Existem equipamentos que nos conquistam ao primeiro olhar… ou à primeira noção do que consegue oferecer. Este é o caso do novo smartphone LG Velvet, quiçá o mais bonito de todos quanto surgiram em todo o ano 2020.
A LG faz excelentes smartphones mas dá constantemente tiros no próprio pé em relação à forma como os anuncia e comercializa.
Em Portugal, por exemplo, é uma daquelas marcas que ou se conhece bem, porque se lê o Xá das 5 e outros blogues, ou passa completamente ao lado.
E atenção: foi a LG que fez o primeiro ecrã curvo, que surgiu com duplo ecrã frontal, que apresentou capas em madeiras nobres, que tem software próprio que faz realmente uma boa utilização das câmaras de que dispõe, e muitos etc..
Então porque raio não consegue saltar para a frente do campeonato?

Será este o média gama perfeito?
Quando agarramos no LG Velvet pela primeira vez ficamos imediatamente impressionados com a pureza e simplicidade do design.
Ou seja, uma nova designação para tentar recuperar a imagem da própria marca que, recordo, é top de vendas em televisores e frigoríficos, por exemplo, mas com especificações técnicas menos avançadas e dispendiosas.
Com o Snapdragon 765, 6GB de RAM e 128GB de memória, é um média gama com preço alto, sim, mas há nele certas características bem mais importantes que o processador ou a RAM.

Um “monstro” leve e bonito
Pesando apenas 180 g, tem ecrã OLED tem 6,8” (formato 20.5:9) e laterais curvas e 2460x1080p de qualidade, com uma câmara frontal que ainda tem notch.
A falta de rapidez nota-se, por exemplo, no sensor de impressões digitais sob o ecrã, que podia ser mais lesto.
Com apenas 7,9mm de espessura, o design é premium, a construção tem vidro e metal, gorila glass e tudo isso, mas é nos pormenores técnicos “escondidos” que descobrimos as mais valias do Velvet.
Destaco a integração Google quase perfeita (Assistant, Lens, Notícias, Podcasts), um conjunto de câmaras que merecem, como é normal na marca, um aplauso mas neste caso com reticências, um sistema áudio que exige explicação e, atenção, a manutenção do minijack 3,5mm.
Podemos escolher usar dois SIM ou um mais cartão de memória, filmar em 4K, ouvir música em estéreo e carregamento por indução.
Vamos aos pormenores?

O que é muito bom
Não me quero repetir, mas ter este Velvet na mão é uma experiência invulgar, pois sabemos que tem aspecto e traços que assumem um preço na ordem dos mil euros, mas custa pouco mais que a metade disso.
A bateria de 4300mAh aguenta dois dias de utilização e uma semana em standby, muito devido ao ecrã ter uma taxa de 60Hz.
Tem carregamento por indução, um carregador ultra-rápido, a entrada para míni Jack, que só por isso vale mais 10 pontos, e USB-C.

O que poderia ser muito bom
O que poderia ser especialmente bom e peca por defeito é… o som.
E por culpa própria, embora compreenda o desafio do preço/qualidade que levou a marca a não incluir o Quad DAC, ou seja, o diferencial áudio que a LG usa para fazer um boost dinâmico e qualitativo sem igual na reprodução áudio de alguns dos seus flagships.
Mas nem tudo é mau, pois surge com 3D Audio Engine o que ajuda a esquecer a falta do DAC com resultados muito bons.
Entendo esta solução no Velvet, pois o DAC iria encarecê-lo contra as intenções da marca.
De qualquer forma, temos duas colunas integradas e um sistema de equalização personalizado. Até podemos fazer Zoom áudio quando estamos a filmar.

O que está ok
O processador Snapdragon 765 é equilibrado, rápido na mudança de aplicações, menos lesto em alguns jogos, mas é eficaz para uma utilização normal e para o dia a dia.
A cereja no topo do bolo é que tem um chip 5G integrado, o que é fantástico para o Velvet mas, na verdade, pouca importa visto que ainda falta bastante tempo para a implementação da rede.
É resistente à água (IP68), tem NFC para emparelhamento e pagamentos.

O que é menos bom
Não é que me chateie, mas este ecrã merece mais velocidade que apenas 60Hz.
E não me chateia porque é um gama média onde esta é a norma. Mas, lá está, o design deste Velvet leva-nos sempre a pensar que estamos perante um topo de gama.

As câmaras
Não quis mencioná-las em cima porque poderia ser injusto.
Afinal, a LG tem mostrado que sabe (e muito) da poda e criou modelos com características únicas, principalmente em modos vídeo quase profissionais, que envergonham as restantes marcas (e que finalmente foram copiadas pela Sony nos seus recentes e extraordinários Xperia).
O conjunto de duas câmaras, sensor DoF mais flash fazem o efeito de gota de água, ou seja, o “raindrop” que também é design.
A única que tem um ligeiro “bump” é a principal, mas todas as outras estão à face da capa, o que levando em conta o quão fino é o Velvet, dá mesmo para impressionar.
A câmara principal tem 48MP f/1.8 mas fotografa a ¼ dessa qualidade para conseguir extrair todos os pormenores do objecto fotografado.
Mas embora sendo precisa no detalhe, não é referencial em luminosidade e brilho.
No modo retrato, utiliza toda a sua capacidade o que resulta em fotografias muito boas, com grande destaque em relação ao fundo desfocado.
Mas no modo normal, as fotografias tendem a sair, muitas vezes, mais escuras que o desejado e, na falta de luz natural, mesmo que tenhamos à disposição dois modos nocturnos, os resultados não entusiasmam porque já estamos habituados e expectantes em relação à magia do algoritmo que faz da noite dia.
Mas atenção, esta menor prestação é até mais realista que as demais, e só a menciono como menos positiva porque tenho usado smartphones “mágicos” nestes últimos tempos.
A segunda câmara é uma Ultra Grande Angular com 8MP f/2.2 que, também, poderia ser melhor do que é, principalmente se tivermos em conta que foi a LG que trouxe pela primeira vez um set de dupla câmara para o mercado, salvo erro no modelo G5 de tão boa memória.
O terceiro anel é um sensor de profundidade com 5MP f/2.4 e que consegue fazer um “bokeh” muito presente no modo retrato, mesmo que se perceba que está a desfocar o fundo de forma artificial.
Mas o resultado pode ser magnífico dependendo do que se quer fotografar e “retirar” do fundo.
Para terminar, mencionar a qualidade da câmara frontal que tem 16MP a f/1.9 e porta-se bastante bem para as videochamadas agora tão essenciais.

O que tem de ser melhorado
O software é ainda o Android 10 com o LG UX 10 que já tem algum tempo e surge com aquele misto dos ícones tipo iOS (o volume, por exemplo), mas outros elementos mais antigos, o que é uma mistura algo estranha.
Conclusão
Ter o LG Velvet na mão, principalmente nesta cor prateada, é excepcional. Sente-se e respira-se tecnologia e excelência de construção e materiais.
O design é fundamental para esta noção, como os extremos arredondados e algumas características mesmo boas.
Mas não é o melhor LG que experimentei (mesmo que tenha o Dual Screen como opção) e esperava algo mais das câmaras, principalmente em vídeo, e fiquei tristonho com a ausência do DAC que melhora, e muito, a qualidade de reprodução áudio.

É uma espécie de meio termo em que temos de sacrificar algumas coisas para ter outras, mas numa análise geral, temos sempre de o confrontar com concorrentes directos. E, neste caso, existem alguns que têm melhores características.
A grande questão é esta: vence a forma ou a função? E a resposta, neste caso, é sempre subjectiva.
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