A Sony RX1 já fez história, pois basta ser comparada com uma Leica M para se colocar no patamar dominado até agora por essa marca portuguesa com selo Made in Germany.
Dirão já os mais afoitos, “sim, sim, a Sony é só para vídeo e Playstation e tal” mas desenganem-se desde já.
A Sony criou as Alpha57 e Alpha99, a super compacta RX100, a Nex7 e agora esta “bomba” denominada RX1. Com elas, transformou e reinventou nichos, fez o que parecia impossível e por mais que uma vez.
Para quem só sabe de vídeo e jogos, a coisa mudou de figura neste último par de anos e basta ver os prémios internacionais, as críticas globais e o assalto ao pódio anteriormente dominado pela dupla Canon/Nikon para percebermos que temos um novo player num mercado cada vez mais exigente e extraordinário.
As razões do hype
São simples: 24.3Mp com sensor Full Frame CMOS 35mm. Uma lente fixa f/2 Carl Zeiss, valores ISO dos 100 aos 25,600 e gravação vídeo a 1080/50p em FullHD, entre outras características.
Ah, para além de outros truques, custa menos de metade de uma Leica M9. Estou longe de sugerir que chega à qualidade desta mítica câmara, mas pelo que lá fora se diz, anda tudo muito encantado e até há quem diga que, afinal, os mais de 3000 euros pedidos pela Sony são muitíssimo justos.
Destinatários
Bom… um deles seria eu. E não sou profissional, mas gosto muito de ter uma câmara compacta que me permita algumas liberdades criativas como esta RX1 me garantiu. É apenas viciante e o grande defeito, desde já, é a bateria durar tão pouco tempo.
Mas o verdadeiro target é o profissional sério que deseja um verdadeiro substituto transportável, equilibrado, leve e que se esconda bem num casaco, ou seja, que deseja ter uma Leica M ou “similar”.
Sim, sabemos que existem propostas de outras marcas com características fantásticas e qualidade assinalável, mas não são Full Frame. E essa diferença é demasiado grande por todas e mais um par de razões.
Os problemas imediatos
O nome Sony faz ainda recuar muitos possíveis clientes, principalmente os que nunca pegaram num dos modelos que lá para cima mencionei. O outro é o preço que, por muito que se considere justo, é apenas alto demais para os bolsos portugueses, principalmente numa época de extrema crise e que ataca desde há vários anos as profissões mais criativas e/ou técnicas onde os fotógrafos naturalmente se incluem.
Mas há outro problema, a falta de um visor electrónico ou óptico já no corpo da RX1 (que é mais robusto e em tudo maior que o da RX100 e, talvez, do mesmo tamanho que a Nex6 que já tem visor integrado). E é um problema porquê? Porque o preço pedido pelos acessórios é apenas inacessível.
Qualidade de construção
É excelente! E poderia fechar aqui já o tema, mas não me iriam perdoar, mais a mais sendo uma peça que não vai ser experimentada por muita gente.
Mal se a agarra nota-se o peso, a solidez, as linhas perfeitas, os encaixes milimétricos. Até a tampa é de metal com um encaixe ultra simples (e caro). Infelizmente, se a perdermos, como não tem “buraquinho” para a prendermos ao corpo, lá se vão não sei quantos euros.
Não existe saliência nem punho, mas é confortável usar a RX1 devido à cobertura de pele ou qualquer borracha que a imita bem. Existe outra para acomodar o polegar e consegue-se facilmente o equilíbrio pretendido. A correia também é de topo, assim como a sistema para a prendermos.
O que salta à vista
É uma câmara para conhecedores, para quem entende de objectivas fixas, para quem percebe o que temos na mão. A Carl Zeiss é qualquer coisa de sublime. É mesmo atraente, com os seus controlos físicos que alternam a distância focal dos 0,2m-0,35m aos 0,3m-∞, o anel dos valores de abertura da lente 22/2 (e todos os passos intermédios mecanicamente perfeitos) e o anel de focagem, grande e largo.
Entre ela e o corpo existe o já famoso anel cor de laranja que é o “sinal” Sony que estamos perante uma câmara Full Frame.
No topo estão colocados a roda de modo, o botão C, on/off e disparador e ainda a roda de compensação. Do lado esquerdo, o flash integrado e a sapata com tampa.
O painel traseiro é dominado pelo ecrã 3” com uma qualidade exemplar, e botões físicos para flash, reprodução das fotos, AEL, FN, roda de selecção com botão central enter, Display, botão directo para o menu e o lixo. Mais chegado à direita, o botão para gravação vídeo.
Na parte superior ainda está a roda que, dependendo do programa escolhido, modifica manualmente os valores de exposição, abertura, etc.
Na frente e um tanto ou quanto difícil de manobrar, está o botão do modo de foco manual (AF, DMF e MF).
Na lateral esquerda uma abertura com tampa de plástico para o HDMI, USB e micro/power on e na base a entrada para cartão SD ou Memory Stick e bateria. Simples.
A febre manual
Acham poucos botões? E se vos disser que podemos escolher as funções de cada um? E sabem que mais, existem mais de 20 características que podem ser “memorizadas” deste modo. E o jeito que dão…
É uma câmara para se usar em modo manual. Por exemplo, se memorizarmos o Zoom digital (mais dois passos) no botão C ao lado do obturador, podemos fazer a focagem no anel (em que automaticamente temos um zoom que nos possibilita focarmos, de modo muito ampliado, o ponto pretendido) e controlar esses três passos de distância apenas com um toque sucessivo no C.
O ecrã e a falta de um visor
Este LCD tem 3” e quase um milhão de pixels. É muito claro e dinâmico e tem um truque fantástico que responde a todas as críticas feitas a câmaras que lutam contra a luz solar ou dias mais iluminados, que em Portugal são dois terços do total do ano: denomina-se “Sunny Weather” e aumenta de forma drástica o brilho do ecrã, tornando possível a sua melhor visualização debaixo do sol.
É um toque de classe, mas não é a mesma coisa que a utilização de um visor. E aqui é um tanto ou quanto incompreensível, pelo menos para um amador quanto eu… se existe na Nex6 cujo tamanho é muito parecido, porque não na RX1 mesmo aumentando-lhe o volume num ou dois centímetros? Ok, está lá a sapata para acomodar tanto um visor óptico quanto um electrónico. O único problema chama-se PREÇO. E escrevi com capitulares para forçar o dramatismo. Já basta o que pedem pela RX1…
A bendita lente
É uma Carl Zeiss, CZ para os amigos. Tem uma distância focal de 35mm e uma abertura F/2, um obturador silencioso e que permite sincronismo com flashes até 1/4000 segundos (fui ver isto as instruções).
Mas o que impressiona é o efeito bouquet, o seu imenso dramatismo e quase um efeito tridimensional nas fotografias a preto e branco, como poderão ver na galeria. Chega a ser viciante e dei por mim a tirar fotografias só porque sim, pelo puro gozo de antecipar o resultado num ecrã grande.
Mas atenção. Não é fácil dominar tudo isto e, em várias fotos, não foquei precisamente o que queria mas sim qualquer coisa mesmo ao lado. Essa dificuldade é maior quando estamos perante um conjunto de flores ou folhas. E como a lente não tem estabilizador digital, convém a utilização de um tripé para chegar “lá” quando a luz não é extraordinária (ver exemplo da foto dos phones e do logotipo da marca com letras brancas).
Focagem auto e manual
A focagem automática é sempre um extra neste tipo de câmaras e no caso da RX1 é por contraste como nas NEX, ou seja, é competente mas não muito rápida, principalmente com ambientes pouco iluminados. Mas é estável e não anda perdida de um lado para o outro como em outras marcas.
De qualquer forma, e quando tentamos focar um objecto semelhante a outros (e como já mencionei no caso de flores), é mais problemático e os resultados podem ter um erro ou outro. E com intensidade do sol, se não fosse o sistema DMF (Dual Manual Focus), seria complicado saber que se tinha, em alguns casos, conseguido o resultado pretendido. Sim e pois, a tal falta do visor…
O anel de focagem é de rodagem livre e sensível à velocidade. Quando se o roda lentamente, ele promove a focagem perfeita e milimétrica. Uma volta mais rápida e ele vai da macro ao infinito apenas com um semi-movimento. Muito bom.
Silêncio que se vai filmar… e fotografar
A RX1 tem uns truques como a possibilidade de retirar o som do obturador (electrónico e não mecânico) e tornar-se totalmente silenciosa o que é ideal para alguns momentos, situações, localizações. A luz vermelha de focagem também se pode apagar. E é nestes casos que a utilização de um ecrã grande dá ainda menos nas vistas que um visor. Vá lá…
A facilidade com que se consegue, depois de memorizar certos parâmetros, passar de uma filmagem com a pujança de toda a cor e com um toque simples passá-la para as maravilhas do p/b, é extraordinário.
A qualidade de imagem é estonteante, soberba. E os toques profissionais de desfoque/foque e o efeito bouquet dão-nos toda a liberdade para conseguir “criar”. Como este é um dos pontos essenciais para mim, e se fosse só por ele, estava rendido. Ter na mão uma câmara deste tamanho e leveza que me permite fazer tudo o que as grandes fazem e com resultados, por vezes, mais directos, é apenas um sonho. Digo “é” porque, enfim, vai continuar a ser. O preço…
A rapidez não é o seu ponto forte mas ainda se consegue tirar cinco fotos por segundo, fora a qualidade em formato RAW, etc. Houve muita coisa que não consegui, numa parca semana, testar ao máximo (mais a mais porque há semanas em que não tenho só uma bomba para ensaiar) mas percebo tudo o que ouvi e li sobre a RX1. Mesmo os mais detractores não conseguem deixar de desejá-la.
Sim, é barata para o que faz
É uma peça que vai ficar para a história da fotografia. Uma daquelas máquinas que encantam e criam paixões avassaladoras. Se não fosse a assinatura Sony, era “a câmara”. Mas como estão lá essas quatro letrinhas, a vida não será tão fácil.
A qualidade de imagem é tão definida quanto realista. Garante-nos liberdade total, um extraordinário à vontade na profundidade de campo, macros a partir de 20cm, um detalhe que impressiona.
Os comandos são os necessários e a sua “multiplicação” uma dádiva. Até o LCD é fabuloso.
Resumindo, é a câmara perfeita para fotógrafos sérios ou entusiastas endinheirados mas que sabem o que querem.
Ah, e não tem nenhuma, repito, nenhuma concorrente directa. A Leica M9 custa o dobro e só o corpo, com a vantagem de poder mudar-se de lentes (e depois há o custo dessas lentes). As outras que têm este tipo de qualidade são pesadas DSLR. A Fuji X100 é muito competente, mas tem um sensor ridículo, comparando-as.
Não, é cara para o que faz
São três mil euros por uma câmara que cabe na mão e não permite mudar de lentes. Não tem visor e o custo de um externo é apenas ridículo de tão caro. A bateria não dura quase nada porque esta RX1 provoca-nos constantemente a tirar mais e mais retratos.
Pelo mesmo preço adquire-se uma Sony Alpha 99 com uma tele (só para ficar na marca). Mas é um bocadito maior e também um bocadito mais pesada….
E então?
A Sony RX1 é, apenas, única! E é uma bomba! E quero uma.
Fiquei ainda com algumas coisas por escrever, como os modos de focagem, os “tap tap” para a esquerda, cima, direita ou baixo para enfim, conseguirmos o exacto ponto de foco, etc. Mas gostava de fazer essa análise com a utilização de um visor externo. Pode ser que ainda aconteça. Agora há que passar este fantástico testemunho que virou desejo a outro colega que também terá a felicidade, embora por pouco tempo, de ter esta RX1 ao peito.
Para quem quer ler as características técnicas, nada melhor que o site oficial.
PREÇO PVP COM IVA 3099 euro
(devido a problemas técnicos – velocidade upload – as imagens vídeo serão incluídas sexta feira)
Fotografias sem qualquer tipo de edição
A energia colorida
O dramatismo p/b
Exemplos full
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