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Desde que vi os estudos da primeira Civic Tourer que confessei a minha admiração e desejo. Gosto e trabalhei muitos anos em publicidade e design, portanto seria lógico que teria uma relação extrema com o modelo assim que visse a luz do dia e pedi, rezei, sofri para que a marca mantivesse quase inalterados os traços desses primeiros estudos. Felizmente, e ao contrário do que geralmente acontece, os nipónicos deixaram-se levar pela emoção e a Tourer começou a ser comercializada com poucas alterações em relação ao estudo que lhe deu origem.

Curiosamente, o Civic foi o primeiro ensaio auto que fiz para o Xá das 5 e podem lê-lo aqui. Se fiquei muito bem impressionado com o carro, não seria apenas uma questão de bagageira (que na Tourer chega aos 624 litros, um novo máximo na categoria) e outros pormenores presentes na carrinha que me poderiam mudar a opinião. Muito pelo contrário. E antes que me alongue, só posso afirmar que fiquei ainda mais fã desta excelente proposta.

Para além do design, há que destacar este motor diesel com uns muito vivos e elásticos 120 cavalos, a unidade que também dá excelente conta de si no CRV ( já o experimentei e as impressões serão publicadas brevemente) e no próprio Civic original. É uma das unidades mais completas e competitivas no mercado, manifestando um comportamento eficaz nos mais variados tipos de utilização, conseguindo proporcionar até algum prazer a baixos e a mais altos regimes. Mas tem outra característica muito importante: é bastante poupado. Já tinha dado por isso no hatchback, mas a Tourer conseguiu resultados que me impressionaram, como os pouco mais de 5 litros em utilização mista, se bem que com um comportamento comedido ao volante. Já em auto-estrada, esse número baixa com algum relevo, mas não cheguei a fazer muitos kms para ter um resultado que possa colocar aqui.

 

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Equipamento e conforto

O Civic é alcunhado, desde a anterior geração, por “nave espacial” e compreende-se devido ao cockpit muito moderno e em vários andares. Ao centro podemos olhar os comandos mais normais, como o velocímetro, nível de combustível e óleo, temperatura do motor e diversos avisos, para além de informações do computador de bordo, muito completo e simples de utilizar. Num plano mais elevado, o conta-km digital, ao centro a consola multimédia mais simplificada desde a anterior versão. O volante também está recheado de comandos, inclusive nos botões laterais. Numa primeira abordagem, e para quem não goste de botões e luzinhas, a coisa pode afigurar-se complicada, mas não é. Tudo funciona como nos restantes automóveis e, aliás, até se torna mais prático ter as várias informações divididas por espaços e níveis.

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No que respeita ao conforto de utilização, tudo o que foi dito sobre o hatchback confere-se na Tourer. O lugar do condutor mais parece um nicho e percebemos que estamos muito protegidos em caso de acidente. É, no entanto, pouco prático entrar ou sair, principalmente para os menos magros. Uma coisa compensa a outra com a noção de segurança ser muito real.

Existem alguns espaços para arrumar pertences, mas é a famosa configuração dos bancos traseiros, denominados “bancos mágicos”, que têm ainda mais destaque nesta carrinha que exibe a maior mala da classe, tendo ainda alçapão. E, garanto-vos, leva meio mundo e arredores. Os bancos mágicos estão retratados no ensaio Civic é são, sinceramente, um ponto muito a favor na escolha deste modelo em termos racionais, pois ao permitir levantar-se os assentos, cria-se um túnel de arrumação perfeito, por exemplo, para uma bicicleta (e, claro está, sem usar a bagageira).

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624L – Espaço de bagagem (Bancos elevados – até à janela)

1668L – Espaço de bagagem (Bancos rebatidos – até ao tecto)

 

Do vasto equipamento, nota para os sensores de luz, chuva, cruise control com limitador de velocidade e o sistema Start/Stop (que se pode desligar). Este modelo ensaiado tem tudo o que é preciso, inclusive câmara de vídeo traseira para ajudar no aparcamento. Não tenham dúvidas que é mesmo necessária, embora o desenho desta secção permita melhor visualização para trás, um ponto em que melhora substancialmente na comparação com o hatchback. Desde bancos e espelhos aquecidos, a AC individual e automático, ajudas ao estacionamento e ponto de embraiagem automático em subidas, tudo neste carro está pensado e feito para o máximo conforto de utilização, com uma extensa lista de elementos de segurança activa e passiva que catapultam este Honda para um segmento bem acima do que está colocado.

Em termos de multimédia, lá estão as ligações Bluetooth, USB e auxiliar. Tudo é rápido e a qualidade do hifi apenas fantástica. Não precisamos de mais para sermos condutores felizes. O sistema de mapas tb ajuda à boa condução, de inserção fácil e leitura rápida.

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Comportamento

Com tudo à mão e bem instalado neste casulo, é um prazer guiar esta carrinha. O sistema de amortecimento adaptativo da Suspensão Traseira (ADS) fá-la mais estável que o carro que lhe deu origem, mais equilibrada, pois também está excelentemente “calçada” e muito reactiva. A direcção é assistida quanto baste, sem tomar conta do condutor, apenas motivando outro tipo de comportamento quando pisamos o risco.

Com 120cv de potência, 300Nm de binário e emissões de CO2 de apenas 94 g/km, este motor brilha em todas as rotações. Facilita em muito uma toada mais poupada e calma, mas estando presente e com poder de aceleração para uma repentina e brusca necessidade.

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Em estrada é uma maravilha, muito constante e sem esforço, percebe-se que é poupado porque nunca se forçam as rotações mesmo numa toada constante de 120 km/h; Aliás, ajudado pelo modo ECON e pelo Cruise Control, as viagens são até muito relaxantes, também devido à boa insonorização no compartimento do motor e com correspondência no habitáculo. Consegui baixar dos 5 litros aos 100 neste percurso misto que foi a minha aventura quotidiana (com ar condicionado ligado, etc).

Este motor com nova tecnologia designada “Earth Dreams” é um trunfo sem paralelo nesta gama de motorizações.

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Conclusão

Se eu tivesse 26 mil euros disponíveis para um automóvel novo, esta Honda Civic Tourer 1.6 i-DTEC seria o modelo escolhido. Pura e simplesmente enche-me as medidas neste segmento. Há muitas e fantásticas adversárias, mas gosto do visual e interior “nave espacial”. E isso faz toda a diferença.

PVP: a partir dos 25.900€

 

 

João Gata

Começou em vídeo e cinema, singrou em jornalismo, fez da publicidade a maior parte da vida, ainda editou discos e o primeiro dos livros e, porque o bicho fica sempre, juntou todas estas experiências num blogue.

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