O Rakuten Kobo Libra 2 é um equipamento que transporta toda a nossa biblioteca para a podermos ler onde, o que e quando quisermos
Não foi fácil tentar encontrar o melhor título para este artigo. Afinal, o que é um Kobo Libra 2? Antes de mais, e para quem não sabe (os outros podem passar para a análise em questão), o Kobo é tão somente um equipamento digital que usa uma tecnologia denominada e-ink que nos permite ler num ecrã sem iluminação (backlight) que fere e cansa a vista, e que é perfeito para muitas utilizações. Uma delas, ler livros de forma muito natural e “levezinha”. Chama-se a este tipo de equipamentos, e-Readers.

O que é um e-reader
Um e-reader é um Leitor de livros digitais cuja função principal é apresentar num ecrã o conteúdo de livros digitais (e-books) e outros tipos de media digital.
Ao utilizar a tecnologia de tinta electrónica, também chamada e-ink, oferece a sensação de se ler um livro convencional por não utilizar iluminação, como as telas de cristal líquido (LCD), o que tem impulsionado a venda desses aparelhos em todo o mundo.
Há muitas vantagens num e-reader, mas a grande questão sempre foi dupla: será que conquista quem gosta do cheiro a papel? E será que o preço é convidativo?
Os e-Readers não são baratos. Pelo contrário. Mas, se fizermos bem as contas ao fim do ano (ou anos), e se conseguirmos ler ou encontrar cópias com preços mais baratos ou mesmo gratuitos, o que se gasta num e-Reader é rapidamente reembolsado, pois os livros andam à volta dos 15 a 20€ e isso, ao fim de um ano (imaginem se os portugueses lessem um livro por mês que é o mínimo indispensável), o leitor digital ficava mais que pago.
Ah, mas é que adoro o cheiro a papel
Eu também! O problema é que tenho centenas de livros acumulados ao lado dos da minha mulher. E, num repente, a casa parecia mesmo uma biblioteca ao ponto de termos oferecido, e vão ler bem, mais de 300 livros (e muitos mais DVDs) antes do Verão. Consequência? Nenhuma: o espaço continuou na mesma. Ou seja, a falta dele. Portanto, há que escolher mais 300 o que, confesso, será difícil.
Um livro, “lá nos estrangeiros”, chegou a ser uma coisa social. Coisa porque era um objecto, social porque depois de lido era deixado num banco de um transporte público ou jardim para alguém que chegasse, e tivesse interesse, o levasse para ler. Depois esse alguém repetia o processo.
Se isto era bom para os livreiros? É só pensar que era bom para a indústria e para os autores, pois tinha aquilo a que nós chamamos de clientela. Paperback, capa dura, edições especiais, basta entrar numa livraria de prestígio como a WaterStones para entendermos a imensa distância que a separa da melhor Bertrand.
E tu, já tiveste um e-reader?
Ora bem, perguntam-me depois disto tudo: já tiveste um e-reader? E respondo muito sinceramente: não, nunca tive. Há várias razões, a pior foi ter deixado de ler com tanta frequência, a segunda tem a ver com os anos de “esquecimento” e da não produção de versões em português, a terceira aponta o preço dos livros que mais parecem feitos em papel e em quarto o preço elevado dos e-Readers.
Ainda há uma quinta desculpa que é: que modelo/marca compro, pois há duas muito importantes e há edições incompatíveis entre ambas. Portanto, como também nunca tive um, também nunca percebi como “se dá a volta” a esta questão.
Os formatos das edições
Esta é outra das confusões que este mundo promove: há diversos formatos, demasiados, desde o mais conhecido ePub ao mais elementar PDF. Mas pelo meio, existem siglas para todos os gostos e feitios. E, logicamente, isto faz crescer confusão e automaticamente a fuga para um luminoso e mais barato tablet.
Entretanto, alguns e-readers começaram a ter novas funções, como “ler” audiobooks e permitir, através de canetas específicas, criar notas, sublinhar, alterar, editar, etc. E quase de repente, este leitor passa também ele a ser um criador de conteúdos.
No meio desta barafunda, e sendo reconhecido na praça por ser aquele fulano que tem livros em casa, muitos livros, fui escolhido para fazer uma análise a um dos novos produtos da marca KOBO ou RakutenKobo para ser mais específico.
Calhou-me na rifa um modelo intermédio, sem as funções de edição do mais caro, mas com todas as vantagens de não ser básico. Vamos a ele?

Kobo Libra 2
É esta a designação oficial e rápida do modelo que vem substituir o quase fisicamente idêntico Kobo Libra H2O que foi lançado em 2019.
O design não muda, os botões frontais estão no mesmo local, o on/off na traseira, há uma ligação USB-C para carregamento e transferência de títulos, e um design no corpo traseiro plástico que tenta imitar pele. O formato, e já lá vamos, é muito específico.
O exterior é tapado por uma capa protectora da marca, caríssima (mas há soluções similares em lojas online a 1/5 do preço) que também serve de stand… para duas posições. Mas também já lá vou. O que vale é que veio no pacote. Podemos escolher o Libra 2 em preto ou branco. Já as capas existem noutras cores.

As diferenças entre gerações
O Kobo Libra 2 tem o mesmo ecrã de 7” mas apresenta a última geração de ecrãs e-ink, a Carta 1200 com 300 PPI, 1260×1680 de resolução com Dark Mode.
Tem ainda 32 GB de memória (ao invés dos 8 do anterior), Bluetooth e Wi-Fi actualizados, o USB-C que já mencionei, sobrevive a mergulhos até 2 metros de profundidade (IPX8), tem ConfortLight PRO com temperatura de cor e brilho ajustáveis tanto manual como automaticamente, TypeGenius com 12 fontes e 50 estilos ou modificações das mesmas e pesa um poquinho mais que o H20: 215 contra as 192 g.
Mas a maior diferença do Kobo Libra 2 é mesmo a possibilidade de reproduzir Audiobooks. Bom, mais ou menos.
O menu principal
A página principal está dividida por secções: os livros que estás a ler e a percentagem lida, as recomendações, a nossa biblioteca (e aqui podemos criar colecções e agrupar títulos, etc.), o que ele pensa que queremos ler.
Um menu em cima diz-nos as horas, e tem ícones para a iluminação, o sinal wifi, a percentagem da bateria, um refresh ao sistema e uma lupa. Nesta podemos alterar fontes, espaçamento entre linhas, formato, bom, é todo um mundo de personalização que precisava de um dia para vos explicar. Só sei que o maior cegueta pode escolher a fonte mais tradicional a 24 pontos ou os mais jovens podem ler a corpo oito. É o que se quiser.
Na base desta Página Inicial ainda outro menu com o Home, Os meus livros, Descobrir e sub-Menu para mais operações.
Menu Descobrir
Talvez o mais importante, pois é através dele que vamos às lojas (a Leya por exemplo tem um contrato com a RakutenKobo e com uma promoção interessante para… quem lê muito rápido.
É também aqui que temos mais um menu com os e-books disponíveis em loja, os audiobooks, o Kobo Plus (uma subscrição interessante com um valor mensal que dá acesso a milhares de títulos. Uma biblioteca, portanto) e o acesso à OverDrive com instruções e manuais.
O menu More / Mais, enquanto estamos neste Descobrir, dá acesso às nossas listas, desejos, actividades, “beta features” que é uma espécie de browser próprio e onde perde drasticamente para o mais elaborado e simplificado sistema da Amazon, settings e Ajuda. E vamos precisar desta ajuda para os settings, garanto.
O botão busca também é interessante pois permite encontrar o título por ele próprio, pelo nome do autor e até pelo ISBN (o código identificativo de cada livro no mundo).

A leitura
Ok, existem os ePubs, um formato feito e desenhado de propósito para este tipo de equipamentos, mas muitos utilizadores querem ler livros, revistas e até comics (sim, a preto e branco) em formato PDF.
Ora 7” são ok mas… será sempre um mínimo razoável para se conseguir ler as coisas decentemente. Podemos fazer lupa (um bocadinho lento), mudar o contraste, até pressionar uma palavra que abre um diccionário, mas não há milagres: uma revista em PDF não se vai desmanchar para alterar o corpo da letra para nosso prazer.

Mas para ler eBooks é fantástico! E é aqui que chega a parte em que vou falar do design exterior: existem dois botões físicos numa aba lateral que estende o corpo de plástico e que consegue fazer-nos sentir muito mais confortáveis a segurar no Kobo. Este “truque” lembra-me o saudoso tablet Sony S que tinha uma curvatura tipo livro dobrado que dava realmente mais jeito de pegar ara ler as coisas. Hoje é tudo muito estreito e magoa as mãos.
Estes dois botões físicos servem para virarmos páginas ou navegar para cima e para baixo nos menus. Nem um Enter tem pressionando mais longo, o que é uma falha. Mas é um bom complemento ou reforço para o ecrã táctil e mais rápido quase, porque é um hábito humano, para mudar de página. Claro que podemos fazer um “swipe” no ecrã, mas, pronto, é à vontade do freguês.
Sete polegadas de ecrã parecem pouco, não é? E aqui está uma das razões porque nunca tinha comprado um e-reader: é que os mais antigos tinham ecrã de 4 a 6 polegadas e isso já não dá para mim. Este Kobo Libra 2, com as 7”, e todas as possibilidades de alterarmos as fontes, o espaçamento e o tamanho é… perfeito porque serve toda a gente.

Para dextros, canhotos, em formato vertical e horizontal
O título resume tudo: graças ao giroscópio embutido, basta rodarmos o Kobo para podermos usar os botões à esquerda ou à direita, ou ler o que queremos em formato vertical ou horizontal. E isto, meus caros, é realmente um Plus pois responde a todas as particularidades de todos os leitores.
Aliás, em formato horizontal, até parece mais um livro em termos de tamanho, e lá está, podemos fazer pesquisas: pressionar longamente uma palavra ou frase abre a Net ou a Wikipédia, podemos escrever notas com um “Word” muito simples, rápido e eficaz e guardá-la ao lado da palavra seleccionada, marcar a página que estamos a ler (com um vínculo em triângulo no seu topo, o que é um pormenor engraçado.
Se pressionarmos um dos botões físicos longamente, acedemos a uma busca rápida onde as páginas são passadas a grande velocidade, o que é bom para quem só gosta daquelas que têm bonecos.
Audiobooks
Ora aqui está um pequeno problema. Como o Kobo não tem colunas, somos forçados a emparelhá-lo por Bluetooth a uma coluna ou a uns auscultadores. O processo é simples. O que já não é simples é aceder aos audiobooks, aliás, o processo de encontrá-los e baixá-los é complicado e irritante. Como não quero pagar uma mensalidade, não acedo aos que estão na livraria, onde tudo deve correr às mil maravilhas APÓS a mais recente actualização de software.
O problema é que eu quero fazer upload dos meus audiobooks, e por muito que tente, não consigo. Não sei se estou a fazer alguma coisa mal, mas é o mais certo. E se a Kobo tem uma secção própria, é porque lá estão.
Esta é das funções mais apelativas do Kobo, poder metê-lo no bolso para uma caminhada e ir ouvindo a história, portanto é um tema que me é sensível. Será que tenho mesmo de pagar para ouvir? Vou ainda continuar a experimentar. E sabem porquê? É continuar a ler.

Drag & Drop versus Dropbox
No início temos de criar uma conta na dropbox da própria RakutenKobo que é o meio básico e eficaz para lá inserirmos os conteúdos que depois serão transferidos para o Kobo através da ligação USB-C. O Kobo comporta-se como um disco rígido externo e, portanto, também permite outra solução que é o drag&drop e que comecei a usar imediatamente depois de ter entendido que o podia fazer.
Há uma razão: o próprio sistema da Rakuten é mais lento e complexo, podendo ser apenas ideal para o download de livros comprados na própria loja ou no catálogo da Leya e nos demais desse mundo fora.
Mas como também gosto de ler outro tipo de artigos, a maior parte em PDF, é tão mais simples o sistema D&D que passou a ser o meu favorito.
E este é um dos grandes pontos a favor do Kobo libra 2.

A qualidade do ecrã
Outro ponto a favor, é o maravilhoso ecrã, sempre com o mesmo tom, sem sombras ou falhas, com temporizador e controlo de temperatura de cor, tem tudo o que precisamos e em bom. É apenas fantástico.
É outra das magias que fez com que a quem mostrei um livro de dia ou à noite, com a luz do sol algarvio ou o pôr do sol em Lisboa ou mesmo no escuro do quarto, tudo é fantástico e não lhe estou a fazer nenhum favor.

Resumindo
Excelente design físico, ecrã de topo, possibilidades ilimitadas de personalização, botões físicos, aba de conforto, boa memória para muitos títulos e a possibilidade de reproduzir audiobooks. Ah, e em formato horizontal e vertical que é bem mais importante do que parece.
Tudo isto tem um preço, mas que considero justo porque, uma coisa é certa, desde que o tenho que já li dois livros que não iria ler porque não os transportaria e porque este sistema é demasiado convidativo para ficar fechado em casa.
Ah, e posso dobrar a folha onde estou sem machucar o papel… e quem me conhece sabe que tenho TOC em relação a isso.

Preço: 189,99€ com oferta de subscrição Leya para três meses
Tem de levar o raro selo de qualidade e aprovação Xá das 5.

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