Calhou-me a versão branca do novel Samsung Galaxy Note 10.1 para passar uns tempos e perceber todo o hype que envolve a S-Pen, sem dúvida, o grande, enorme trunfo de alguns equipamentos da marca sul-coreana.

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É extremamente fino, com uma moldura que em branco e reforçada pelo aro em cor de alumínio, faz parecer mais pequeno o ecrã, mas as duas colunas frontais com uma excelente (para tablets) qualidade de som, perdoam o design menos clean.

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Botões há poucos, apenas dois (on/off e volume) que ladeiam a porta de infra vermelhos (este tablet pode também assumir o papel do comando da TV), entrada para auscultadores, cartão SIM e cartão MicroSD. Na base estão colocados o terminal de alimentação e S-Pen.

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Esta é a versão com 32 gb de memória, processador quadcore com 1.4ghz, 2 Gb de Ram, LCD 1280×800 (10.1”), bateria não removível mas com capacidade 7000Ah, câmara traseira com 5 megas e de 1.9 na frontal, Wifi A/B/G/N (2.4 e 5 Ghz), Bluetooth 4.0 e Android 4.0 (ICS com Touchwiz).

As dimensões são 262x180x8,9 e o peso, neste mais pesado devido ao cartão SIM, chega às 600g (o wifi tem menos uns gramas), daí o apontamento.

 

Gosto de tablets?

Agora que o jargão técnico está dado, passo para a experiência de utilização e convém começar já por escrever que não sou particularmente fã deste tipo de equipamentos. Acho-os interessantes, uns bons blocos multimédia para ver uma série de Tv ou ler um livro ou revista, mostrar umas fotos aos amigos ou, se for polícia técnico ou detective, receber e mostrar fotos de criminosos com as correspondentes fichas criminais.
Em termos de trabalho, a não ser para fotógrafos ou quem trabalha em web, não vejo de imediato as vantagens de um tablet em relação a um portátil. Mais a mais, muitas pessoas estão a comprar teclados para compensar… a falta dele e a questão da mobilidade começa a ser posta em causa, mesmo com as novas capas com teclado embutido que equipam os Surface da Microsoft.

Mas compreendo que meio mundo ande louco com os tablets e quem ainda não comprou, faça grandes esforços para ter um. E depois de conseguir amealhar o dinheiro, começa outra batalha que é a escolha.

Ora até agora, a Apple e o seu iPad eram os reis absolutos. Mas a armada Android está a recuperar a olhos vistos, muito por causa da Samsung, e os W8 estão a chegar. O mercado tripartido aguentará tamanha confusão? Sim ou não… a ver vamos.

Estava muito curioso por causa da S-Pen. Já se sabe que a qualidade de imagem destes tablets mais recentes é absolutamente fantástica e é um prazer ver filmes e vídeos, para quem não se importar com a pequena dimensão dos ecrãs. Mas em termos de produtividade, ainda não tinha percebido se eu poderia trabalhar num destes modelos. Sim, os iPad têm muitos acessórios e até canetas semelhantes à S-Pen, mas são extras que custam dinheiro. E os programas, o famoso software que domina a escolha? Aí ainda há vantagem da maçã para o robot, à excepção do software dedicado para a S-Pen e que equipa os Galaxy que a têm.

Tenho amigos que fazem música com iPads. Estive em concertos sinfónicos em que a orquestra e o coro usavam este mesmo Samsung para ver e ler as pautas.

Ele há inúmeras funções, mas para mim, que escrevo mais do que outra coisa, mas que também sou obrigado a paginar, editar, re-arrumar imagens e informação, ir buscar aqui e ali, horas de verdadeiro multitasking, ainda não tinha a certeza que um tablet me poderia ser mesmo útil, para além de um meio dispendioso para ler ou ver, como já referi.

 

Yes Pen

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E eis que tiro a S-Pen e automaticamente (pode desligar-se) se abre um menu com as funções e o software específico da Samsung para os equipamentos similares. “Ahhhhh, espera aí que isto pode ser engraçado”, pensei.

Um dos meus erros enquanto jovem foi não ter aproveitado e tirado um curso de design gráfico e sempre dependi de profissionais para me fazerem “os bonecos”, do mais simples ao mais extremo. Se por um lado trabalhar em dupla criativa é fenomenal, por outro pedir favores para um rabisco é evitável. E foi isso que pensei quando estive na apresentação dos Note na mega festa da Samsung onde vi artistas gráficos a brincarem muito a sério com esta ferramenta e com o software dedicado. Por outro, e para quem escreve, pensar que desenhar as letras pode ser automaticamente reconhecido e passado para texto dactilografado, bom… é isto! É que só pode mesmo ser isto!

O problema é que da teoria à prática é um caminho longo e, por vezes, penoso.

 

O caminho do zero à pincelada

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Confesso que não me foi imediata toda esta possibilidade funcional. Ou sou eu que não atino imediatamente com novas linguagens, ou se calhar a coisa poderia ser um pouco mais simples (à la iPad, deverão estar a rir-se alguns, mas não, porque nunca tive um iPad portanto não posso sequer comparar). O que é certo é que a denominada curva de aprendizagem foi, no meu caso, longa. Se bem que não estive agarrado ao 10.1 de manhã à noite (uma coisa é comprarmos um brinquedo novo pelo qual não dormimos até descobrir as entranhas, outra é sabermos que temos na mão algo fabuloso mas só durante um tempo pré-determinado, o que, convenhamos, baixa a adrenalina), fui tentando e testando todos os dias. A pouco e pouco lá fui descobrindo o como, mas conheci situações um pouco complexas como não conseguir apagar um conjunto de fotografias à primeira. Pode ser do Android, mas era bem vindo um sub-menu de funções bem mais alargado em cada situação, pois para mim, a experiência que exijo de um tablet não é a de um smartphone.

Mas continuando, lá fui fazendo, descobrindo, desenhando, recortando e escrevendo. Sou homem para ficar encantado com esta solução. Mas também sou homem para perceber que não é um tablet à minha medida e explico porquê.

 

Porquê?

Porque é grande demais e pesado q.b.. Se eu quiser escrever ou desenhar com uma mão, apoiando o 10,1 na outra, rapidamente fico cansado e isso distrai-me do que quero fazer. Isto, quanto a mim, é um problema pessoal. Como folha em branco de trabalho para jovens da António Arroio ou Soares dos Reis, pode ser um instrumento magnífico. Mas eu não sou um potencial artista, gosto apenas de fazer umas coisas e o tablet pesa-me mais do que considero confortável.

Felizmente, a Samsung vem buscar-mo e substitui-lo pelo Note II e isso poderá vir a ser uma experiência totalmente diferente, pois tenho a sensação que é o tamanho ideal para quem, como eu, transporta a agenda anual da moleskine cheia de papelada no interior o que, convenhamos, não é leve. Ora eles são mais ou menos da mesma dimensão e o Note II bem mais estreito e “leva” mais coisas pelo que dizem…

 

Outras qualidades e defeitos

A qualidade de imagem, para ver filmes, é imaculada. Grande ecrã, pouco reflexivo, embora muito dado a sujidade e dedadas. E as duas colunas transformam este tablet num fantástico leitor de vídeo, pois o som é potente, forte e muito dinâmico, exactamente o contrário da maior parte dos concorrentes. E, vamos lá ser muito sinceros, o SOM faz parte de um filme.

É rápido q.b. mas existe o touchwiz que vem instalado de origem e que o torna mais lento (Relógio, Media, Jogos e Música). Disse-me um amigo que o tem que bastou desinstalá-lo para o 10.1 renascer com uma vitalidade sem precedentes. E deverá ser ainda melhor quando conhecer a versão mais recente do Android. É fluído, sem arrastos, sem problemas. Mas, confesso, também não fiz nenhuma edição vídeo ou áudio, o que esgotaria as potencialidades técnicas. Mas, lá está, existem funções que para mim só têm lógica com ecrãs grandes, ratos e teclados e muita RAM.

 

Construção

A qualidade de construção não é brilhante e comparativamente com alguma concorrência, está uns furos abaixo. E o plástico não torna o 10.1 mais leve que outros em alumínio, o que é um pouco estranho.

Tenho outra crítica para a S-Pen: embora seja irrepreensível em termos de software e de produtividade, é leve demais. Gosto de sentir algum peso com a caneta com que escrevo (a perfeição chama-se Montblanc ou Dunhill) e a S-Pen tem falta desse equilíbrio. Mas pode ser uma questão de gosto pessoal, mas inegavelmente importante para trabalho diário.

Por outro lado, é sensível à pressão. Verdadeiramente sensível (a marca fala em 1000 pontos, mas nem os tentei contar). O traço fica mais ou menos fino, as sombras com “pincel” são mesmo visíveis e trabalháveis. Enfim, se por um lado não é perfeita, por outro é extraordinária.

Serve também para “chamar” o conteúdo de algumas pastas o que é útil e nos faz poupar tempo. Ao passar por cima de uma pasta, ela abre-a um pouquinho para nos dar um preview do que contém. Bom toque!

 

Multitasking

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Não compreendo a discussão em torno das capacidades simultâneas de um tablet. Aliás, se é para fazer multitasking compra-se outra coisa. Um tablet é um tablet. Vão melhorar com os anos e daqui a dois ou três serão computadores perfeitos. Mas até lá, temos de entender a sua vocação.

De qualquer forma, este é um dos trunfos de venda da Samsung para a sua gama Galaxy, o multitasking que até possibilita ver um vídeo enquanto respondemos a um email. Bom… os miúdos conversam enquanto ouvem música com phones… já nada me espanta em termos de multi-necessidade e multi-interesse e multi-whatever.

Lá está, nunca se esqueçam do que afirmei lá em cima… ainda não sou um apaixonado por esta nova família informática… talvez com o Note II mude de opinião. O Steve Jobs também dizia que nem morto faria um iPad de 7” e agora que se foi, o Tim Cook fê-lo e é considerado o melhor de toda a gama…

Será do peso? Do equilíbrio na mão? Pois estou em crer que sim.

 

E mais?

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Temos as câmaras e as aplicações nativas e as milhares por escolher.

A câmara frontal ajudou-me, e muito, nas reuniões por Skype e bastou-me esta função que foi perfeita para quase querer ter um 10.1 ao lado dos computadores que estão na secretária, mas depois achei que um tablet para servir de apoio é, talvez, demasiado caro. Mas depois pensei que não, que era exactamente para este tipo de coisas que ele foi pensado, criado… mas não sei. Continua caro…

De qualquer forma, as aplicações nativas (um bom número delas) funcionaram na perfeição. E deu um gozo danado jogar Angry Birds StarWars com este ecrã. Sim, é fenomenal para a jogatina.

Quanto à câmara fotográfica, desculpem. Nem me importei. Cinco megapixels também não impressionam ninguém e eu faço parte daquele clube que não gosta que toda a gente veja o que estou a fotografar. Não sei, acho um bocado extremista tirar fotos com uma coisa deste tamanho. E ainda por cima com parcos argumentos técnicos…

 

Em que ficamos?

Naturalmente que é uma excelente máquina. Uma de top! Não tem teclado como extra já no pacote, mas tem a S-Pen. Aliás, este 10.1 vale por duas coisas, se quisermos ser implacáveis! Aliás, três!

As duas coisas: A S-Pen e as colunas frontais! Maravilha! Uma abre potencialidades fantásticas que, com tempo e dedicação, podem mesmo fazer com que o 10.1 passe a ser um elemento realmente produtivo… desde que em cima de uma mesa ou stand, pois não há pulso que aguente ao fim de meia hora.

A outra “bomba” som a sério, daquele que permite ouvir a música, efeitos, vozes, etc.

A terceira coisa: o equilíbrio do conjunto! A S-Pen e o software dedicado, o bom ecrã, o som, a capacidade de memória, o famoso multitasking… tudo funciona, tudo é prático, tudo é… Samsung. Mesmo de plástico.

Ah, agora que estava a reler para corrigir os erros, lembrei-me que não mencionei outra vantagem deste Samsung: a bateria dura e dura e dura e dura…

 

exemplo de video (não notem os fantasmas glitter na imagem, é normal quando se filma um ecrã)

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=rfsOpMOWdQM]

 

 

João Gata

Começou em vídeo e cinema, singrou em jornalismo, fez da publicidade a maior parte da vida, ainda editou discos e o primeiro dos livros e, porque o bicho fica sempre, juntou todas estas experiências num blogue.

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