Ensaio Panasonic Lumix LX7

Uma compacta para quem sabe da poda

Para aquecer, logo esta legenda: lente Super Bright LEICA DC VARIO-SUMMILUX F1.4-2.3 com Grande Angular de 24 mm. Ficamos contentes, não é? Muito contentes, pois é o BI de uma das câmaras mais desejadas do momento, a Lumix LX7.

A qualidade de construção é logo algo que salta à vista e é imediatamente perceptível nesta muito bonita compacta. Todos os comandos estão perfeitamente localizados e legendados e é quase imediato sabermos ao que vamos, com esta muito elegante Lumix LX7, a muito esperada substituta da icónica LX5.

Confesso que era daqueles modelos que ansiava por ter nas mãos, assim como as já ensaiadas Samsung EX2F, Sony RX100, Canon S110 e, devido à boa vontade de um amigo, a Fuji X100.

São todas câmaras que nos obrigam a olhar não só para as suas características técnicas, mas para todo o “embrulho” que nos permitirá, com mais ou menos jeito, tirar o tal boneco com a qualidade que cerca de 500 euros permitem e, obrigatoriamente, têm de justificar.

A LX7 é o tal modelo que reuniu o consenso dos amigos com quem gosto de trocar opiniões. É bem mais barata que a Sony e apresenta um PVP similar às Canon e Samsung mencionadas. Tem também um sensor mais pequeno que a portentosa rival Sony e “fica-se” pelos 1/1.7 MOS com 10.1 megapixels, mas com uma abertura F/1.4 a 24mm que a torna super “luminosa” e muito rápida. É, aliás, companheira da Samsung neste campo.

Existem, na lente, vários comandos como o selector de aspect ratio. Podemos, com um simples e muito prático click, passar de 1:1 para 3:2, 4:3 e 16:9. E garanto-vos que estava sempre a seleccionar formatos para ver, sem qualquer trabalho, os diferentes enquadramentos e subtilezas que uma mudança destas promove. É mesmo viciante e uma das melhores características físicas da LX7.

Para quem os valores ISO são fundamentais, convém esclarecer que a LX7 oferece bons resultados até aos 6400 e, se forçarmos os 12800, a qualidade máxima decresce até aos 3,1 megapixels por foto.

As diferenças

Mas existem outras armas que transformam a LX7 numa potencial vencedora deste confronto entre mega compactas: o filtro ND (densidade neutra) incluído (com três níveis tipo F-stop) e que ajuda a fotografar em condições com muita luz evitando a natural sobre exposição do sujeito, temos também as mais modernas detecção de rosto, auto focus com seguimento automático e focagem multi-área (com 23 zonas) ou apenas numa.

O ecrã traseiro subiu também para os 920 mp de resolução com um TFT de 3″ brilhante e muito nítido, logicamente perdendo(-nos) aquando sob exposição directa solar. Mas quanto a isso, lá está a sapata que pode, entre outros acessórios, montar um visor LVF2 electrónico externo que em muito ajuda qualquer tipo de fotógrafo. Mas atenção que tem de ser o 2. O anterior LVF1 não é, infelizmente para quem o tem, compatível.

Como Panasonic que é, a qualidade vídeo tem de ser extrema e não nos desaponta com gravação em full HD no formato AVCHD a 50fps ou, para outras necessidades, MP4 a 25fps. O som é estereofónico captado pelo microfone embutido e de qualidade interessante que, contudo e como todos os micros deste género, não evita distorções causadas por grande ventania ou gritaria próxima.

Como agora tem de ser, também cá estão os filtros criativos (16 no total) que vão desde as desfocagens aos resultados monocromáticos, dinâmicas várias e algumas brincadeiras.

É, portanto, uma câmara moderna que só tem uma falha agora muito em voga em algumas concorrentes, que é a ligação e capacidades wireless e wifi. Mas, na verdade, também não lhe faz falta. A LX7 tem argumentos sólidos que a colocam acima dessas, enfim, modernas “necessidades”.

Melhorável poderia ser o Zoom que é de apenas 3,8x óptico (24-90mm), mas devido à abertura mencionada de F/1.4 é muito fácil conseguir fotografias fantásticas e com uma profundidade de campo sem grandes truques ou conhecimentos técnicos.

Em vez de um anel multi funções que está na moda (e ainda bem), a LX7 tem outra dinâmica, mais “profissional” e amiga de quem gosta de máquinas tipo Fuji X10/100, com comandos no próprio corpo da lente (o selector de formato já mencionado acima) e o controlo manual da exposição que dá mesmo muito muito jeito.

Do outro lado, está o selector AF/Macro/MF, outra maravilha de “botão”.

O Venus Engine VII FHD que foi desenvolvido de propósito para a LX7 tem, obviamente, um comportamento exemplar quando olhamos para as outras características e desengane-se quem pensa que os “parcos” 10 megapixels são poucos ou não chegam para posters. Chegam e, em situações normais, conseguem mesmo alcançar níveis que me habituei em câmaras de segmento superior o que, para uma compacta que cabe no bolso dos jeans, é de evidenciar.

O corpo elegante e bem construído tem um ligeiro punho, mas como está forrado com pele sintética, garante um excelente grip e oferece mesmo aquele prazer de se transportar na mão uma boa máquina, não sei se me faço entender. Neste caso e juntamente com a Fuji X10, enche a “alma” e o “olho”.

A facilidade de utilização

O acesso aos comandos e à roda de selecção de modo é perfeita. É tipicamente Panasonic com legendas um tanto ou quanto diferentes das usuais, com evidencia para os modos C1 e C2, !A e o  das funções criativas que mostra graficamente uma palete. Logo por baixo o botão ND/Focus, extremamente útil, e depois todos os demais (com destaque para a roda à direita que nos permite alterar facilmente alguns campos). O popup flash também é um bom pormenor cujo alcance chega para os retratos ocasionais.

Os menus são completos e de fácil leitura e demasiado “cheios” para estar aqui a descrever todos os passos, para isso basta ir ao Youtube para termos descrições exaustivas. Mas está lá tudo o que é importante como os modos de visualização, parâmetros, valores e até o já famoso “dual-axis”, ou seja, um muito útil (que felizmente virou obrigação em muitos fabricantes) nível horizontal/vertical electrónico.

A roda colocada à direita e em cima dos vários comandos é preciosa para alterar parâmetros enquanto estamos em Full Manual, como valores de exposição ou velocidade de obturação. São estas pequenas coisas que fazem da LX7 uma arma a bater e não mais uma compacta de topo.

A qualidade de imagem

Ainda não mencionei que esta Lumix também permite gravação em formato RAW, ideal para quem é mesmo profissional e quer obter os resultados mais naturais e extremos possíveis, mas para o utilizador normal que é, em 75% dos casos, quem vai escolher a LX7 (ideal como passo intermédio entre uma compacta tradicional e uma câmara semi-profissional), a qualidade garantida pelo formato tradicional Jpeg chega e sobeja. Principalmente tendo em conta o sensor, o detalhe é muito bom mas as cores surgem, aqui e ali, um pouco frias. Basta, de qualquer forma, escolher um dos modos automáticos mais vívidos para ultrapassar logo esta característica ou então, e facilmente, mudar alguns parâmetros manualmente. A LX7 é boa porque permite tudo isso.

Gostei da macro, muito, e fiquei fã da facilidade como se consegue uma espectacular profundidade de campo que torna tudo logo mais fantástico e nos obriga a ter outro olhar sobre o sujeito fotografado.

Logicamente que não há milagres e a LX7, mesmo que conseguindo bons resultados, não é perfeita para fotografias extremas com parca luz ou nocturnas sem pontos de iluminação fortes (como candeeiros), pois é visível um pouco de grão com velocidades ISO mais elevadas, mesmo que as cores se mantenham firmes.

Em vídeo, e para o que se destina, é mais que suficiente com fabulosas imagens e um som, dentro de determinadas barreiras, muito adequado.E perfeita para umas filmagens mais criativas, principalmente devido à inclusão de opções manuais e criativas, e fazer um brilharete com uma edição satisfatória.

Em suma

A LX7 é daquelas câmaras que queremos ter. É pequena qb e transportável num bolso, mas tem uma capacidade manual que a eleva ao extremo das compactas de qualidade onde conhece grande concorrência de pesos pesados. Mas dá-se bem nessa “batalha”, pois assumiu outra direcção (sensor mais pequeno mas controlos mais intuitivos e directos), filtros e rodas muitíssimo úteis, uma qualidade de construção notável e um embrulho que dá muito prazer de ter na mão. Quem busca qualidade de vídeo também tem aqui uma belíssima resposta o que faz com que tudo seja um embrulho perfeitamente equilibrado.

Atenção à sapata e às possibilidades dos acessórios, pois é importante ter, por exemplo, um visor externo.
Gostei muito da LX7 que fica muito bem colocada nesta enorme guerra entre compactas extraordinárias e quase semi-profissionais.

 Galeria (fotos não editadas)