas propriedades ópticas se alterem gradualmente. Aquele televisor que tinha cores decentes quando o compraste? Daqui a três anos, a realidade será outra.
Brilho duradouro, cor pura

Os Quantum Dots genuínos oferecem duas vantagens críticas que nenhum filtro consegue replicar:
Pureza cromática: um Quantum Dot emissor de vermelho emite luz com um espectro muito estreito centrado no vermelho puro. Não há “contaminação” de outras cores. Isto traduz-se numa gama cromática (color gamut) significativamente mais ampla. Enquanto um bom painel LED com filtros pode cobrir 80-85% do espaço de cor DCI-P3 (o padrão da indústria cinematográfica), um QLED genuíno facilmente ultrapassa os 95%, aproximando-se dos 100% em alguns casos.
Estabilidade temporal: a estrutura cristalina dos Quantum Dots é intrinsecamente estável. Não se degradam significativamente ao longo do tempo se forem correctamente encapsulados, algo que a Samsung domina com o seu design proprietário. Isto significa que as cores que vês no dia em que compraste o televisor são essencialmente as mesmas que verás cinco ou dez anos depois.
Compare-se com filtros de fósforo, cuja degradação é mensurável e inevitável.
A questão do cádmio

Vale a pena um aparte sobre química: as primeiras gerações de Quantum Dots usavam cádmio, um metal pesado altamente tóxico. Funcionavam extraordinariamente bem do ponto de vista óptico, mas levantavam óbvias questões ambientais e de saúde.
A Samsung desenvolveu Quantum Dots sem cádmio, baseados em compostos de índio. É tecnologia proprietária, patenteada, e uma das razões pelas quais os QLED da Samsung custam o que custam. Não é só marketing, é investigação, desenvolvimento e certificação ambiental.
Os “Fake QLED” não têm este problema porque… bem, não têm Quantum Dots de todo. É uma vantagem por defeito.
Por que é que isto importa para ti?
Podes estar a pensar: “Tudo muito interessante do ponto de vista técnico, mas eu só quero ver Netflix.”
Justo. Mas eis a realidade: quando pagas por um televisor premium, estás a pagar por tecnologia que se mantém premium ao longo dos anos. Um Real QLED em 2025 ainda terá cores impressionantes em 2030. Um Fake QLED? A probabilidade de notares degradação visível é significativa.
Além disso, há a questão da eficiência energética. Quantum Dots genuínos convertem luz mais eficientemente do que filtros, o que significa que podes ter um painel mais brilhante com menor consumo. Num televisor de 65 polegadas ligado várias horas por dia, a diferença no consumo anual é mensurável na factura.
E depois há a simples questão de estares a comprar o que achas que estás a comprar. Se pagas um prémio por tecnologia QLED, mereces receber tecnologia QLED. Não uma versão “inspirada em” ou “quase como”. A genuína.
A física não negoceia

Ao contrário de muitas áreas do marketing tecnológico, onde as diferenças entre produtos são subtis e discutíveis, aqui a física é clara. Ou tens partículas semicondutoras nanométricas a emitir luz por efeito de confinamento quântico, ou tens filtros de cor sobre LEDs convencionais.
Não há meio-termo. Não há “mais ou menos QLED”. Ou é ou não é.
E a boa notícia? Ao contrário do que aconteceu com outras designações técnicas que foram apropriadas e esvaziadas de significado, desta vez há certificações. Há testes objectivos. Há formas de verificar.
A ciência está do teu lado. Basta saberes onde procurar.
Artigo em colaboração com a Samsung Portugal










Muito bom, obrigado ! 🙏
Excelente informação! 👍
Excelente
A qualidade supera a dificuldade da visão
Tudo se torna nítido
Obrigada pela clareza de informação
Artigo muito bom e esclarecedor.
Talvez seja a marca para a minha próxima compra de TV 😊
Bom trabalho
Cumprimentos