Não vou mentir, esta Sony já deixou de estar nas minhas mãos há um mês, mas continuo a pensar nela e a referi-la a quem pergunta qual é um dos melhores televisores da actualidade. Fica na memória (e na lista dos desejos) por vários motivos, mas o principal é o design. Poderão questionar-me “mas o design é sempre subjectivo e o que conta num TV é a qualidade de imagem e tal” e eu concordo. Mas este é um modelo que nos tira a respiração. De frente, que é realmente para onde olhamos, só vemos um bloco negro, um painel sem moldura, extraordinário nesta dimensão de 65”, com duas bases simples e de metal cromado, o que confere ao KD-65X9005C um toque de estilo mais clássico. Ao centro e na base do ecrã, uns milímetros a mais que escondem o logotipo e a luz (luzes) de operação.
Mas é de perfil que nos deixamos cativar. Façam-me um favor e agarrem numa fita métrica. Coloquem o dedo aos 3,9cm. Sim, isso mesmo. Pronto, é essa a espessura deste Sony: 3,9cm!!!! Só alarga na base porque tem de haver espaço para acomodar as colunas, a electrónica e as ligações. Esta base um pouco mais larga também permite montar a peça que a coloca na parede. Não o fiz em casa, pois sabia que esta KD-65X9005C iria sair mais tarde ou mais cedo, mas vi-a em exposição. E garanto-vos, parece que flutua no ar como se fosse um vidro. É apenas espectacular demais e tem aquele toque especial que faz de alguns produtos os modelos icónicos de uma década.
Vou fugir à extensa ficha com as características técnicas, mas não posso evitar mencionar as tecnologias que a Sony empregou nesta geração TV da qual o KD-65X9005C faz parte.
São 164 cm de ecrã Edge LED 4k/Ultra HD (3840 x 2160) com a nova tecnologia 4K Reality Creation Pro para ajudar ao upscaling das imagens de todos as nossas fontes, das mais modernas aos DVDs mais manhosos ou à terrível qualidade de 90% dos canais emitidos pelas operadoras nacionais. A coisa funciona mesmo bem e faz com que as Sony tenham sempre aquele factor X que agrada a alguns (quem gosta de imagens menos saturadas e mais realistas). Para reforçar tudo isto, lá estão as armas nipónicas já conhecidas do fabricante, como o ecrã Triluminos, e aquelas a que já poucos ligam, como o 3D Passivo.
A imagem é muito boa, não estava à espera de outra coisa, mas há que apontar que o preto não é o mais denso que já vi e que as imagens dos canais de fraca qualidade não conseguem, nem com a ajuda do RCPro, deixar de surgir sem estar esborratadas e pouco definidas. A única solução é mesmo evitar esses canais e escolher os FHD que começam a surgir em maior número. Seja devido à espessura e tecnologia do ecrã ou não, esta Sony perde para alguns modelos concorrentes neste campo, que apresentam resultados mais definidos. Mas estamos a comparar topos de gama que apresentam pontos fortes e menos fortes.
E o som? Bom, não existe o milagre encontrado na anterior mega bomba X9000B (e o único 10/10 que dei no Xá das 5), mas na pequena caixa traseira cabem quatro colunas que oferecem 7,5 W (cada) de potência de sinal. Não deslumbra, mas não precisamos de colocar o volume no máximo para acompanhar as aventuras de um qualquer herói. De qualquer forma, quem tem possibilidade monetária para comprar este televisor decerto não se fará rogado a gastar duas centenas de euros extra para adquirir uma coluna central. Existem pré-definições também para áudio como Padrão/Cinema/Futebol ao vivo/Música, mas façam como eu, utilizem os vossos próprios parâmetros.
O factor Android
Se a LG tem o WebOS, a Samsung aposta no Tizen. E enquanto a Panasonic opta pelo Firefox OS, resta o Android mais puro para alguns fabricantes como a Philips e a Sony, claro está. E então, que tal se comporta esta junção de esforços? Para utilizadores avançados, não é um drama, pelo contrário, pois possibilita trazer para a TV o que fazemos num tablet ou smartphone Android, com o download e a instalação das nossas Apps favoritas num ambiente mais comum e familiar (os outros sistemas permitem fazer o mesmo, embora em alguns casos, através de lojas próprias). Mas para quem não está acostumado com este tipo de linguagem, o processo é complexo e pode dar cabo dos nervos. As secções estão arrumadas por prateleiras, mas para chegarmos, por exemplo, a opção temporizador, temos de descer até à ultima secção para conseguir programar o relógio. Existem ainda sub-menus que ainda têm sub-sub-menus, todo um mundo de definições que tornam morosa a operação. Há que simplificar os processos e esta não é culpa da Sony, mas sim da Google.
Por seu turno, e também culpa, a Google só transmite com qualidade 2K, portanto, e para conseguirmos puxar todo o sumo desta Sony, é aproveitar a Netflix a 4K e os Blu-Ray que temos guardados. E aí, sim, ficamos com a respiração entrecortada por adjectivos superlativos. A imagem é estonteante, talvez também devido à dimensão da tela, e fico sempre com pena quando chega a hora de dormir. Sim, há hora para dormir e ainda bem, pois não se aguenta fisicamente mais do que 6 episódios de qualquer mega série sem pestanejar.
Podemos ainda escolher um dos presets: Standard, Vivid, Cinema Pro, Cinema Home, Sports & Game. Há realmente diferenças grande entre eles.
De salientar que a Sony fornece dois comandos, um tradicional com mais funções e outro bem pequeno com uma secção táctil para além do microfone. Talvez seja muito útil para escrever twitts no ecrã, mas continua a ser um processo moroso conseguir escrever ordens. E o microfone não serve para tudo. De qualquer forma, cuidado com os downloads pois cada aplicação tem o seu peso e estamos a falar de um televisor, não de um disco rígido SSD com 512GB.
Ligações
Existem para todas as necessidades: 4 HDMI com v2.0 e HDCP 2.2, três USB, ainda o horripilante Scart, áudio por RCA, óptico e 3,5mm (para os auscultadores), vídeo por componentes, Ethernet e, para os países adultos que não obrigam às Boxes das operadoras, dois sintonizadores satélite, serviço Freeview HD.
Conclusão
É o televisor mais fino do mercado, tem qualidades mas alguns defeitos. A imagem poderia ser mais contrastada, principalmente nos negros, pois o painel ainda emite alguma luz (ao contrário de modelos concorrentes). Não é grave, nem por sombras, mas aponto este dado menos conseguido porque há concorrentes que fizeram melhor neste campo. Defeito para mim é não conseguir emparelhar uns auscultadores bluetooth para, à noite, conseguir “ouver” filmes ou séries sem acordar a família ou vizinhança. É, para a minha utilização, uma obrigatoriedade e que realmente tem provocado algumas dores de cabeça, pois está chegada a hora de encontrar um novo modelo para a sala. Por outro lado, todos os serviços por streaming funcionam às mil maravilhas o que aliado à definição 4K da Netflix faz com que todos os defeitos sejam esquecidos. O bluetooth possibilita tudo o resto, há que não esquecer, pois hoje em dia é obrigatório conectar o smartphone à TV.
Mas é o design que fala e coloca esta nova Bravia no topo. É, talvez, a derradeira homenagem que se faz aos painéis LCD antes da futura aventura dos ecrãs maleáveis. E só por isso, há que dar os parabéns à Sony. Mais uma vez, conseguiram!
PVP: 2399€ (55″) e 3699€ (65″, versão ensaiada)