Quando me questionam sobre o meu filme preferido, posso até apontar “A sede do mal”.
Sempre tive dúvidas entre “A sede do mal / Touch of evil” e o “O mundo a seus pés / Citizen Kane” porque tão diferentes mas tão extraordinários.
O certo é que são assinados pelo mesmo sujeito que fez uma Guerra dos Mundos na rádio e se tornou génio mundial aos 20 anos.
Parece que os génios deixam sempre um filme por terminar ou vivem sob o terror da obra inacabada.
Veja-se Stanley Kubrick com “De olhos bem fechados / Eyes Wide Shut” ou o problema bicudo de Terry Gilliam que ainda continua às avenças com o seu “O Homem que matou Dom Quixote / The man who killed Dom Quixote” já terminado mas com processos em tribunal.
Orson Welles também deixou uma obra pelo caminho que, diziam as boas línguas, contava com uma prestação ímpar do grande John Huston.
E é isso que podemos ver a partir de Novembro.
Chegou finalmente o tempo de apreciar “O Outro lado do vento” quatro décadas após ter sido iniciado.
E a melhor notícia? É que não precisamos de ir aos Festivais de Cinema europeus para poder apreciá-lo.
A Netflix vai estrear esta obra no início de Novembro. Estaremos preparados?
Até lá contamos com a breve explicação oficial:
Em 1970, o lendário realizador Orson Welles (O Mundo A Seus Pés) começou a filmar o que acabaria por ser a sua última obra cinematográfica com um elenco de astros de Hollywood, incluindo John Huston, Peter Bogdanovich, Susan Strasberg e a sua companheira durante os seus últimos anos, Oja Kodar.
Entretanto, questões financeiras criaram entraves na produção, que acabou por se estender ao longo dos anos e ganhando notoriedade, mas nunca tendo sido terminada nem lançada.
Mais de mil rolos de negativos cinematográficos definharam num cofre em Paris até março de 2017, quando os produtores Frank Marshall (que foi gerente de produção de Welles durante as filmagens iniciais) e Filip Jan Rymsza lideraram esforços para que o filme fosse concluído mais de 40 anos depois.
Com uma nova banda sonora do compositor vencedor dos Óscares Michel Legrand, reeditada por uma equipa técnica que inclui o editor vencedor dos Óscares Bob Murawski, O OUTRO LADO DO VENTO é a visão de Orson Welles tornada realidade.
Conta a história do realizador J.J. “Jake” Hannaford (Huston), que regressa a Los Angeles com planos de concluir um filme inovador, após anos de autoexílio na Europa.
Tanto uma sátira ao sistema de estúdio clássico quanto ao sistema da Nova Hollywood – que na época agitava as águas –, o último testamento artístico de Welles é uma fascinante cápsula do tempo de uma era agora distante no cinema, assim como é o tão esperado “novo” trabalho de um mestre indisputável.
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