Os investigadores da Kaspersky Lab que acompanham a ameaça Olympic Destroyer descobriram que o grupo de hackers que a desenvolveu ainda está activo


Comunicado de imprensa:

O Olympic Destroyer é uma ameaça avançada que atingiu organizadores, fornecedores e parceiros dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018 em Pyeongchang, na Coreia do Sul, através de uma operação de cibersabotagem com recurso a uma worm de rede.

A indústria de segurança de informação ficou perplexa quando, em fevereiro deste ano, analisou esta ameaça e descobriu que vários indicadores apontavam para diferentes direções quanto à origem do ataque.

Alguns elementos raros e sofisticados, detetados pela Kaspersky Lab, sugeriram que Lazarus, um grupo de hackers associados à Coreia do Norte, era responsável pela operação.

No entanto, em março, a empresa de cibersegurança confirmou que a campanha incluía uma falsa operação, bastante elaborada e convincente, e que o grupo em questão não seria o responsável.

Agora, os investigadores descobriram que a operação Olympic Destroyer está de volta, desta vez direcionada a alvos europeus, mas recorrendo a algumas das suas ferramentas originais de infiltração e reconhecimento.

A operação Olympic Destroyer está de volta

O ator de ameaças está a espalhar o seu malware através de documentos spear-phishing que se assemelham aos documentos armadilhados utilizados na preparação da operação dos Olímpicos de Inverno. Um destes documentos-isco faz referência à “Spiez Convergence”, uma conferência sobre ameaças bioquímicas que decorre na Suíça, organizada pelos Laboratórios Spiez, uma instituição que teve um papel determinante na investigação do ataque a Salisbury. Outro documento apresentava como alvo uma entidade da Autoridade de Controlo Sanitário e Veterinário da Ucrânia. Alguns dos documentos armadilhados detetados pelos investigadores incluem ainda palavras em russo e alemão.

Alguns dos anexos extraídos dos documentos maliciosos foram desenvolvidos para garantir acesso geral aos computadores comprometidos.

Uma estrutura de acesso-livre, vulgarmente conhecida como Powershell Empire, foi utilizada na segunda fase do ataque.

Aparentemente, os hackers utilizam servidores legítimos mas comprometidos para alocar e controlar o malware.

Estes servidores, por sua vez, usam um Sistema de Gestão de Conteúdo (SGC) de acesso-livre e bastante conhecido, de nome Joomla.

Os investigadores descobriram também que um dos servidores que aloja o anexo malicioso usa uma versão do Joomla (v1.7.3) disponibilizada em novembro de 2011, o que sugere que uma versão bastante desatualizada deste SGC poderá estar a ser utilizada pelos hackers para aceder aos servidores.

Com base na telemetria e ficheiros carregados nos serviços de multi-scanner da Kaspersky Lab, esta campanha do Olympic Destroyer parece estar direcionada para instituições na Alemanha, França, Suíça, Holanda, Ucrânia e Rússia.

“O aparecimento, no início deste ano, do Olympic Destroyer e dos seus sofisticados efeitos de ilusão, alteraram irremediavelmente o panorama de atribuição, e demonstraram o quão fácil é cometer um erro tendo como base apenas os fragmentos da imagem que os investigadores conseguem ver.

A análise e dissuasão destas ameaças deve assentar na cooperação entre o setor privado e as agências governamentais para além fronteiras.

Esperamos que, ao partilhar publicamente as nossas descobertas, técnicos e investigadores de segurança estarão melhor preparados para, no futuro, reconhecer e mitigar este tipo de ataques em qualquer fase.” afirmou Vitaly Kamluk, investigador de segurança na equipa GReAT da Kaspersky Lab.


No ataque anterior, durante os Jogos Olímpicos de Inverno, o início da fase de reconhecimento ocorreu meses antes da epidemia da destrutiva worm de rede que se conseguia auto modificar. É possível que o Olympic Destroyer esteja a preparar um ataque semelhante com novos motivos. Por essa razão, avisamos instituições de investigação de ameaças biológicas e químicas a se manterem alerta e a lançarem uma auditoria de segurança extraordinária assim que possível.

 

Os produtos da Kaspersky Lab detetam e bloqueiam com sucesso malware relacionado com o Olympic Destroyer.

 

Para mais informações sobre o regresso desta ameaça, incluindo Indicadores de Compromisso, visite o blog em Securelist.

João Gata

Começou em vídeo e cinema, singrou em jornalismo, fez da publicidade a maior parte da vida, ainda editou discos e o primeiro dos livros e, porque o bicho fica sempre, juntou todas estas experiências num blogue.

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