Olha, o que tens aí na mão?
A reacção é unânime em relação ao LG Vu: o que é isso? Respondo que é um smartphone em quase tudo idêntico ao famoso Samsung Galaxy Note II. E é logo aqui que o Vu perde a batalha contra o seu adversário directo (e único).
Na verdade, o formato 4×3 com que a LG brindou este seu ‘mouro de trabalho’ está muito longe dos alongados ecrãs que equipam… TODA a concorrência e que preferem o cinematográfico 16×9 ou similar (até a Apple alongou a quinta versão).
Depois há outra opção que não compreendo, a caneta stylus (com ponta de borracha o que tem prós e contras), faz parte do equipamento mas, ao contrário do Note II, não tem um orifício que permita guardá-la dentro do smartphone. E este é, para mim, o maior erro de construção deste Vu. Onde a coloco, como a transporto?
Chegados aqui, pensam que o ensaio está feito e a opinião formada? E se vos disser que o ecrã e a qualidade de imagem é melhor no Vu do que no seu adversário? Ah, pois é. E nota-se!
E agora, em que ficamos? Poderemos dizer que os profissionais que precisam mesmo de um smartphone rápido, qualitativo e poderoso escolhem o Vu. Os que só necessitam de desenhar gráficos, incluir uns textos e são mais artísticos (se não for crime dizer isto desta forma), optam pelo Note II.
A máquina
O Vu está equipado com um fantástico ecrã HD-IPS LCD com 1024 x 768, processador Snapdragon dual-core a 1.5GHz e 32GB de memória interna (sem ranhura para cartão externo). A bateria é fantástica com 2,080mAh mas sofre como todas as outras e mal chega ao fim do dia, se utilizarmos todas as potencialidades sem direito a descanso.
É estranho o conceito deste Vu. O package (a que muitas marcas deixaram de dar importância mas é logo o primeiro cartão de visita de um produto) é muito bem pensado e concretizado, com abertura diferente do normal e com tudo bem acondicionado em compartimentos próprios. E lá está a caneta no seu espaço e envolta num tubo de plástico. É ao agarrar no Vu que tudo se torna mais confuso e, confesso, fiquei logo com a sensação que seria difícil manobrá-lo aquando uma chamada devido a ser mais largo que o habitual e obrigar a abrir mais a mão. Na caixa, para além dos manuais e cabos, estão também dois autocolantes NFC (ao contrário das tags plásticas que a Sony inclui) e que é um extra bem vindo (mas não cheguei a experimentar).
Gostei da caneta Rubberdium, mais pesada que a do Note II o que, para mim, é uma vantagem. Mas quando a quis arrumar no corpo do Vu, não vislumbrei nenhuma ranhura ou orifício. E isso obrigou-me a ter sempre muto cuidado ou a esquecer-me constantemente dela e… até evitar ter de transportá-la. E assim se perde um dos elementos principais deste Vu que é trabalhar com esta excelente stylus numa suite de trabalho semelhante à da rival sul-coreana mas com diferenças importantes que já abordarei.
Se não fosse o formato 4×3 (que tem outros pontos negativos, como a visualização de filmes e fotos em formato wide, ‘pespegando’ duas intensas barras negras que fazem com que a área útil de visualização diminua imenso), o LG bate o Samo em quase tudo: é 10g mais leve, bem mais fino e com um material menos escorregadio, portanto, mais confortável.
O Vu até é apelativo, se descontarmos o formato. Gosto do material usado, das laterais arredondadas, até dos parafusos à vista na base sem estarem pintados, o que lhe confere, quanto a mim, um design mais adulto e profissional que o Samsung. Mas eu também sempre gostei de maquinaria, desde samplers a sintetizadores e gravadores digitais, portanto, pisco o olho a este lado mais industrial dos equipamentos.
Só existem os botões de volume do lado direito e tive de ir ao manual de instruções para perceber como se instalava o micro-Sim. É verdade (o mesmo aconteceu-me com os Lumia 800 e 920)!
No top estão, curiosamente, outros tantos botões (função para uso da stylus e on/off). Ao lado a entrada para phones 3,5mm.
O trabalho
Para que se deseja um Phablet (mistura entre phone e tablet) como o Vu ou o Note II? A capacidade de trabalho real, ecrãs generosos, a stylus adequada e uma suite de software dedicada. Ambos têm isto tudo, mas a Samsung, já na segunda geração da sua S-Pen e S-Suite, está mais avançada que a LG no seu Vu. Neste, mesmo que tudo funcione sem sobressaltos e a caneta tenha um toque agradável, ela não é sensível à pressão e parece que ainda falta o tal upgrade para a próxima versão. Somos, por exemplo, obrigados ainda a sair de certas funções da caneta para, com o dedo, escolhermos outras do sistema operativo para depois regressar ao que estavamos a fazer. É no mínimo confuso e complicado, principalmente para quem ‘brincou’ com o Note II.
O reconhecimento da escrita correu bem, sem dramas, e é, quanto a mim, um sistema milagroso nos dois coreanos pois a minha letra consegue ser pior que a dos médicos. Com alguma calma, consigo escrever notas ou emails com grande precisão e sem erros. Aliás, as notas dão tanto gozo que passei a escrevê-las em vez de ditá-las para o voice memo. Isso de escrevê-las com o teclado incorporado é já ‘tão século passado, sei lá’…
Existem imensos templates para todos os tipos de necessidades (de trabalho neste tipo de equipamentos) e podemos inserir textos, imagens (editáveis), partes de documentos, gráficos, etc. Isto para quem conseguir fazer tudo isso num ecrã de 5”… Depois é só partilhar directamente com as nossas contas de email ou redes sociais. Tudo fácil depois de umas quantas noções.
A função Memo é mais fácil (e mais utilizável para mim), pois abre logo um template tipo bloco de notas e converte automaticamente os nossos rabiscos em ‘texto computadorizado’, aquilo a que se chama handwrite-to-text input e que faz maravilhas. O botão físico colocado no topo do LG também ajuda neste processo, pois ao pressioná-lo entra-se automaticamente neste modo de escrita.
Utilização normal
Usar o Vu nas operações agora tradicionais, como ler textos e notícias e ver fotos e demais modernas necessidades, é rápido e fluido, com um zoom progressivo e muito suave, muito boa qualidade de imagem que permite ler fontes pequenas sem esforço. Já a pesquisa pela net é um pouco lenta, mesmo com wireless dedicado. Mas tudo acontece e, neste caso, o formato quadrado até ajuda a ver melhor alguns sites.
A câmara fotográfica traseira exibe uns já normalizados 8 megapixels e é um trunfo deste Vu. Confesso que não estava à espera, mas fiquei agradavelmente surpreendido com as definições automáticas que garantem cores sólidas e boas dinâmicas. Neste caso, o ecrã também é uma mais valia devido à qualidade e … ao formato, se tirarmos fotografias ‘convencionais’. Temos já as funções de máquinas fotográficas, como o controlo do ISO, modos de cena, velocidade de obturação, utilização de filtros, etc. Tudo prático num bom menu com a ajuda do tap to focus, a função em ecrãs touch que mais utilizo em câmaras a sério.
Bom, então em que ficamos?
Será que uma melhor qualidade de ecrã e imagem compensa o formato estranho e nada prático com ainda a não existência de um orifício para a stylus?
Bom, até poderia, mas existe um ‘problema’ chamado Note II, com aquele toque de Midas com que a Samsung veste os seus topo de gama. Nesse tudo bate certo e o software e a S-Pen são, até agora, imbatíveis.
É pena, mas o Vu não chega lá… a não ser que o preço seja muito convidativo e isso seria andar na fasquia dos 500 euros. Pode ser que se encontre por aí.
Por mim, confesso, fiquei com água na boca para o… próximo Vu. E olhando para a nova fornada de Lgs parece-me que eles perceberam o que está mal e vão dar a volta ao próximo resultado.
Até lá!
Especificações chave:
Chipset: 1.5GHz Quad-Core Processor
Display: 5-inch (1024×768) IPS Display
Memory: 32GB eMMC and 1GB DDR2
Camera: 8MP with AF LED Flash (rear) and 1.3MP (front)
OS: Android 4.0 Ice Cream Sandwich
Battery: 2,080mAh
Dimension (L x W x D): 139.6 x 90.4 x 8.5mm
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