Spotify Daniel Ek drones , três palavras que hoje levantam um dilema ético global. Daniel Ek, CEO da Spotify, investiu 600 milhões de euros na Helsing, empresa alemã que desenvolve inteligência artificial para drones militares e sistemas autónomos. Este movimento não foi apenas financeiro: Ek assumiu também o cargo de chairman da Helsing, reforçando o seu envolvimento direto com a indústria bélica.
Spotify, Daniel Ek e a militarização da inteligência artificial
O protesto contra a plataforma ficou conhecido como o caso Spotify Daniel Ek drones, símbolo de resistência cultural.
Este investimento, noticiado pelo Financial Times e pelo The Guardian, colocou o fundador da Spotify no centro de uma polémica internacional que vai muito além da música. Pela primeira vez, a ligação entre uma plataforma cultural e a indústria de armamento foi discutida de forma global, envolvendo artistas, consumidores e a opinião pública.
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Bandas boicotam a Spotify em protesto
A reação não tardou. Bandas como King Gizzard & the Lizard Wizard, Deerhoof e Xiu Xiu decidiram retirar parte ou mesmo todo o seu catálogo da plataforma em protesto contra a decisão do CEO.
Num comunicado, os King Gizzard foram diretos:
“Fuck Spotify. Daniel Ek investe milhões em tecnologia de drones militares. Nós apenas removemos a nossa música da plataforma”
King Gizzard
Este gesto simbólico abriu um debate maior: pode a arte dissociar-se das escolhas éticas de quem controla a indústria? Para muitos músicos, a resposta foi clara — não.
Pagamentos baixos e polémicas antigas
O boicote não surgiu do nada. Há anos que artistas se queixam dos valores pagos pela Spotify. Em média, um músico recebe apenas 0,003 dólares por reprodução, um valor considerado irrisório.
A plataforma também tem sido alvo de críticas por dar destaque a conteúdos polémicos, em especial o podcast de Joe Rogan, acusado de difundir desinformação em várias ocasiões. Ou seja, o mal-estar com a empresa já estava instalado. O caso Helsing foi apenas a gota de água que fez transbordar a paciência de muitos artistas.
A Helsing e o negócio da guerra
A Helsing é uma startup fundada em 2021 que se tornou rapidamente num dos maiores projetos de defesa europeus. A empresa desenvolve:
drones autónomos de combate,
software de apoio a caças militares,
sistemas de defesa aérea com IA,
veículos e submarinos não tripulados.
Avaliada em mais de 12 mil milhões de euros, a Helsing representa para críticos a militarização acelerada da inteligência artificial. Para defensores, é um investimento estratégico para a segurança da Europa num contexto de tensões geopolíticas crescentes. Críticos veem no caso Spotify Daniel Ek drones um exemplo da militarização da inteligência artificial na Europa.
Spotify Daniel Ek drones: o dilema ético do consumidor
Tecnicamente, o dinheiro das subscrições da Spotify não vai diretamente para a Helsing. O investimento foi feito de forma pessoal por Daniel Ek, através da sua empresa de capital Prima Materia.
Mas a questão ética mantém-se:
Ao pagar a subscrição da Spotify, os utilizadores estão a sustentar o império de um CEO que investe fortunas em armamento.
Isto levanta a pergunta: queremos que a música — linguagem universal de paz — esteja ligada, ainda que indiretamente, à indústria da guerra?
Alternativas e resistência cultural
Em resposta, várias bandas começaram a migrar para plataformas como o Bandcamp, onde os artistas recebem maior percentagem da receita e mantêm uma ligação mais direta com os fãs. Outros optaram por transmissões ao vivo como forma de resistência e de consciencialização do público.
O boicote pode custar visibilidade e dinheiro, mas reforça coerência ética. Lembra-nos que a música não é apenas negócio, é também contestação e consciência social.
Conclusão: música ou drones?
A história de Daniel Ek e da Helsing é mais do que um episódio corporativo. É um reflexo de como o poder económico da tecnologia se cruza hoje com a arte, a política e a guerra.
No fim, o caso Spotify Daniel Ek drones mostra que escolher onde carregamos no play é também escolher o tipo de mundo em que queremos viver.
João Maria é especialista em Segurança e Saúde no Trabalho, perito em acidentes laborais e auditor de qualidade. Com uma carreira marcada pela gestão de pessoas, implementação de projectos e resolução de crises, alia a experiência prática a uma visão crítica sobre política, economia e sociedade. Procura, em cada intervenção, não apenas soluções imediatas, mas também abrir espaço a novas conversas e oportunidades de transformação.