
O novo Google Pixel 9a, é talvez, o smartphone mais lúcido do ano. Logicamente que não falo de topos de gama cheios de RAM e com câmaras de 200 MP, porque os há, assim como também há mais bonitos, mais leves ou, tenho-o aqui ao lado, mais originais (como o Nothing 3a).
O que realmente me surpreendeu — ou talvez não — é que o Pixel 9a consegue fazer quase tudo como os irmãos do topo da escala de descontos para o IRS, mas sem dar-nos um rombo na carteira. É, acima de tudo, um Pixel com um propósito: o de oferecer as potencialidades da inteligência artificial a quem gosta de manter ambos os rins.
H2 – Especificações Técnicas
- Ecrã: OLED 6,3″, FHD+, 120Hz
- Processador: Google Tensor G4
- RAM: 8GB
- Armazenamento: 128GB ou 256GB
- Câmara traseira: 48MP + 13MP ultrawide
- Câmara frontal: 13MP
- Bateria: 5100mAh, carregamento 23W + wireless 7.5W
- Sistema operativo: Android 15
- Resistência: IP68
- Peso: 185,9g
- Preço: €549
O design já não grita “Pixel”, e isso é estranho

Uma das primeiras decisões controversas da Google foi remover a emblemática “camera bar”, uma especificidade técnica e visual que os identificava ao longe e que enchia de orgulho os “não fanboys”.
Em vez disso, opta por uma cápsula preta oval onde estão alojadas (ou escondidas) duas objectivas. É uma decisão que divide: se por um lado a traseira fica finalmente plana, por outro o Pixel 9a perde a assinatura visual.
Contudo, o corpo mantém o alumínio premium à volta e traseira em plástico de alta qualidade (e sim, o plástico pode ser nobre, se bem trabalhado). Com certificação IP68, este Pixel aguenta mergulhos e poeiras como um campeão, portanto, perfeito para a piscina.
O ecrã: OLED brilhante e ágil

Com 6,3 polegadas, o que pessoalmente aprecio, tem resolução FHD+ e taxa de actualização de 120Hz, (aquela que os iPhones de topo só irão oferecer na próxima geração). Este ecrã pOLED do Pixel 9a surpreende pela fluidez e visibilidade em exteriores. Pois é, e não se esqueçam que se trata do base de gama da marca…
Já num ponto menos positivo, e a imitar as anteriores gerações A, os bezels são um pouco mais espessos do que gostaria num mundo cor de rosa (atenção que isto tem continuação), mas a verdade é que por €549, há poucos concorrentes tão elegantes e com excelente relação peso/qualidade.
Câmaras

Tenho visto muito boa gente a comparar o Pixel 9a e o novel iPhone 16e, mas só lhes vejo uma semelhança que é o o tamanho do corpo Acima de tudo há um pormenor visivelmente diferente: o módulo fotográfico.
No Pixel 9a, inclui uma lente principal de 48MP e uma ultrawide de 13MP, DUAS, portanto.
A frontal fica entregue a uma selfie de 13MP. Já no Apple ficamos por uma e com preço mais alto. Muito mais alto. Portanto, sem comparação possível.
As imagens captadas pelo Pixel 9a são boas — longe de serem extraordinárias, mas muito boas, aliás — com destaque para a nova macrofotografia, que funciona com resultados surpreendentes (quando foca bem, claro).

O modo nocturno também impressiona, mas falta qualquer coisa… talvez aquele “Pixel look” que os fãs da marca esperam.
Ainda assim, em termos de software, a magia continua: Best Take, Add Me, Reimagine e afins estão presentes (mais inovações IA abaixo). E como sempre, fotografar com um Pixel continua a ser quase sempre sinónimo de “sai à primeira!”.
Desempenho e bateria
O Google Pixel 9a é o primeiro Pixel “económico” a receber o chip Tensor G4 — o mesmo da linha Pixel 9. Isto significa que a maior parte das funcionalidades de inteligência artificial que a Google tanto promove estão aqui presentes.
O Tensor G4 não é o chip mais rápido do mercado, mas é um dos mais inteligentes — e está desenhado para trabalhar em sintonia com Android 15 e todas as ferramentas Google. No dia-a-dia, o Pixel 9a é ágil, suave e competente. Até em jogos pesados se porta bem.
Mas o verdadeiro herói aqui é a bateria de 5100mAh. Com utilização moderada, o Pixel 9a pode durar até dois dias, algo inédito num Pixel A-series.
O carregamento é de 23W com fio (carregador vendido à parte), e 7,5W por wireless — simpático, mas longe de impressionar.
Software, longevidade e consciência ambiental

Sete anos de actualizações! O que, num mundo onde marcas premium mal garantem quatro, é um argumento poderoso — especialmente num telefone abaixo dos €600.
E com peças substituíveis via iFixit, materiais reciclados e um compromisso com a reparabilidade, o Pixel 9a também marca pontos na sustentabilidade.
O que se perde?
Para manter o preço, houve cortes: nada de wifi 7, nada de áudio espacial, sem carregamento super rápido, e claro, sem zoom óptico. Mas nenhum destes detalhes destrói a experiência. Para 95% dos utilizadores, o Pixel 9a oferece mais do que precisam. E é por isso que existem bases de gama (que neste caso é um média gama no mercado geral).


Gemini: IA de bolso (com algumas limitações)
Como o 9a traz apenas 8GB de RAM, algumas das ferramentas mais exigentes da suite Gemini, como Pixel Screenshots ou Call Notes, ficam de fora. Mas há consolo: tudo o que depende da nuvem — como o Gemini Live, o resumo de gravações até 15 minutos ou os editores fotográficos mágicos (Magic Editor, unblur, etc.) — funciona lindamente.
Além disso, o novo Gemini Live Video, que interage com o que está no ecrã ou na câmara em tempo real, é o que me tem feito passar horas com o Pixel 9a. É, basicamente, uma evolução da assistente virtual tal como a conhecíamos mas com um twist.
Há tanto para dizer que é melhor ir por partes:
O que é o Gemini Live Video
É uma funcionalidade que permite ao Gemini, a nova IA da Google, “ver” em tempo real aquilo que está no ecrã ou à frente da câmara do smartphone — e interagir com essa informação de forma inteligente, instantânea e natural.
Isto significa que, em vez de fazeres uma pergunta genérica: “porque é que o motor do meu carro gripou?”, apontas simplesmente a câmara para o motor e perguntas ao Gemini: “O que rebentou neste chaço?” enquanto vais mostrando o motor.
E a IA vai analisar a imagem em tempo real, identificar todo o motor, explicar as peças que estão menos bem, o que poderá estar realmente estragado e, porque não, dar-te o manual de instruções em PDF, sugerir uma oficina próxima ou até pesquisar na net o preço da peça defeituosa.
Acreditem que é verdade porque a minha máquina de lavar louça mostrou um código de erro, apontei, perguntei, e para além de obter o manual (a máquina tem mais de 20 anos, sei lá onde anda o manual), ela indicou-me os passos a fazer para descobrir qual o defeito. Ok, é a mangueira que está obstruída.
Que tal?
Vou explicar como funciona
1. Entrada Visual (Live)
O Gemini pode aceder a:
- O conteúdo que está na câmara (como se fosse um Google Lens com turbo e QI de 200).
- O conteúdo que está no ecrã do telemóvel, como uma conversa, uma página web, uma app, ou até uma imagem ou vídeo em reprodução.
2. Análise e Contexto
A IA analisa aquilo que “vê”, identifica elementos visuais (texto, imagens, ícones, locais, linguagem visual, etc.), e cruza essa informação com conhecimento online e os teus dados pessoais (caso tenhas autorizado), como localização, histórico, eventos, e-mails.
3. Resposta Interactiva
O Gemini responde por texto ou voz, e o objectivo é que pareça uma conversa. Por exemplo:
- “Filmar” uma receita no ecrã? O Gemini pode sugerir substituições para ingredientes que não tens.
- Apontar a câmara para um produto? Ele dá-te reviews, preços e alternativas mais baratas.
- Ver uma aula ou vídeo? Pode resumir ou explicar o conteúdo em linguagem simples.
Exemplos práticos do Gemini Live Video
- Estás a montar um móvel IKEA: apontas a câmara para o manual e perguntas “Onde está esta peça?”, e o Gemini ajuda-te a encontrar e compreender os passos.
- Estás a ver uma fórmula matemática: pedes explicação, e ele guia-te passo a passo.
- Estás a ver um vídeo de receitas: pausas e pedes a lista de ingredientes ou o tempo de cozedura.
- Estás numa cidade nova: apontas para um restaurante e pedes recomendações, horários ou o menu.
O que o torna diferente do Google Assistant ou Lens?
O Gemini Live Video combina:
- O reconhecimento visual do Google Lens
- A interacção conversacional do Assistant
- A capacidade de raciocínio e linguagem do Gemini Pro
… tudo em tempo real e com uma compreensão de contexto muito mais profunda.
É como se o telefone ganhasse “olhos” e “cérebro” ao mesmo tempo.
Limitações actuais
- Ainda não está disponível em todos os países.
- A latência e fluidez ainda dependem de uma boa ligação à internet.
- No Pixel 9a, devido à RAM mais limitada, pode haver funcionalidades ausentes ou atrasadas face aos modelos Pixel 9 ou 9 Pro.
- Preocupações com privacidade e vigilância já estão a ser levantadas (justificadas ou não, dependerá das permissões dadas).
Em resumo
O Gemini Live Video é o primeiro passo para transformar o smartphone num verdadeiro assistente visual interactivo — um misto de tradutor, explicador, guia turístico, e conselheiro de moda com IA. E mesmo num modelo “económico” como o Pixel 9a, a sua chegada promete mudar a forma como interagimos com o mundo digital e físico à nossa volta.
Concluindo

Numa era em que gastar mais de €1000 num telefone começa a parecer obsceno, o Pixel 9a surge como a escolha racional com “alma”.
Tem IA, tem uma câmara mais que suficiente e com resultados francamente bons, uma bateria duradoura, oferece suporte a longo prazo e não desilude no desempenho.
Tudo isto por um preço que, sem ser barato, é claramente justo, e transforma o nosso num mundo mais cor de rosa! (eu não disse que ia voltar à cor? Pois foi a que me calhou para análise)
Preço Google Pixel 9a
549€ (8/128), 659€ (8/256) (várias cores)
E atenção ao bom negócio que a Vodafone propõe.

Um agradecimento à Google por facultar o equipamento para esta análise.
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