Fui um dos felizardos por poder usufruir diariamente de um Samsung Galaxy S21 Ultra durante um punhado de semanas, tantas que me transformaram num azarado, pois o dia que o tive de devolver à proveniência foi um daqueles tristes, azarados, doridos e inesquecíveis.
Afinal, o S21 Ultra não era meu mas parecia que já fazia parte do ADN, tais as capacidades gerais que me serviram mas, e acima de tudo, de alguns elementos fenomenais que me ajudaram.
Não é um smartphone para todos e, atenção, esta declaração nem tem a ver com o preço. Em relação a isso, não compreendo como é que tanto português anda no bolso sempre com o último modelo iPhone, sabendo que custa três ordenados, mais ou menos como este Ultra. É um smarphone para gente crescida e que trabalha afincadamente por e com ele.

Este Samsung é para quem sabe o que quer fazer com um instrumento sólido, eficaz e extraordinariamente competente em bastantes áreas.
Temos um ecrã de 6,8” Dynamic Amoled, 12GB de RAM, 256/512 de memória (por 50 euros vale a pena optar pela máxima), One UI 3.1 com Android 11, Samsung Pay, Samsung DeX, enfim, todos os mimos da marca.

Finalmente, o Exynos compara-se com o Snapdragon
Este sempre foi um dos “defeitos” dos modelos Galaxy à venda na Europa, que são equipados com processadores Exynos que até agora não conseguiam obter o mesmo potencial dos Snapdragon que equipam os mesmos modelos em outros mercados.
Mas eis que o novo Exynos 2100 é comparável ao novo Snapdragon 888, o topo de gama que equipa os, enfim, modelos de topo de todas as restantes marcas.
Conflito entre gerações
Se não fiquei fã do Galaxy S20 Ultra, muito devido aos problemas de câmara e do autofoco, esses foram totalmente ultrapassados pelo S21 Ultra. Portanto, a marca soube ouvir as críticas, principalmente de quem lhas faz ao ouvido (o que acontece nas apresentações Hands On e demais análises), melhorou o que estava mal e apostou numa política que pode chocar alguns mas que, para quem realmente é geek sem ser nerd, são coisas de somenos importância.

O choque
Em primeiro lugar, os novos S21 chegam ao mercado mais baratos que os S20. Choque! Mas a marca conseguiu o milagre graças a optar por “emagrecer” certos requisitos técnicos, como a qualidade do ecrã e a tampa de Glasstic no modelo básico, menos RAM e etc. Mas este é o Ultra e não há cá essas opções.
O ecrã é fantástico com taxa de refrescamento de 120Hz feita de modo automático, o sensor ID está maior e mais rápido, o reconhecimento facial está, pelos dias pandémicos, complicado de se gerir fora de casa, por isso é bom que a impressão digital funcione mesmo bem.
O design, já mencionei na análise ao Samsung S21 Plus (podem ler aqui), está muito conseguido, com a secção da câmara a fazer parte quase orgânica do resto do corpo, muito bem feito, com um pormenor notável e qualidade de construção assinalável.

Os choques
Os novos S21 aguentam poeiras e alguma água, visto que têm certificação IP68, mas o que mais me fascinou foi a durabilidade e, graças ao vidro Gorilla Glass VICTUS, consegui entregar sem danos o seu a seu dono… mesmo após duas quedas em azulejo que poderiam ter feito estragos consideráveis (lembro-me que uma queda semelhante quebrou o vidro do Note 7 que tinha em mãos à altura do “gate”).
Kudos, Samsung, só por isto vale a pena o maior investimento.

As câmaras, esse factor plus
O S21 Ultra é um instrumento de trabalho, ponto final.
E as câmaras, a suíte criativa e a capacidade qualitativa estão preparadas e desenhadas para todas as situações habituais. Sim, até se tiram fotos à lua com Space Zoom de 50x (metade do x100 que equipava o S20 mas com a mesma valência), mas não se conseguem fazer macros como o novo Oppo Find X3, por exemplo.
Mas a qualidade é a característica imediata das quatro câmaras que fazem tudo bem.
Desde o zoom óptico (x3) coadjuvado pelo digital (x10), à riqueza da emoção permitida pelo destaque do sujeito e a profundidade de campo, à gama de cores muito rica, forte, pungente, tudo brilha neste Ultra.

Destaco ainda o Dual Pixel Autofocus na UltraWide o que consegue resultados fantásticos quando muito aproximados do objecto. Não chega a ser uma Macro, mas anda lá perto.
Equipar a objectiva principal com sensor por laser faz a grande diferença entre as gerações 20 e 21, e ainda temos a possibilidade manual de controlar tudo e mais alguma coisa para conseguir resultados realmente excepcionais.

A câmara frontal também apresenta uma evolução que pode agradar muito a quem a usa para vlogging ou essas vidas digitalmente artificiais: podemos escolher o tipo de tom da pele (e do conjunto) entre Natural e Luminoso. Enfim, vocês lá sabem.
Vídeo, finalmente uma câmara de bolso
Ok, a Samsung atira-nos à cara com a possibilidade de se filmar em 8K.
Sim, 8K num telefone…
Mas não se esqueçam de dois factores: um dos pontos negativos da gama S21 é não ter espaço para cartões de memória. Portanto, filmar em 8K só mesmo por alguns segundos.
Nesta qualidade também não temos estabilização OIS, o que é notório quando em movimento. Mas temo-la em 4K e, para além disso, a possibilidade de gravar 60 fps em qualquer objectiva, e em qualquer qualidade, não só na principal. Garanto que só isto faz diferença para qualquer profissional.
O modo Pro Video permite-nos fazer quase tudo o que uma câmara dedicada dispõe. E é todo um curso superior para conseguir sacar todo o potencial.

O bom, o mau e o vilão
Se a bateria (5000mAH) chega para a utilização diária de um harduser, como eu, há que mencionar o som stereo (by AKG) com alguma presença e que alegra quem gosta de ver filmes num ecrã tão “pequeno”. Mas não consigo entender a opção pela não presença da gaveta para cartão de memória, já para não mencionar a ligação minijack
É que se o S21 Ultra é um instrumento de trabalho, deveria estar totalmente equipado para tal. E essa falha é grande pois não me permite usar o USB-C para ligar um projector de luz, por exemplo, ao mesmo tempo que ligaria um microfone lavalier com emissor/receptor ao minijack.
E isto comicha! Ah, e não tem carregador. Enfim, modas.

O que mais me seduziu
Não vou mentir: o modo realizador é fantástico! Absolutamente fantástico! Permite criar conteúdos tipo entrevistas com uma qualidade fora do normal, ao dividir o ecrã em dois e gravar a imagem captada pela câmara selfie e pela câmara frontal (na qual ainda podemos decidir qual delas apenas com um toque no ecrã).
Faz também PiP, podemos escolher o canto onde colocar essa imagem e os microfones embutidos apontam direccionalmente, ou seja, para a frente (quem está a ser filmado) e para trás (quem filma).
Tem uma pequena curva de aprendizagem, mas os resultados são tão imediatos que, confesso, só por isto compraria o Galaxy S21 ultra (ou um dos S21).
Há também a conveniência de utilizar uma S Pen mais básica, mas que necessita de uma capa específica o que alarga em muito o tamanho do telefone.

Resumindo e concluindo
O Samsung Galaxy S21 Ultra é o melhor smartphone do momento.
Pelo menos, daqueles que experimentei. Fiquei mesmo rendido.

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