Estou muito habituado ao Lumia 800 (infelizmente ainda sem update 7.8 que espero ansiosamente) e continua a ser, quanto a mim, um smartphone excepcional.
Mas eis que me chegou às mãos o todo poderoso Lumia 920, na sua versão branca que o faz parecer maior aos olhos com uma frente negra e ecrã 4,5” PureMotion HD+, numa resolução de 1280×768 pixels.
É uma peça que quase parece ter saído dos designers do Espaço 1999, tal a sua presença física que dá, quanto a mim, excessivamente nas vistas. Prefiro uma cor mais neutra, mas há quem olhe o branco como o modelo a ter.
Como máquina, o 920 tem 1gb de ram, 32gb de armazenamento interno e um processador dualcore Qualcomm Snapdragon S4 a 1,5Ghz.
Não comecem já com a apontar que a maior parte dos concorrentes directos já têm processadores de quatro núcleos. É verdade, mas não é por isso que são mais rápidos ou melhores. Acontece que o sistema operativo desenvolvido pela Microsoft é tão bem feito e tão mais leve que os concorrentes, que não é necessário tanto poder de processamento para tudo ser fluído e rápido. E garantidamente, tudo é fluído e muito rápido com a grande vantagem de um preço final mais baixo que os concorrentes directos.
Os 32gb de memória são importantes, visto que não existe entrada para cartões externos, mas contam com expansão através da nuvem do Skydrive. Aliás, o corpo monobloco deste Lumia vem da linha dos 800/900, com apenas uma entrada usb, uma porta fechada para o cartão Sim e quatro botões de função na extremidade esquerda (up/down, on/off e câmara). Não temos acesso à bateria, aliás, nem parafusos visíveis há.
A câmara, que tanta polémica conheceu, está equipada com o sistema de estabilização óptica PureView, tem 8.7mp e é muito interessante em condições favoráveis, como por exemplo, exteriores com boa luz.
As fotografias e os vídeos são brilhantes e superlativos, mas conforme as condições se vão deteriorando, torna-se complicado tirar um bom boneco de forma rápida sem ter de aceder aos menus de controlo de funções, complicados e não muito intuitivos. Neste campo, confesso, estava à espera de melhor, principalmente comparando com outros modelos do mesmo segmento e depois de tantos anúncios que esta seria uma câmara bem melhor que as demais.
As características com maior factor ‘wow’ são, sem dúvida, o novo WP8 e o carregamento por indução magnética. Quanto à última, basta pousar o 920 numa almofada própria para o carregar, evitando o cabo e o carregador. Mas nem tudo são rosas, pois essa almofada tem de estar, por sua vez, ligada à electricidade… e demora um pouquito mais de tempo a preencher a totalidade da bateria. De qualquer forma, existem acessórios muito interessantes, principalmente áudio, que são um ponto a ter em conta.
Mas é o Windows Phone 8, em toda a sua glória, que faz a diferença para a restante armada Android e iOs (e mesmo BB quando o 10 chegar à fase adulta). Se não fosse a dificuldade em conseguir algumas Apps a que já me habituei aquando a utilização de Android, optaria sem dúvida alguma por este sistema para uso diário e pessoal. Mesmo profissional, com a suite Office bem preparada e agora enriquecida por toda a envolvência com o Windows 8, cada vez mais presente.
O ecrã inicial deve ter dado a ideia do Facebook Home ao Mark, tal a evidência da cópia, mas é quando saímos dele e entramos no ecrã principal que ficamos admirados e vidrados a olhar todos os mosaicos dinâmicos e as suas animações, cores, transições, etc. Estas 4,5” de um ecrã fabuloso, são um prazer de tocar, pois tudo é muito fluido e suave, rápido, eficaz, sem qualquer tipo de atraso ou engasgo. É mesmo de satisfação que se fala na utilização deste sistema operativo e cuja experiência está melhorada desde a versão 7.5.
O WP8 dá-nos mais possibilidades de personalizar o ecrã principal, com três tamanhos para cada mosaico, e sem qualquer ordem definida. Portanto, se formos indivíduos muito sociais podemos encher a parte superior do ecrã com todas as ligações de redes, amigos, grupos, estados, mensagens, chats, etc. ou, se formos mais musicais, preenchemos o mesmo espaço com as aplicações multimédia e listas de artistas e botões específicos e directos.
Temos mais cores no leque à disposição, e mais algumas possibilidades de acesso nas definições. Tudo está mais adulto, mais organizado, embora pareça que nada mudou.
Se por um lado a crítica que se faz ao WPhone é a falta de apps, por outro podemos apontar algumas específicas da Nokia que são, simplesmente, insuperáveis e valem por si só a escolha de um Lumia.
A marca mudou recentemente a designação das suas Apps mais conhecidas e juntou-as numa só palavra: HERE! E é mesmo AQUI que se faz a diferença; os melhores mapas para condução são o Here Drive+, imbatíveis, mesmo comparando ao bem feito TMN Drive, e todo um mundo de diferença em relação ao Google Maps e/ou os mapas iOS.
Quantas vezes mudei de terminal aquando um ensaio a um Android só por causa de uma viagem para aqui ou acolá…
Os mapas (Here Maps) são fantásticos, assim como o Here Transit. Mas para conseguir espantar os convivas, temos mesmo de mostrar a aplicação Here City Lens. Trata-se da badalada “realidade aumentada” que está agora na palma da nossa mão. Ligando-a, basta apontar a câmara do Lumia para a nossa frente ou lados. Todos os negócios, pessoas, serviços que estão nesse campo de visão, surgem no ecrã por cima da imagem real captada. E se baixarmos o telefone, automaticamente surge o mapa com as localizações definidas e contactos. É simplesmente fantástico.
Ou seja, a suite HERE é, quanto a mim, das mais espectaculares aplicações existentes hoje em dia e, uma vez experimentando, dificilmente passamos para as semelhantes do Android ou iOS. Pura e simplesmente não chegam lá.
É esta a grande vantagem dos Lumia, para além da qualidade de construção deste 920, apenas um pouco pesado demais para o meu gosto e com um feeling físico que não me deixa confortável, pois tenho receio de o poder deixar cair. É também mais ‘bolachudo’ ao centro, devido ao carregamento por sublimação, mas é sólido e muito bem desenhado.
Conheci ainda um problema, um bug que o desligava a uma hora certa da madrugada se estivesse com wifi ou dados ligado (já agora, se vos acontecer o mesmo, saibam que um hard reset se consegue pressionando o Volume down e on/off simultaneamente) e consegui ultrapassá-lo com um restauro de sistema, pois a culpa era de uma aplicação que entrou em conflito e que não cheguei a perceber qual. Mas uma vez isso ultrapassado, tudo voltou a funcionar cinco estrelas.
Resumindo, o Lumia 920 é um extraordinário smartphone com uma qualidade de construção notável e um ecrã mágico. É mais pesado que muitos devido à adopção de novas características técnicas e tem aplicações próprias notáveis num sistema operativo bem desenhado e melhor pensado.
É uma questão de opção, sabendo que a loja de Apps está longe, muito longe das concorrentes, mas por outro lado, há grande margem de progressão para novidades e aplicações próprias e que a qualidade das existentes é francamente boa.
O melhor teste é experimentar um. Façam-no!
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