Xá das  5
  • NOTÍCIAS
  • Audio
  • RODAS
  • Video + Foto
  • Análises
  • Opinião
  • Mobile
  • Ideias
Sem resultados
Ver todos os resultados
Xá das  5
  • NOTÍCIAS
  • Audio
  • RODAS
  • Video + Foto
  • Análises
  • Opinião
  • Mobile
  • Ideias
Sem resultados
Ver todos os resultados
Xá das  5
Sem resultados
Ver todos os resultados

A IA vai matar os blogs ou já matou?

João Gata por João Gata
Agosto 3, 2025
A IA generativa marca o fim dos blogs e sites
Share on FacebookShare on Twitter
A IA generativa marca o fim dos blogs e sites

IA generativa: conteúdo roubado, tráfego em queda e o futuro da “web aberta”

Ah, a fantástica IA que vai mudar o mundo para melhor… mas quantos mortos vai fazer ao longo do caminho? Neste preciso momento, milhões de chatbots de IA extraem respostas a partir de artigos disponíveis na internet, provocando a leitura imediata desse sumário e desviando a visita ao site ou blog e jornalista ou autor que, afinal, suaram para escrever esses mesmo artigos.

Este novo modelo de consumo de informação está já a destruir o tráfego e a receita de blogs e sites de conteúdo independentes, que dependem de visitas para sobreviver. As plataformas de IA não remuneram os criadores pelas informações que utilizam, criando um desequilíbrio no eco-sistema digital que pode ter consequências irreversíveis para a diversidade informativa online.

O drama silencioso dos criadores independentes

IA vs blogs e sites
imagem “naturalmente” gerada por IA

Imaginem o que é passar anos a construir um blog, alimentando-o com conteúdo original e conquistando leitores fiéis, para de repente ver as visitas despencarem. Nos EUA, uma blogger de finanças pessoais relatou queda de 42% no tráfego em apenas seis meses, depois que o Google passou a resumir as suas dicas num snippet de IA: os leitores obtinham respostas directas sem clicar no site, e a receita publicitária caiu 51% no período (sim, porque nos EUA, a receita publicitária “it’s a thing”).

Este cenário não é isolado: sites de notícias e blogs por todo o mundo têm assistido a quebras drásticas de tráfego e rendimentos desde a ascensão de ferramentas de IA generativa como o ChatGPT, o Bing Chat, o Gemini e os novos resultados de busca da Google. Em muitos casos, esses chatbots “devoram” conteúdo de terceiros e entregam-no ao utilizador sem que este visite a fonte original, resultando em zero tráfego ou receita (de qualquer tipo) para o autor.

O impacto vai além dos números: cada clique perdido representa não apenas receita que se evapora, mas também a quebra de uma relação directa entre criador e audiência. Quando um utilizador obtém informação através de IA, perde-se o contexto da marca, a oportunidade de descobrir outros conteúdos relacionados, e principalmente, a possibilidade do criador construir uma comunidade em torno do seu trabalho. A tal famosa e duramente conquistada #reputação que é o que ainda faz vibrar o Xá das 5.

É uma mudança estrutural que alguns já encaram como ameaça existencial para a “web aberta” baseada em conteúdo gratuito financiado por publicidade. Mais preocupante ainda: esta revolução está a acontecer em silêncio, longe dos holofotes mediáticos, afectando milhares de pequenos autores que simplesmente vêem as suas audiências desaparecer sem compreender completamente porquê.

A IA que reproduz conteúdo alheio e seca o tráfego dos sites

Ferramentas de IA generativa aprendem com milhões de palavras e imagens disponíveis online, grande parte proveniente de blogs e sites de conteúdo publicados gratuitamente. Na prática, esses modelos conseguem imitar informações desses sites e responder instantaneamente ao utilizador, muitas vezes com a mesma substância que ele encontraria num artigo ou post, só que sem qualquer clique no site original.

Por exemplo: o Google lançou a função AI Overview no seu motor de busca, que mostra um bloco de texto resumido no topo da página de resultados. Esse resumo, gerado por IA, fornece ao utilizador a resposta desejada de imediato e empurra os links “azuis” tradicionais para baixo, diminuindo drasticamente a probabilidade de serem abertos. O resultado? Sites que antes lideravam determinadas pesquisas reportam perdas massivas de público. Uma análise revelou que uma página que ocupava o primeiro lugar no Google pode perder cerca de 79% do tráfego naquele tópico quando surge abaixo de um resumo por IA. O próprio Xádas5, que entretanto recuperou devido a uma drástica mudança de direcção em muitos artigos, tinha perdido quase 70% de tráfego entre 10 a 22 de Junho. Mas o Xá é um blog de nicho consumido quase exclusivamente por leitores portugueses (ou, vá lá, lusófonos) o que ainda lhe confere alguma resistência ao descalabro actual.

A mecânica da canibalização digital funciona assim: a IA extrai a essência informativa de múltiplas fontes, recompõe numa resposta aparentemente original, e entrega ao utilizador uma solução completa. O utilizador, satisfeito com a resposta imediata, não sente necessidade de “cavar mais fundo” visitando as fontes originais. É o triunfo da conveniência sobre a curiosidade, da síntese sobre a exploração. Ou seja, é como responder ao título (geralmente clickbait) de uma notícia sem ler o conteúdo da mesma.

O mesmo efeito está a acontecer fora do Google. Chatbots dedicados como o ChatGPT ou o Perplexity AI respondem a perguntas do utilizador consultando os conhecimentos que agregaram (em grande medida, retirados de conteúdos online), mas raramente encaminham o utilizador para as fontes. Eu próprio sou um exemplo disto, pois faço muitas pesquisas através destes “novos” meios. Um estudo indicou que chatbots de IA enviam 96% menos tráfego de referência para sites de notícias do que as pesquisas Google tradicionais. Noutras palavras, quase ninguém sai do ambiente do chatbot para clicar num artigo original, uma inversão completa do modelo da “web aberta”, onde os motores de busca funcionavam como pontes que ligavam o utilizador às páginas dos criadores.

Casos reais: quando os números contam histórias humanas

A IA generativa marca o fim dos blogs e sites
Imagem naturalmente fotografada sem IA

Não por acaso, multiplicam-se os relatos de colapso de visitas em blogs e sites independentes. Muitos autores de pequenos sites/blogs de nicho (de culinária a tutoriais DIY) viram o número de visitantes encolher abruptamente nos últimos meses. Um caso ilustrativo: uma empreendedora digital nos EUA observou o tráfego do seu site de projectos domésticos cair 70% de um mês para o outro, o que levou a uma queda de 65% nas receitas de publicidade, um prejuízo de dezenas de milhares de dólares. “O Google agora vasculha os meus tutoriais e exibe o passo-a-passo directo na busca, e os leitores já não precisam de vir ao meu blog”, lamentou a bloguer.

Por trás de cada percentagem há uma história pessoal: a mãe que criou um blog de receitas para complementar o orçamento familiar e agora vê o suplemento extra desaparecer; o especialista em tecnologia que construiu uma reputação online ao longo de anos e se vê substituído por respostas genéricas; o jornalista freelancer que dependia do tráfego orgânico para sustentar investigações independentes, tantos etecéteras.

O fenómeno repete-se em inúmeros sectores: blogues de viagens (onde guias detalhados são substituídos por itinerários automáticos), tecnologia (onde análises / reviews aprofundadas competem com resumos instantâneos), culinária (onde receitas familiares se tornam algoritmos), finanças pessoais (onde conselhos personalizados são generalizados), todos vêem a sua audiência diminuir à medida que a IA oferece respostas rápidas e pré-mastigadas.

Para sites maiores, a tendência também é preocupante. Desde que a Google incorporou respostas por IA na pesquisa (SGE), a proporção de buscas que não gera cliques disparou. Um levantamento da Similarweb mostrou que, no sector de notícias, o índice de pesquisas sem clique saltou de 56% para quase 69% entre maio de 2024 e maio de 2025, após o lançamento do AI Overview. Nesse mesmo período, o tráfego orgânico dos sites noticiosos caiu de 2,3 mil milhões para 1,7 mil milhões de visitas, uma quebra gigantesca que representa centenas de milhões perdidos em receita publicitária.

Alguns jornais online relatam perdas de metade do tráfego oriundo do Google: também segundo a Similarweb, sites como o HuffPost e o Washington Post tiveram 50% menos visitas orgânicas após a introdução dessas respostas automatizadas. Até mesmo gigantes como o New York Times sentiram a estalada, com a percentagem do seu tráfego proveniente de buscas a cair de 44% para 36,5% nos últimos três anos.

A ironia dos tempos: embora ferramentas como o ChatGPT estejam a referenciar mais conteúdos jornalísticos – as menções do ChatGPT a sites de notícias cresceram 25 vezes de 2024 para 2025 – isso não compensa a queda nas visitas via Google. A mesma análise indica que esses novos acessos via IA representam apenas uma fracção do que se perdeu em cliques orgânicos. Ou seja, a conta não fecha para os criadores: mais menções, menos visitantes, receita em queda livre.

Sem criadores, a IA também fica sem conteúdo

Toda esta dinâmica expõe um paradoxo fundamental que pode determinar o futuro da internet: a IA generativa prospera alimentando-se do conteúdo produzido por humanos, mas ao fazê-lo de forma que mina a sobrevivência desses mesmos produtores. A IA não remunera nem dá crédito à vasta maioria das fontes que utiliza como treino ou referência imediata. Blogs, artigos e posts tornam-se combustível gratuito para grandes modelos, ao mesmo tempo que os seus autores perdem a audiência e a remuneração necessárias para continuar a criar.

A curto prazo, esta é uma vantagem unilateral para as Big Tech, que colhem os frutos do conteúdo alheio sem pagar. Mas a longo prazo? O desaparecimento de sites independentes e media tradicionais acarretará um “empobrecimento da internet e das próprias IAs”.

A matemática é simples e assustadora: sem novas informações de qualidade produzidas por humanos, os modelos de IA perdem matéria-prima para treinar. Já se fala na possibilidade de uma “internet morta” dominada por conteúdo automatizado, num ciclo vicioso em que a IA acaba a regurgitar cada vez mais material produzido por ela própria. Investigadores das universidades de Stanford e Rice alertaram num estudo recente que treinar IAs repetidamente em cima de dados gerados por IAs leva a uma degradação progressiva da qualidade e da diversidade dos modelos, um fenómeno apelidado de “colapso do modelo“.

Em suma, sem inteligência natural, não pode haver inteligência artificial ou pelo menos não com a riqueza e a fiabilidade que hoje esperamos. Este paradoxo coloca em xeque não apenas a viabilidade financeira da “web aberta”, mas a própria sustentabilidade do eco-sistema de conhecimento digital.

O modelo que vigorou nas últimas duas décadas, em que milhões de indivíduos e pequenas empresas criavam conteúdo livremente, financiados por tráfego e publicidade, ou por subscrições voluntárias, está ameaçado. Se a balança continuar desequilibrada, com a IA a retirar valor sem dar nada em troca, muitos criadores vão fechar as portas. E se os blogs, fóruns, sites especializados e até OCS encolherem ou desaparecerem, o próprio eco-sistema de conhecimento online definha.

Ironicamente, as IAs ficariam sem fontes fiáveis para “beber” informação, prejudicando a próxima geração de ferramentas inteligentes. Estamos, portanto, diante de uma relação de parasitismo digital insustentável: a IA, tal como está, suga os nutrientes da “web aberta” mas ameaça matar o hospedeiro e, como é natural na fauna e flora, sem hospedeiro, ela também definha.

O que (não) estão a fazer as Big Tech, Media e motores de busca?

Perante esta crise emergente, qual tem sido a resposta das grandes empresas tecnológicas e dos detentores de plataformas? Até agora, um misto preocupante de negação, medidas tímidas e algumas disputas legais.

A Google – cuja posição dominante na busca a torna um actor central – tem minimizado o problema em público. A empresa afirma que continua a enviar “milhões de cliques” para sites diariamente e que não observou quedas acentuadas de tráfego na web como um todo. Deve ser a única… Porta-vozes da Google chegaram a classificar de “falhados” e “não representativos” os estudos que indicam perdas de 70%–80% nos cliques orgânicos devido ao AI Overview. Em abril de 2025, confrontado com relatos de editores arrasados pela quebra de tráfego, um executivo da Google respondeu ser “enganador atribuir culpas” específicas à IA, sugerindo que outros factores poderiam estar em jogo. Então, quais são?

Esta postura defensiva ignora uma realidade evidente: quando uma empresa com 92% de market share em buscas muda fundamentalmente como apresenta resultados, o impacto é sistémico e imediato. A posição oficial da Big Tech tem sido de “negação elegante”: reconhecer que as pessoas estão a aderir às experiências de pesquisa por IA, mas não admitir responsabilidade directa pela crise dos editores e criadores.

Nos bastidores, entretanto, a Google sabe do dilema. O próprio CEO, Sundar Pichai, admitiu que em Mountain View pondera-de como a nova busca por IA pode “prejudicar” os publishers tradicionais. Ainda assim, a empresa segue em frente e a todo o vapor, ou seja, com o business as usual da Google que agora é integrar IA em tudo, para não perder terreno para concorrentes como a Microsoft/OpenAI.

A aposta é clara: manter os utilizadores no eco-sistema Google por mais tempo (lendo respostas geradas, em vez de sair para outros sites) será lucrativo através de novos formatos de anúncios integrados às respostas de IA. Para a Google, recuar não parece opção: em maio de 2025 expandiu o SGE (Search Generative Experience) para todos os utilizadores nos EUA, apesar de protestos de associações de media que classificaram a apropriação de conteúdo alheio como equivalente a roubo de propriedade intelectual.

Outros players de tecnologia afinam pelo mesmo diapasão. Startups de busca por IA e diversos aplicativos que recorrem a modelos generativos simplesmente ignoram o impacto nos criadores, empolgados em oferecer conveniência instantânea aos utilizadores. Empresas como a OpenAI (criadora do ChatGPT) e a Meta (que integra IAs conversacionais nas suas plataformas) têm preferido argumentar que as IAs trazem “novas oportunidades” de descoberta de conteúdo e experiências enriquecedoras, ainda que os dados concretos contradigam esse optimismo tecnológico.

Em agosto de 2023, sob pressão, a OpenAI permitiu que sites incluíssem uma linha no seu robots.txt para impedir o GPTBot de ler conteúdo, uma concessão mínima, já que coloca o ónus nos editores e não oferece qualquer compensação financeira. É como oferecer um guarda-chuva furado durante uma grande borrasca.

A reacção dos media: entre resistência e adaptação forçada

Do lado dos media tradicionais, começa a surgir uma mistura de resistência judicial e tentativa desesperada de adaptação. Vários grandes grupos de comunicação avançaram para a via legal: em 2023, o New York Times moveu um processo contra a OpenAI, acusando-a de usar milhões de artigos protegidos por direito de autor para treinar o ChatGPT sem permissão. O processo, ainda em curso, pode estabelecer precedentes importantes sobre direitos autorais na era da IA (não encontrei nada sobre isto em sites portugueses, quem souber, envie).

Outros editores, como a agência Associated Press, optaram por negociar acordos de licenciamento: a AP fechou um acordo para permitir que a OpenAI treine os modelos nos seus arquivos, possivelmente em troca de alguma compensação. No entanto, até agora são excepções que confirmam a regra: a maioria dos criadores não tem poder de negociação para arrancar acordos similares.

A maioria dos sites noticiosos tenta proteger-se erguendo paywalls – o conteúdo fechado exige login ou assinatura, o que dificulta a vida aos scrapers de IA, mas também reduz a visibilidade nos motores de busca. É uma estratégia defensiva que pode funcionar a curto prazo, mas cria o risco de isolamento digital: sites pagos podem sobreviver financeiramente mas perder relevância.

Alguns veículos, como a Reuters, NY Post ou Business Insider, conseguiram ganhar tráfego de referência vindo do ChatGPT (a Reuters cresceu 9%, por exemplo), possivelmente por serem fontes que a própria IA cita com destaque. Mas nem isso é garantido ou significativo: o New York Times, apesar de estar entre os sites mais referenciados pelo ChatGPT, teve um ganho irrisório de 3,1% em visitas via chatbot, ao mesmo tempo que viu parte do seu tráfego orgânico ruir. Ou seja, mesmo quando a IA “ajuda”, não chega sequer perto de pagar as contas.

Regulamentação (…!)

E os reguladores e governos, estão atentos? Até agora, os sinais de uma solução sistémica são ténues e desencorajadores. Na União Europeia, discute-se no âmbito da AI Act alguma forma de protecção a conteúdos com copyright e transparência sobre dados de treino, mas nada de concreto quanto a remuneração de criadores ou mecanismos de partilha de receita. Ou seja, sempre o mesmo vindo da good old europe…

No Reino Unido, grupos de media apresentaram queixa às autoridades de concorrência, argumentando que a Google pode estar a abusar da posição dominante ao introduzir o AI Overview e sufocar o tráfego externo. A investigação está em curso, mas os precedentes não são animadores: reguladores tecnológicos têm historicamente sido lentos e as Big Tech são muito rápidas a adaptar-se ou contornar novas regras.

Nos EUA, pelo contrário, há forças políticas a bloquear qualquer iniciativa regulatória: no final de 2024, legisladores incluíram numa lei fiscal uma cláusula que impede estados de criar novas regulações de IA por 10 anos, reflectindo um lobby que equipara limitar a IA como dar “dar vantagem à China”. As Big Tech, claro, apoiam essa linha. Figuras como Nick Clegg (executivo da Meta) defendem que os publishers devem poder optar por não ceder conteúdo para treino, mas alertam que tornar isso obrigatório “mataria a indústria de IA” em países que o adoptassem, um argumento que reduz a esperança de medidas voluntárias de compensação.

Em suma, a regulamentação está atrasada e, em alguns casos, capturada por narrativas pró-IA que defendem a competitividade tecnológica sobre a sustentabilidade criativa. Não há, até ao momento, um modelo de remuneração justo em vigor: nenhum fundo global para pagar aos criadores pelo conteúdo usado, nenhuma taxa imposta às empresas de IA, nenhum mecanismo claro de partilha de receita. Parece aquele “bónus” de milhões que a Google anunciou para os Media portugueses e que vão sempre parar às mãos de dois ou três títulos que pertencem a grandes grupos, e nunca para blogs pequenitos e de autor que ainda são independentes e que era, a acreditar na papelada de submissão, o alvo preferencial desse dinheiro (sim, tive reuniões há anos até perceber o esquema).

O que se vê são movimentos isolados e insuficientes: empresas como a Reddit e o Stack Exchange passaram a cobrar pelo acesso às suas API (para desencorajar a extracção de dados em massa), e comunidades de artistas e escritores pressionam por direitos sobre os dados usados em treino. Contudo, para os milhões de bloguers, jornalistas independentes e criadores de nicho, a sensação é de total desamparo. Muitos não têm poder individual para negociar com gigantes, nem protecção legal específica e vêem a “torneira” do tráfego e das receitas a fechar-se diante dos seus olhos, enquanto aguardam por uma regulação que pode nunca chegar.

Sobreviver na era da IA: estratégias para criadores de conteúdo

Diante deste cenário, os criadores independentes e pequenas publicações online procuram alternativas reais para se reinventar. Não há a famosa “bala de prata”, mas diversas estratégias têm vindo a ser testadas, da mudança radical de modelo de negócio ao aproveitamento das próprias IAs como aliadas improváveis. Eis alguns caminhos possíveis, cada um com os seus méritos e limitações:

1. Focar em Newsletters pagas e subscrições directas

Uma opção é construir uma base de leitores fiéis dispostos a pagar pelo conteúdo, em vez de depender de tráfego anónimo vindo dos motores de busca. Plataformas de newsletter como Substack, ConvertKit ou Revue (ou mesmo o bom e-mail marketing das velha guarda) permitem que jornalistas, especialistas ou bloggers monetizem directamente o seu público mais dedicado.

A lógica é simples: se o Google não vai enviar leitores, é preciso ir buscá-los directamente às suas caixas de correio. Assim, mesmo que as visitas orgânicas caiam, a receita dos assinantes mantém o negócio de pé. Vários criadores portugueses e internacionais já seguem este modelo, oferecendo conteúdo exclusivo, análises aprofundadas ou acesso antecipado via newsletter mediante uma pequena mensalidade.

É um retorno a um modelo quase artesanal de patronato digital, reminiscente das antigas subscrições de jornais, mas que pode funcionar para nichos com audiências altamente engajadas. O desafio: requer uma mudança mental tanto do criador (que deve pensar em valor premium) quanto da audiência (que deve estar disposta a pagar pelo que antes era gratuito). E ambas, no caso português, são tremendamente difíceis.

2. Comunidades fechadas e Paywalls estratégicos

Nesta linha, há quem opte por criar comunidades privadas – seja num Discord, Slack, fórum exclusivo ou grupos fechados nas redes sociais – onde os membros pagam para aceder a conteúdo e interacção directa com o criador. Sites de conteúdo podem implementar paywalls (parciais ou totais) para garantir que apenas quem contribui financeiramente acede a certos artigos.

Embora isso possa reduzir o alcance inicial, garante pelo menos que quando o conteúdo é consumido, há um retorno financeiro. Além disso, conteúdo atrás de login dificulta a indexação por bots de IA, preservando algum controlo sobre como a informação é utilizada.

Modelos de adesão do tipo member-only também podem fortalecer o sentido de comunidade e pertença dos leitores, algo que uma IA genérica não oferece. A interacção humana, o debate, a possibilidade de influenciar o rumo editorial são valores intangíveis que justificam o pagamento para muitos utilizadores.

3. Diversificar plataformas: vídeo, podcasts e redes sociais

“Se não podes vencê-los…” Muitos criadores estão a migrar parte do seu conteúdo para formatos menos afectados pela IA textual. Vídeos no YouTube, podcasts, ou mesmo conteúdo em redes como o TikTok e Instagram Stories representam territórios onde a IA generativa ainda não domina completamente.

Por um lado, estas plataformas têm algoritmos próprios de pesquisa; por outro, é mais difícil a um chatbot textual substituir a experiência de ver um vídeo original, ouvir uma conversa num podcast, ou acompanhar a evolução de uma história através de posts sequenciais.

Há blogs que apenas funcionavam com texto que se transformaram em canais de YouTube ou adicionaram um podcast semanal, formas de alcançar o público onde ele está e diversificar fontes de receita (como publicidade em vídeo, patrocínios, merchandising, Super Chats, etc.). Conforme citado numa análise, criadores que detectaram a queda no Google investem agora em tutoriais no YouTube e webinars, canais que têm convertido melhor a audiência do que a velha busca orgânica. Mas até isso começa a ser um mundo cheio… de nada.

O contraponto: esta estratégia exige competências diferentes (edição de vídeo, técnicas de podcast, compreensão de algoritmos de redes sociais) e pode diluir a identidade do criador através de múltiplas plataformas. Fora o investimento em material de gravação, edição… e o tempo.

4. Abraçar a IA como ferramenta, não como inimiga

Outra alternativa contra-intuitiva é usar a IA a favor do criador. Isso pode significar desde o emprego de assistentes de escrita (como o próprio ChatGPT ou o já famoso Claude) para ganhar produtividade na elaboração de artigos, até criar chatbots ou experiências interactivas baseadas no próprio conteúdo do site. É preciso gastar dezenas de horas em aprendizagem, mas nada se faz “sem um canudo”, já nos diziam os papás.

Por exemplo, um blog pode treinar um modelo de IA com os seus artigos e oferecer aos leitores um “assistente virtual” no site. Desta forma, os utilizadores que gostam de conversação estilo ChatGPT, pelo menos fazem-no dentro da página do criador e não no Google. Alguns media exploram IAs para personalizar recomendações de conteúdo aos assinantes, ou para gerar conteúdos utilitários (como sumários, passatempos, traduções) que acrescentam valor à oferta.

Evidentemente, há um equilíbrio delicado: abraçar a IA não significa entregar-lhe a linha editorial, mas sim automatizar tarefas mecânicas e focar a criatividade humana onde ela faz diferença. Também pode passar por optimizar o conteúdo para as próprias IAs: o chamado SEO para IA ou AEO (Answer Engine Optimization) para estruturar informações de forma que os modelos citem correctamente a marca ou recomendem o serviço do criador.

É contra-intuitivo, mas alguns especialistas acreditam que “se não podes evitar que a IA use o teu conteúdo, ao menos ensina-a a apontá-lo de volta para ti”. A estratégia passa por criar conteúdo tão valioso e bem estruturado que a própria IA se sente compelida a citar a fonte. Mas… tudo não passa de uma putativa estratégia.

5. Especialização em ultra-nicho e Expertise inimitável

Uma tendência emergente é a hiper-especialização em áreas onde a IA ainda não consegue competir eficazmente: experiências pessoais únicas, análises baseadas em contactos exclusivos, investigação original que requer acesso físico ou relações humanas complexas. Mas Portugal sempre foi um mercado ridiculamente pequeno para este tipo de possibilidade. Mas de qualquer forma, vamos a isso:

A ideia é simples: tornar-se tão específico e autorizado numa área que a IA, por mais sofisticada, não consiga replicar a profundidade do conhecimento. Um blog sobre vinhos que inclui visitas às quintas, entrevistas com produtores e degustações presenciais oferece valor que nenhum algoritmo pode igualar. Da mesma forma, jornalismo de investigação que depende de fontes confidenciais, ou análises técnicas que requerem experiência prática hands-on.

6. O modelo híbrido: gratuito + Premium

Muitos criadores estão a adoptar um modelo híbrido: manter parte do conteúdo gratuito (para descoberta e SEO), mas reservar as melhores análises, conteúdos exclusivos ou acesso antecipado para subscritores pagos. É uma tentativa de ter o melhor dos dois mundos: visibilidade através do conteúdo gratuito e sustentabilidade através do premium.

Esta estratégia funciona especialmente bem para criadores que conseguem estabelecer uma clara diferenciação de valor entre o que oferecem gratuitamente e o que reservam para pagantes. O conteúdo gratuito serve como “isco” para demonstrar qualidade e atrair potenciais subscritores. Mas, como em tudo, é cada vez mais fácil ultrapassar essa “barreira” e ter acesso ao conteúdo fechado.

7. Reavaliar a carreira… (ah, pois é)

Por fim, há quem, em tom sarcástico mas não desprovido de realismo, sugira que os produtores de conteúdo considerem outras vias profissionais menos ameaçadas pela automação. Afinal, num mundo onde até a escrita criativa é imitável, talvez valha mais ser técnico de manutenção, canalizador ou torneiro mecânico, empregos tangíveis que um algoritmo não consegue executar remotamente (pelo menos por enquanto). Um pequeno à parte que me surgiu na memória: algumas décadas atrás, fui copywriter na maior agência de publicidade do mundo. Numa das muitas conversas com o meu director imediato, que tinha dois filhos e ainda geria duas lojas de antiguidades fora do trabalho criativo, ele disse-me de forma vigorosa que estava a tentar que os dois catraios tirassem cursos técnicos e especializados, como electricista ou canalizador: “serão as profissões de e com futuro, porque tudo isto vai mudar”. E não o ouvi…

Memórias à parte, a frustração é real: muitos bloggers e escritores independentes sentem que o tapete lhes foi puxado e ponderam seriamente mudanças de rumo. Para novos aspirantes, a ideia de começar um blog hoje, nas condições actuais, pode soar tão ingrata que simplesmente desistem antes de tentar. É uma perda de talento e diversidade criativa que empobrece a internet e que talvez seja o verdadeiro custo oculto desta revolução tecnológica.

Ainda há futuro para quem cria conteúdo online?

A situação é horripilante para criadores de conteúdo online. Tráfego em queda livre, modelos de negócio destruídos, gigantes tecnológicos a inovar de forma aparentemente indiferente ao sustento de milhões de pessoas que ajudaram a construir a internet como a conhecemos. Será este o fim da era dourada dos blogs e da “internet aberta”? Estará o futuro reservado apenas a conteúdo gerado por IA, replicado ad infinitum e ad nauseum, enquanto as vozes humanas deixam de se ouvir?

É importante notar que a história da internet é feita de ciclos disruptivos. Já antes se proclamou “a morte dos blogs” com a ascensão das redes sociais, e muitos sobreviveram encontrando novos nichos e formatos. A chegada da IA generativa é, sem dúvida, um abalo maior, porém, não necessariamente um apocalipse total.

Alguns tipos de conteúdo e abordagens humanas continuarão a ter valor que a IA não consegue replicar facilmente: jornalismo de investigação, opinião especializada baseada em experiência real, humor e empatia genuína, experiências pessoais autênticas, criatividade, análises que conectam pontos aparentemente desconexos. Essas qualidades humanas tendem a destacar-se numa web saturada de material genérico automatizado.

Os leitores e utilizadores podem vir a valorizar cada vez mais a autenticidade quando forem bombardeados por textos IA. Há sinais de que as audiências mais sofisticadas já começam a distinguir entre conteúdo humano e artificial, preferindo o primeiro para questões importantes ou quando procuram perspectivas genuinamente originais.

Além disso, pressões de mercado e sociais podem forçar ajustes estruturais. Se a qualidade das respostas por IA começar a degradar-se por falta de novos dados de qualidade (lembremos o risco da “internet morta”), as empresas de IA terão incentivo económico para investir na produção de conteúdo original e, quem sabe, financiando directamente certos criadores ou estabelecendo parcerias mais justas… esperemos estar ainda vivos nessa altura.

A União Europeia, com o seu histórico de regulação tecnológica, pode liderar iniciativas que forcem as Big Tech a partilhar receitas com criadores de conteúdo… mas isso é pedir muito a quem já demonstrou estar a ser alimentada por interesses que não são europeus.

Em última instância, se os utilizadores compreenderem o valor de apoiar criadores, seja pagando por conteúdo, seja preferindo fontes originais em vez de meras sínteses, isso pode influenciar profundamente as tendências futuras.

Há movimentos crescentes de “slow web” e “digital minimalism” que valorizam qualidade sobre quantidade, profundidade sobre conveniência.

Cenários futuros: três caminhos possíveis

Cenário 1 – a grande consolidação: neste futuro, apenas os maiores players sobrevivem ao negociar acordos de licenciamento com empresas de IA. Resultado? Os pequenos criadores desaparecem ou são absorvidos por plataformas que lhes oferecem migalhas. A web torna-se mais homogénea, controlada por poucas vozes, mas financeiramente sustentável para quem consegue escala.

Cenário 2 – a revolução dos micropagamentos: tecnologias emergentes (blockchain, sistemas de micropagamentos instantâneos) permitem que utilizadores compensem criadores automaticamente por cada consulta de IA que use o seu conteúdo. Desenvolve-se um eco-sistema onde a IA paga pequenas quantias sempre que cita uma fonte, criando um modelo sustentável de partilha de valor.

Cenário 3 – o renascimento da autenticidade: a saturação de conteúdo artificial gera uma reacção contrária. As audiências procuram cada vez mais experiências humanas autênticas, comunidades pequenas mas conectadas, conteúdo que reflicta perspectivas únicas. Os criadores especializam-se em nichos ultra-específicos e prosperam através de ligações directas com os seus públicos.

Em suma, a adaptação é fundamental

O futuro dos criadores online é tremendamente desafiador, mas não necessariamente inexistente. Haverá uma consolidação natural: os que conseguirem adaptar-se, inovar no formato e alimentar comunidades leais terão mais hipóteses de prosperar num mundo com IA omnipresente. Muitos terão de combinar várias estratégias – um pouco de paywall, um pouco de SEO para IA, diversificação de plataformas, comunidades fechadas – para juntar as peças do seu “sustento digital”.

Outros, infelizmente, não resistirão, tal como muitos jornais não resistiram à transição digital das últimas décadas, ou como muitas lojas físicas não sobreviveram ao e-commerce. A “web aberta” como ideal enfrenta talvez o seu maior teste de sobrevivência, mas isso não significa necessariamente a sua morte, pode até significar a sua evolução para algo diferente e, potencialmente, mais valioso.

O que se perdeu em quantidade pode ser compensado em qualidade. Se a IA se encarregar do conteúdo genérico e utilitário, os humanóides (!) podem focar-se no que fazem melhor: criar ligações emocionais, oferecer perspectivas únicas, investigar o que ninguém mais investiga, entreter e inspirar de formas que nenhum algoritmo consegue replicar.

A responsabilidade colectiva

As empresas de IA devem reconhecer que não podem prosperar roubando indefinidamente um eco-sistema sem dar nada em troca. Mecanismos de partilha de receita, acordos de licenciamento justos, ou investimento directo em criação de conteúdo original não são apenas questões éticas, são necessidades económicas de longo prazo.

Os governos precisam de actualizar os regulamentos para uma realidade onde algoritmos consomem propriedade intelectual em escala industrial. Isso pode incluir impostos sobre utilização de dados, fundos de compensação para criadores, ou regras de transparência sobre fontes utilizadas por IAs.

As plataformas digitais (Google, redes sociais, etc.) devem equilibrar inovação com sustentabilidade do eco-sistema. Oferecer ferramentas apenas para depois minar o modelo de negócio dos utilizadores é uma estratégia auto-destrutiva.

Os próprios criadores têm de abraçar a mudança e experimentar novos modelos, em vez de apenas lamentar o passado. Isso requer humildade para aprender novas competências, coragem para experimentar formatos diferentes, e resiliência para enfrentar períodos de transição financeiramente difíceis.

E os consumidores de conteúdo – todos nós – devemos reconhecer que informação de qualidade tem um custo. Se valorizamos perspectivas diversas, jornalismo independente e criatividade original, precisamos de estar dispostos a apoiar esses valores, seja através de subscrições, doações, ou simplesmente visitar sites originais em vez de nos contentarmos sempre com resumos automáticos.

Concluindo, se possível: a “Web Aberta” não morreu, está a evoluir

Resta uma certeza inquestionável: continuamos a precisar de conteúdo original, relevante e genuinamente humano. Se a IA generativa veio para ficar, e tudo indica que sim, que seja então como complemento e amplificador da criatividade humana, não como seu substituto.

Há um enorme valor intangível em comunidade, em diálogo directo com um autor, em conhecer a história por trás de um texto, em acompanhar a evolução do pensamento de alguém ao longo do tempo. São valores que nenhuma inteligência artificial pode igualar, por mais sofisticada que seja. A questão não é se haverá futuro para criadores de conteúdo, mas de que tipo será esse futuro.

Enquanto houver quem procure essas “conexões humanas ainda autênticas” e quem esteja disposto a criar com paixão, rigor e originalidade, haverá futuro para o conteúdo online. Pelo menos é o que queremos acreditar, enquanto criativos. Pode não ser um futuro igual ao passado recente, possivelmente com menos sites, mais pequenos e sustentados por modelos híbridos e audiências mais engajadas, mas será um futuro pois esse acontecerá de qualquer maneira ou formato.

A saúde da “web aberta” interessa até a quem hoje a explora aparentemente sem consequências: sem criadores, não há diversidade de conhecimento e sem diversidade, não há inovação verdadeira. Mesmo as IAs mais avançadas dependem da riqueza criativa humana para continuarem a evoluir e a surpreender.

Cabe a todos, indústria, governos, criadores e público, decidir se esse futuro será rico em perspectivas diversas ou se aceitaremos uma internet de respostas fáceis porém vazias de alma. A “web aberta” não está a morrer; está a ser testada. E como em todos os testes difíceis, os que sobreviverem sairão mais fortes, mais focados e, esperemos, mais valiosos.

Afinal, numa era de informação instantânea e artificial, a escassez não está na informação mas na sabedoria, na perspectiva, na humanidade. E isso, pelo menos por agora, continua a ser um monopólio exclusivamente nosso. Até deixar de ser…


Fontes e referências

As informações e dados citados neste artigo foram obtidos de análises recentes e testemunhos de especialistas, incluindo estudos de tráfego da Similarweb e Pew Research sobre o impacto do Google AI Overview no declínio de cliques, artigos do The Guardian e eWeek detalhando as quedas significativas no tráfego de sites após a introdução de respostas por IA, bem como reportagens da Exame e Fast Company Brasil sobre a migração da audiência para chatbots e a consequente diminuição das visitas orgânicas e receitas publicitárias.

Também foram referenciadas reflexões de especialistas sobre o paradoxo da dependência entre IA e criadores de conteúdo e comentários da News/Media Alliance criticando a apropriação de conteúdo por modelos generativos.

Por fim, mencionam-se iniciativas e reacções do mercado, desde processos judiciais (como o do NY Times contra a OpenAI) até estratégias de adaptação de criadores independentes, conforme discutidas em fóruns e artigos voltados à comunidade de blogging e marketing digital. Todas as citações e referências estão vinculadas às respectivas fontes para consulta e verificação.

Bem haja pela paciência se chegaram até aqui. Acho que valeu a pena!

Tags: fim dos Blogs e sitesIAIA generativaIA vs blogs
João Gata

João Gata

Começou em vídeo e cinema, singrou em jornalismo, fez da publicidade a maior parte da vida, ainda editou discos e o primeiro dos livros e, porque o bicho fica sempre, juntou todas estas experiências num blogue.

Próximo artigo
Análise HP OMEN Transcend 14

Análise HP OMEN Transcend 14

Comments 2

  1. João Maria says:
    2 meses atrás

    João, este texto devia vir com um aviso: “Ler com tempo, e com uma manta caso entre a angústia existencial digital.”

    Está brilhante. E, ao mesmo tempo, assustador. Há aqui uma elegância desconcertante na forma como desmontas o ecossistema onde nós, criadores (ainda) humanos, tentamos sobreviver sem que nos esvaziem o depósito criativo.

    Adorei a imagem do “parasitismo digital insustentável” uma espécie de IA-piolho que se alimenta do nosso conteúdo mas nos deixa sem receita nem couro cabeludo.

    Tenho de pensar duas vezes antes de escrever na redes sociais . Não vá o ChatGPT apanhar o texto no minuto seguinte, transformá-lo numa thread no X, e ainda ganhar um Pulitzer algorítmico à minha custa.

    Agora mais a sério: precisamos mesmo de mais vozes como a tua a lançar luz sobre o que se está a perder, antes que tudo isto se transforme numa Wikipedia com emojis e sem alma.

    Abraço.

    Responder
    • João Gata says:
      2 meses atrás

      Obrigado, JM! É, realmente. assustador. Um leitor hoje mesmo escreveu nos comentários deste post no FB que “o analógico será a última réstea de humanismo”. Tendo a concordar.

      Responder

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Recomendados.

Photokina | Tamron SP 15-30mm F/2.8 Di VC USD

Photokina | Tamron SP 15-30mm F/2.8 Di VC USD

Setembro 15, 2014
Canon celebra marcos significativos

Canon celebra marcos significativos

Junho 30, 2023

Tendências.

Amplifon LiNX é aparelho auditivo compatível com Apple

Amplifon LiNX é aparelho auditivo compatível com Apple

Junho 29, 2014
5 Prompt ‘s eficazes para o “teu” Google Gemini

5 Prompt ‘s eficazes para o “teu” Google Gemini

Fevereiro 18, 2025
Ecrã do Spotify com aviso de actualização dos termos de utilização

Spotify 2025: os novos Termos e o que perdes

Setembro 7, 2025
FNAC dá até 90€ extra na retoma de iPhone e aposta na sustentabilidade

FNAC dá até 90€ extra na retoma de iPhone e aposta na sustentabilidade

Agosto 11, 2025
Garmin Body Battery

Body Battery é um dos melhores recursos da Garmin

Agosto 7, 2023

Parceiros

TecheNet
Logo-Xá-120

Gadgets, tecnologia, ensaios, opinião, ideias e futuros desvendados

  • Estatuto editorial
  • Política de privacidade , termos e condições
  • Publicidade
  • Ficha Técnica
  • Contacto

© 2025 Xá das 5 - Director: João Gata

Sem resultados
Ver todos os resultados
  • NOTÍCIAS
  • Audio
  • RODAS
  • Video + Foto
  • Análises
  • Opinião
  • Mobile
  • Ideias

© 2025 Xá das 5 - Director: João Gata